1
3-5
O novo nascimento pelo batismo é participação na vida de
Jesus ressuscitado. Trata-se de nascimento para outra vida e outra história,
dando aos cristãos esperança incomparavemente superior a qualquer outro ideal
humano. Assim como Deus havia concedido a herança da terra ao povo da antiga
aliança, também o povo da nova aliança recebe como herança a própria vida de
Deus.( cf. 2Pd 1, 4). O Cristão vive
impulsionado para a vida plena que está sempre em via de se manifestar.
6-9
A fé é compromisso permanente com Cristo, até a morte.
Cristo chegou a glória da ressurreição e da vida através de perseguições e
sofrimentos. O cristão segue o mesmo caminho: mediante o testemunho de vida em
meio as provas, pouco a pouco nele manifestou o próprio Cristo, que comunica a
alegria da ressurreição.
13-21
O texto apresenta o código cristão da santidade. Pela
conversão e batismo, o cristão começa uma vida nova que, por uma série de
motivos, exige constante empenho de santificação: imitação da santidade de Deus
que o chamou à fé; perspectiva do julgamento conforme as obras de cada um; o
caro resgate realizado por Jesus Cristo. O clima da vida cristã é apresentado
aqui como permanente conversão: de escravos do mundo das paixões, os cristãos
foram libertos por Cristo para serem filhos de Deus, que se reúnem formando
nova família. Para os que vivem num ambiente onde são discriminados, humilhados
e até perseguidos, essa é a base fundamental para que eles se sintam em casa e
possam enfrentar o clima hostil.
2
4-10
A situação dos imigrantes em terras estrangeiras é a mesma
de Jesus, que foi descartado pelos homens e como pedra inútil. Mas, como Jesus
ressuscitou e se tornou a pedra viva, do mesmo modo os cristãos menosprezados
se tornam pedras vivas que, unidas a Cristo, formam o templo vivo, onde todos
são sacerdotes, oferecendo os sacrifícios que são agradáveis a Deus, através da
própria vida. Agora, já não há outros entre Deus e seu povo: todos participam da
única mediação sacerdotal de Cristo. Os Cristãos não só tem uma casa, mas eles
mesmos são essa casa; são o verdadeiro povo que dá testemunho das obras
maravilhosas de Deus.
18-25
O ponto importante é que os cristãos devem sempre fazer o
bem, em qualquer condição, mesmo que para isso tenham de suportar sofrimentos.
Quando nem se pensava em abolição da escravatura, esta exortação mostra que
Deus não quer a escravidão. De fato, Pedro considera os sofrimentos como
injustos. Se na época era impensável deixar de ser escravo, torna-se claro que
essa submissão é feita por temor a Deus a exemplo de Jesus Cristo e não como
submissão servil aos patrões ( com todo temor se refere a Deus). A resistência
Cristã numa situação sem saída. Consiste em fazer o bem. Se aqui não há nenhuma
referência ao comportamentos dos patrões
é porque estes provavelmente, não fazem parte dos destinatários da carta. Já
vimos que se trata de gente fora da pátria e em situação de oprimidos.
3
13-17
Os sofrimentos de que fala a carta, não são aqueles
provindos de alguma doença ou de alguma perseguição programada pelo Estado. São
os sofrimentos originados da situação que se encontram os destinatários:
imigrantes sem direitos e, além disso, cristãos com projetos de vida diversos do ambiente em que
vivem. Com certeza eles já eram vistos como
subversivos e conspiradores. Por outro lado, tais sofrimentos não devem ser
suportados pelo sofrimento em si, mas com finalidade bem precisa; “por causa da
justiça”. Esse sofrimento é uma bem-aventurança (“felizes de vocês”), pois é
conseqüência do testemunho cristão.
18-22
Diante dos sofrimentos, o modelo sempre é a morte de Jesus,
através do qual se realizou o ato definitivo da salvação. Pedro compara duas
situações: o tempo de Noé e o tempo dos cristãos. No tempo de Noé, foi salvo um
pequeno grupo de justos, enquanto a maioria pereceu. Com a descida de Jesus à
mansão dos mortos, também eles tiveram que se confrontar com o Evangelho. No
tempo dos cristãos, igualmente existe um grupo menor de batizados (“salvo pela
água”), e a maioria ainda não se converteu. Agora, o testemunho dos batizados
deve fazer com que os não convertidos se confrontem com o Evangelho.
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