quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Romanos

1
1-7
Paulo ainda não conhece os cristãos de Roma. Por isso, apresenta-se com todos os seus títulos: servo, apóstolo e escolhido. Sua missão é anunciar o Evangelho, isto é, a Boa Notícia que Deus revela ao mundo, enviando Jesus Cristo para libertar os homens e instaurar o seu Reino. O centro desse Evangelho é, portanto, a pessoa de Jesus na sua vida terrena, morte e ressurreição, que o constituem Senhor do mundo e da história. A originalidade da missão de Paulo é conduzir os pagãos à obediência da fé, ou seja, uma submissão livre, que os faz viver de acordo com a vontade de Deus, manifestada em Jesus Cristo.
5
1-11
Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança na salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (VV. 1-5). Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (VV. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (VV. 9-11).
O termo “tribulação”, que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.
12-21
Paulo contrapões duas figuras, dois reinos e duas conseqüências: Adão-Cristo, pecado-graça; morte-vida. Adão é o único e a personificação da humanidade mergulhada no reino do pecado e caminhando para a morte; Cristo, o novo Adão, é início e personificação da humanidade introduzida no reino da graça e caminhando para a vida. Paulo não está interessado nas semelhanças entre Cristo e Adão. Ele os contrapõe apenas para  mostrar a supremacia de Cristo e do reino da graça sobre Adão  e o reino do pecado; pois o dom de Deus supera de longe o pecado dos homens.
6
1-11
Jesus foi morto por um sistema social injusto, pecaminoso e mortal. Mas Deus o ressuscitou para sempre, condenando assim o sistema que matou Jesus. Pela fé e o batismo, o cristão participa da morte e ressurreição de Jesus. Em outras palavras, cristão é aquele que passa por uma transformação radical: rompe com o sistema pecaminoso, gerador de injustiça e morte, e ressuscita para viver vida nova, que promova a justiça e a vida.
8
1-13
A libertação do homem foi realizada por Cristo não como ato vindo de fora, mas como obra que se realiza a partir de dentro. Cristo se encarnou, trazendo o Espírito de Deus para dentro da própria condição humana, que é dominada pelo egoísmo. Desse modo, o homem pode seguir a Cristo que passou da morte para a ressurreição, passando do egoísmo para a doação de si aos outros. A entrada do Espírito de Deus no homem, mediante Cristo, determina uma renovação pela qual o homem sente, pensa e age conforme a vontade de Deus. Em lugar da “lei dos instintos egoístas, surge a Lei do Espírito que dá a vida”. Trata-se de um novo dinamismo interior que, com a própria força de Deus, liberta o homem da tirânica “lei do pecado e da morte”. Em lugar do pecado ou egoísmo, que determina o ser e ação do homem, existe agora o Espírito ou o Amor; em lugar da morte , existe a vida. A unidade entre querer o bem e realizá-lo é recomposta. A situação desesperadora do homem é superada. Com isso, as relações sociais podem ser refeitas e a estrutura social injusta e opressora pode ser superada.
14-17
Contrapondo-se ao egoísmo, a ação do Espírito cria um novo tipo de relacionamento dos homens entre si e com Deus: a relação de família. Agora podemos chamar Deus de Pai, pois somos seus filhos. E isso é a base para as relações sociais compostas: o clima de família se alastra, porque todos são irmãos. A herança prometida por Deus aos “que são guiados pelo Espírito” consiste em participar do Reino. Mas isso implica a seriedade de um testemunho, como o de Jesus Cristo.
18-27
A luta contra o egoísmo é possível para aqueles que entram no âmbito do Espírito. Essa luta não terminou, mas está em contínuo processo: vivemos na esperança de conseguir a vitória final. Esse anseio é universal e se expressa nos clamores da natureza e do homem. A natureza espera ser libertada  do uso egoísta, para ser partilhada e colocada a serviço de todos. Os homens esperam ser libertos de toda exploração e opressão que escravizam seus corpos, a fim de sempre mais se projetarem gratuitamente a serviço dos irmãos. Entretanto, a salvação plena é uma realidade futura e inimaginável. Cegos pelo sistema egoísta, muitas vezes não conseguimos enxergar o caminho. É o clamor do Espírito que nos dirige, então, orientando-nos conforme a vontade de Deus.
