1
1-3
Desde o início, Paulo já salienta o aspecto da unidade, que
é um dos temas fundamentais da carta: o único Senhor das igrejas é Jesus
Cristo.
4-9
A evangelização da comunidade de Corinto foi completa: ela
recebeu a riqueza do Evangelho e da sabedoria da vida Cristã. Este é outro tema
importante da carta. Resta à comunidade perseverar no testemunho de Jesus
Cristo até o fim.
17-31
O projeto de Deus é contrário aos projetos dos homens. Os
homens valorizam e dão lugar aos ricos, aos poderosos, aos intelectuais, aos que têm “status”,
beleza física, facilidade de expressão, etc. Consequentemente, desprezam e não
dão importância àqueles que não se encaixam nesses padrões. Deus, porém,
subverte a sociedade e os projetos humanos: para estabelecer e realizar os seus
projetos, ele se alia aos pobres, fracos e simples, porque estes não são
auto-suficientes e se abrem para Deus. É
na pobreza e fraqueza destes que Deus manifesta a sua força (cf. 2Cor 12,9).E a
manifestação máxima do poder e da graça de Deus é Jesus crucificado, pois a
cruz é símbolo da fraqueza, do fracasso e da vergonha, porque nela eram
executado os criminosos. A verdadeira comunidade cristã é a dos pobres: ela
está aliada à sabedoria do projeto de Deus; por isso, é portadora da novidade
que provoca transformações radicais.
2
1-16
Paulo se serviu de artifícios humanos para anunciar o
Evangelho aos coríntios. Pelo contrário, foi através da sua fraqueza que ele
anunciou o cerne do projeto de Deus: Jesus crucificado. Se os coríntios
chegaram a fé foi pelo Espírito que agiu neles através de Paulo. Os cristãos
que aprofundaram a fé possuem a verdadeira sabedoria, que consiste no seguinte:
Deus salva o mundo por meio de Jesus
Cristo. Esta compreensão da fé é obra do Espírito; o homem que só confia em sua
própria capacidade não consegue atingir essa compreensão.
3
5-17
Paulo se serve de duas imagens (campo e edifício) para
apresentar o verdadeiro agente de pastoral. Este é um servidor do projeto de
Deus concretizado em Jesus Cristo e que consiste em reunir os homens do compromisso de fé com Jesus,
cuja ação devem continuar. Se os agentes de fato servem a Cristo, nunca se
contradizem. O sucesso não deve levar o agente à vanglória, pois o projeto não
é seu; a eficácia vem de Deus, que também dá as aptidões e capacidades. A
responsabilidade é grande, pois o agente deverá prestar contas ao próprio Deus,
que provará quanto vale a obra de cada um.
4
6-13
Paulo ironiza a comunidade que i,agina ter seguido a maturidade de cristã. Ao orgulho, ele contrapõe a condição dos apóstolos perseguidos, para lembrar à comunidade que o Reino ainda não está realizado e que a Igreja vive sob o signo da cruz.
6
12-20
Paulo enfrenta uma falsa concepção de liberdade,
extremamente permissiva em questões de vida sexual. Como princípio, ele
salienta que nem tudo convém à condição cristã. Em outras palavras: o cristão
deve saber discernir o que leva ao crescimento e à realização da pessoa humana.
Uma vez que foi resgatado por Cristo para viver a liberdade, ele não deve
deixar-se escravizar de novo, nem mesmo pelo próprio corpo, muitas vezes
injuriando o próprio corpo.
7
25-35
Para a Igreja primitiva era eminentes o fim do mundo e a
manifestação final e gloriosa de Jesus (VV. 29.30). É nessa perspectiva que podemos
compreender muitos conselhos referentes ao matrimônio, ao celibato e a
virgindade: se o fim está próximo, para quer se casar e ter filhos? Na visão de
Paulo, a virgindade é vista como dom total da própria vida ao Senhor, como
maneira de empenhar-se totalmente no testemunho do Evangelho. Jesus já
destacava a grandeza do celibato na consagração radical a Deus e ao Reino, mas
sem o impor (cf. Mt 19,10-12).
9
15-27
Paulo não reivindica nenhum direito. Não considera seu
ministério como profissão, da qual poderia tirar proveito e prestígio, mas como
missão, na qual o Senhor o empenhou pessoalmente. Paulo vive a liberdade
radical, que o leva a tornar-se disponível e solidário para com todos.
Usando as imagens do atletismo e do pugilato, Paulo
incentiva os cristãos a lutarem pela fé; e isso não pode ser feito sem séria
disciplina.
