quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Primeiro João

1,8-2,2
A Igreja que se reconhece pecadora vive em farisaísmo, e conseqüentemente faz de Deus um mentiroso, tornando-o cúmplice dos pecados dela. Com efeito, a revelação mostra que Deus perdoa o pecado. E mais: Cristo entregou a sua própria vida para que os homens sejam libertados da injustiça e tenham a vida. É confessando os próprios pecados que a Igreja declara ao mundo a inocência e a justiça do Deus vivo.
3-11
O conhecimento de Deus se demonstra por uma prática concreta, isto é, quando a pessoa faz a vontade de Deus. Essa vontade foi revelada e concretizada em Jesus e consiste no mandamento novo, como é expresso em Jo 13,34-35. E é a prática do mandamento do amor que faz as pessoas e os grupos sociais saírem do próprio egoísmo e do isolamento, que geram a morte, para viverem as relações fraternas que geram a vida.
18-28
A revelação cristã que a salvação é um dom da vida que o Pai concede aos homens através de Jesus. Anticristo são aqueles que rejeitam Jesus como Cristo, isto é, como Messias e Salvador; desse modo rejeitam também o Pai, portanto, a própria vida. Cristãos verdadeiros são aqueles que aceitam Jesus como Salvador, e assim recebem a vida que vem do Pai. Jesus tinha anunciado que no fim dos tempos (período que vai da ressurreição de Jesus até o fim história) apareceriam anticristos, que procurariam desviar os fiéis (cf. Mc 13,22). Os cristãos, porém, não devem temer, porque receberam a unção do Espírito que mantém sempre viva neles a memória de Jesus e ensina os cristãos a encarnar Jesus Cristo em qualquer tempo e lugar (cf. Jo 14, 14-17). A comunidade cristã, portanto, é carismática: aseus membros receberam o Espírito que lhes ensina tudo sobre Jesus, e por isso eles não precisam depender de mediadores externos.
2,29-3,2
João começa novo tema: Deus é justo. Jesus Cristo manifestou inteiramente a Deus porque, através de sua vida, mostrou concretamente o que é a justiça divina. Do mesmo modo, quem pratica a justiça mostra que é filho de Deus justo, à semelhança de Jesus. Não basta ser batizado para ser filho de Deus: é preciso praticar a justiça. Essa realidade, porém, ainda está em crescimento, e só se realizará totalmente quando puderem contemplar toda a glória de Jesus Cristo. O mundo não reconhece o Deus justo, porque o princípio que rege a vida do mundo é a injustiça. Desse modo, o mundo considera como inimigos perigosos o Deus justo e seus filhos que revela a justiça.

3

11-24
O dom do Espírito nas pessoas a contínua memória e compreensão sobre a pessoa de Jesus (cf. Jo 14,26). É o Espírito, portanto, que gera fé em Jesus e fé é compromisso que produz vida nova. Essa vida, porém, não se traduz apenas por um conhecimento intelectual, mas pela prática do mandamento do amor, que não significa apenas amar com sentimento e com afeto, mas através de ações concretas que provocam a vida e a liberdade dos irmãos. A prática do amor não tem limites, pois devemos amar como Jesus amou: assim como ele foi até o fim dando sua vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. O Evangelho não pede que sejamos perfeitos para depois amar; pede-nos, sim, que amemos concretamente, certos de que Deus é maior do que a nossa consciência e compreende e perdoa todas as nossas imperfeições.
4
7-21
O centro da vida é a prática do amor. Esse amor testemunha concreta e visivelmente o conhecimento e a união que temos com Deus, com seu Filho e com o Espírito. De fato, Deus Pai torna-se conhecido pelos homens no ato de dar, por amor, o seu Filho ao mundo (Jo 3,16). O Filho é conhecido pela entrega de si mesmo, no amor, até o fim (Jo 13,1). O Espírito agora é memória do Pai e do Filho nos Cristãos, isto é, a própria vida no amor. A fé na Trindade é a teoria de uma prática que se expressa no amor concreto aos irmãos, a quem Deus ama. A incoerência fundamental seria afirmar uma fé na Trindade que não correspondesse à prática do amor. João deixa claro que o julgamento de Deus será feito sobre a prática do amor vivida ou não (cf. Mt 25, 31-46). Por isso, quem ama não teme o julgamento.
5
1-12
Todos nós buscamos a plenitude da vida; mas, onde se encontra? A Bíblia nos responde: Deus é vida plena e, graças ao seu amor por nós, ele deu a sua vida através de seu Filho encarnado. Os homens têm acesso à vida através da fé. E é a fé que acolhe o dom que Deus realiza em Jesus. É esta fé que faz experimentar desde já a vida eterna. Mas, o que é a fé? É o compromisso com o testemunho que Jesus deu desde o batismo (água) até a sua morte (sangue). E quem desperta esse compromisso é o Espírito, que nos faz recordar, compreender e viver esse testemunho de Jesus, que dissipa todo egoísmo, mentira e morte (vence o mundo).
13-17
Por que as vezes rezamos, e Deus não nos responde? João nos mostra que a oração não é meio para satisfazer nossos caprichos egoístas,  e sim meio de nos colocarmos dentro do projeto de Deus e pedimos a realização da sua vontade amorosa, que gera vida e liberdade. Por isso, o pedido fundamental para nós e para os outros é sempre "venha a nós o teu Reino".
Os cristãos pecam, porque continuam sujeitos à fraqueza humana. O "pecado que leva à morte" é a rejeição do projeto que Deus realizou através de Jesus Cristo, pois fora desse projeto o homem caminha para a morte.
18-21
Após um resumo da carta, João recomenda que os cristãos tenham cuidado com os ídolos. Para ele, ídolos são as pessoas, coisas, estruturas e projetos que produzem escravidão e morte e se apresentam como absolutos, pretendendo substituir o projeto de vida e liberdade que Deus realizou em Jesus Cristo.


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