28-30
O projeto eterno de Deus é predestinar, chamar, tornar justo e glorificar a cada um e a todos os homens, fazendo com que todos se tornem a imagem de seu  Filho e se reúnam como a grande família de Deus. O projeto não exclui ninguém. Mas o homem é livre: pode aceitar ou recusar tal projeto, pode escolher a vida ou a morte, salvar-se ou condenar-se.
31-39
Com o amor de Deus, manifestado em seu Filho, nada mais temos a temer: nem dificuldades, nem perseguições, nem martírio, nem  qualquer forma de dominação. Nada poderá desfazer o que Deus já realizou. Nada poderá impedir o testemunho dos Cristãos. E nada poderá opor-se à plena realização do projeto de Deus.
9
1-5
Nos capítulos 9-11, Paulo analisa a situação do povo de Israel, procurando responder à difícil questão: “Não é uma contradição o fato de que o próprio povo escolhido, portador da história da salvação, e se tenha  rejeitado Jesus e se tenha excluído da salvação?”Esse problema escandalizava judeus e pagão e comprometia o êxito do Evangelho.
6-13
Os privilégios ou promessas de Deus a Israel não falharam. O verdadeiro Israel, herdeiro das promessas. Não são os filhos carnais de Abraão, mas aqueles que têm fé, como ele teve. Além disso, Deus escolhe quem ele quer para colocar a seu serviço, a fim de assegurar a realização do seu projeto na história.
14-29
Neste texto não devemos procurar uma doutrina fatalista sobre a predestinação. Paulo apenas salienta os imprevisíveis chamados  de Deus, que age  soberanamente, escolhendo homens e povos como instrumentos de seu projeto. Ao escolher, Deus é soberanamente livre; não é obrigado nem a ter misericórdia nem a punir. Isso não quer dizer que Deus seja injusto. Um vaso reclama contra um oleiro? Os profetas anunciaram tanto a salvação dos pagãos como a eleição de Israel.
10
5-13
Não é preciso fazer grandes esforços (subir ao céu ou descer aos abismos) para conhecer a vontade de Deus,  porque Deus veio ao nosso encontro em Jesus Cristo. O Evangelho da salvação é acessível a todos sem distinção, e está pronto a ser acolhido, a fim de libertar o homem e conduzi-lo para a vida nova. Seu conteúdo fundamental é este: Jesus é o Senhor da vida, porque Deus o ressuscitou dos mortos. E esse anúncio supõe apenas que o homem acredite em Jesus, dê sua adesão a ele e o testemunhe na vida prática.
13
8-10
Na vida cristã a única tarefa que não tem limites é o amor, pois ele  não só resume tudo o que deve ser feito, mas é também o espírito com que deve ser feito. Como nos evangelhos, Paulo também ver o amor como a expressão perfeita de toda Lei.
15
1-6
Os cristãos mais conscientes não devem usar a sua força e prestígio para impor aos outros a própria opinião e consegui poderes sobre a comunidade. Não foi esse o modo de proceder de Jesus Cristo, que veio para servir e dar a vida. O respeito e o bem do outro são o maior sinal do cristão consciente.
7-13
O acolhimento mútuo no amor é o caminho para que as mentalidades diferentes não quebrem a união da comunidade. assim fez Cristo, que acolheu judeus e pagãos num só povo. Além disso, a comunidade não deve julgar que o fato de pertencer ao povo de Deus seja privilégio que a separa dos outros; antes, é fonte de responsabilidade, pois a vocação da comunidade é acolher todos como irmãos, testemunhando assim o projeto divino de reunir todos os homens.
16
25-27
O louvor exprime a alegria da Igreja que já vive o tempo que se realiza o mistério da salvação. (cf. nota em Ef 3, 1-13).





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