10
1-13
Paulo faz uma releitura do AT, mostrando que a história é um
exemplo e instrução para a comunicação
cristã, que vive a etapa final dessa mesma história (v. 11). Segundo tradições
dos rabinos, a rocha golpeada por Moisés (cf. Nm 20,1-13) seguia os hebreus
para providenciar-lhes água. Essa interpretação é aqui usada para dizer que
Cristo conduz o povo desde o tempo do Êxodo. O comportamento dos hebreus
daquele tempo torna-se advertência para que os cristãos se mantenham fiéis,
confiando no apoio de Deus.
23-11,1
A interpretação individualista da liberdade não é cristã. O
livre agir do cristão está submetido a valores maiores: a solidariedade
comunitária e a responsabilidade pelo crescimento e amadurecimento comum de
todos. Para atingir esses valores é que existe a liberdade.
A auto-suficiência e o fechamento egoísta criam uma falsa
liberdade. E a liberdade cristã consiste em viver como filho de Deus e irmão
dos outros. Dar glória a Deus é reconhecer que só Deus é absoluto. Ser irmão
dos outros é viver a solidariedade para crescer junto. Paulo se apresenta como
modelo a imitar, pois tem consciência de ser o “Evangelho vivo”, isto é, de
viver na sua vida o próprio comportamento de Jesus.
12
4-11:
A Trindade é a base sobre a qual a comunidade se constrói: nesta,
toda a ação provém do Pai, todo serviço provem de Jesus e todos os dons
(carismas) provêm do Espírito. Cada pessoa na comunidade recebe um dom, ou
melhor, é um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e
fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de
todos como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e
sacramento da ação, serviço e dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Paulo
enumera apenas os carismas de direção e ensino. A lista não é completa, pois
cada pessoa é um carisma para a comunidade toda.
12-31
A imagem do corpo é usada para falar da unidade, diversidade e
solidariedade que caracterizam a comunidade cristã. Esta é una, porque forma o
corpo de Cristo, dado que todos receberam o mesmo batismo e o mesmo Espírito,
que produzem a comunhão e a igualdade fundamental. Contudo, as pessoas são
diferentes entre si; cada uma com sua originalidade contribui, de maneira
indispensável, para a construção e
crescimento de todos; portanto, não há lugar para complexos de superioridade ou
inferioridade. O cimento da vida comunitária é a solidariedade, que faz todos
voltar-se para cada um, principalmente para os mais fracos e necessitados,
partilhando os sofrimentos e alegrias.
13
1-13
O caminho que ultrapassa a todos os dons e ao qual todos os
membros da comunidade devem aspirar é o amor. “Deus é amor” (1Jo 4,8), Jesus é
o enviado do amor (Jo 3,16), e o centro do Evangelho é o mandamento do amor (Mc
12,28-34), que sintetiza toda a vontade de Deus (Rm 13,8-10). O amor é a fonte
de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva a pessoa a
discernir as situações e a criar gestos oportunos, capazes de responder
adequadamente aos problemas. Os outros dons dependem do amor, não podem
substituí-lo, e sem ele nada significam. O amor é a força de Deus e também a
força da pessoa aliada a Deus. É a fortaleza inexpugnável que sustenta o
testemunho cristão, pois “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
O amor é eterno e transcende tempo e espaço, porque é a vida do próprio Deus,
da qual o cristão já participa. ´?e maior do que a fé e a esperança, que nele
estão contidas.
15
1-11
A certeza da fé cristã se baseia num fato: a ressurreição
de Cristo. Paulo recorda o ensinamento tradicional da igreja, e o confirma
enumerando as testemunhas que viram Cristo ressuscitado. Encontramos aqui os
traços principais do Credo e, ao mesmo tempo, o mais antigo testemunho escrito
sobre o ensinamento primitivo da igreja a respeito das aparições de Jesus
Cristo.
20-28:
Dois estados da humanidade se opõem: o pecado e a morte, dos quais
Adão é o símbolo; a graça e a vida, realizadas em Cristo (cf. Rm 5,17-21). A
partir do pecado, existem na sociedade forças e estruturas que invertem o
destino humano, desagregando, pervertendo, e até mesmo levando os homens à
morte. Cristo foi morto por esta estrutura, mas Deus o ressuscitou e lhe deu
poder de destruí-las. Após vencer essas forças, também a morte será vencida;
então o triunfo será definitivo. Unida a Cristo, a humanidade estará de novo
submetida a Deus e o Reino de Deus se manifestará completamente.
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