1
1
Todo o Evangelho de Marcos é o começo da Boa Notícia que
Deus dirige aos homens. Ela continua, em todos os tempos e lugares através
daqueles que seguem a Jesus.
2-8
A pregação de João Batista é grande advertência. Ele anuncia
a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. É preciso está
preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la.
9-11
O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia
entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de
Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o
Reino de Deus através do serviço, como servo de Javé (Is 42,1-2).
12-13
A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das forças do mal que escravizam os homens. E Deus o sustentará nessa luta.
12-13
A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das forças do mal que escravizam os homens. E Deus o sustentará nessa luta.
14-15
São as primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave
para interpretar toda a sua atividade. Cumprimento: em Jesus, Deus se entrega
totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir. O Reino é o amor de
Deus que provoca transformação radical da situação injusta que domina os
homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a
ação de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa
Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele.
16-20
O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a
todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão;
Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as inseguranças
que possam impedir o compromisso com uma ação transformadora.
21-28
A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de
pensar e de agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas
e sistemas etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de
Jesus é fazer o homem voltar a consciência e à liberdade. Só assim o homem pode
segui-lo.
Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo,
mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com
autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus
interpreta as Escrituras de modo superior a toda cultura dos doutores das Lei.
29-34
Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos
do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios
reconhecem que é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça p
domínio que eles têm sobre o homem.
35-39
O deserto é ponto de partida para a missão. Aí Jesus
encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a
tentação: Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É
o primeiro diálogo com os discípulos, e
já se nota tensão.
40-45
O leproso era marginalizado, devendo viver fora da cidade,
longe do convívio social, por motivos higiênicos e religiosos (Lv 13, 45-46).
Jesus fica irado contra uma sociedade que produz a marginalização. Por isso, o
homem curado deve apresentar-se para dar testemunho contra um sistema que não
cura, mas só declara quem pode ou não participar da vida social. O
marginalizado agora se torna testemunho vivo, que anuncia Jesus, aquele que
purifica. E Jesus está fora da cidade, lugar que se torna o centro de nova
relação social: o lugar dos marginalizados é o lugar onde se pode encontrar
Jesus.
2
1-12
Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto a raíz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si.
13-17
Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque cobravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus.
18-22
O jejum caracterizava o tempo de espera. Mas esse tempo já terminou. Chegou a hora da festa do casamento, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e os homens. A atividade de Jesus mostra que o amor de Deus vem para salvar o homem e não para manter as estruturas que sugam o homem. A novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Jesus não veio para reformar; ele exige mudança radical.
23-28
O centro da obra de Deus é o homem, e cultuar a Deus é fazer o bem ao homem. Não se trata de estreitar ou alargar a lei do sábado, mas de dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre os homens. Porque só é bom aquilo que faz o homem crescer e ter mais vida. Toda lei que oprime é lei contra a própria vontade de Deus, e deve ser abolida.
2
1-12
Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto a raíz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si.
13-17
Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque cobravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus.
18-22
O jejum caracterizava o tempo de espera. Mas esse tempo já terminou. Chegou a hora da festa do casamento, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e os homens. A atividade de Jesus mostra que o amor de Deus vem para salvar o homem e não para manter as estruturas que sugam o homem. A novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Jesus não veio para reformar; ele exige mudança radical.
23-28
O centro da obra de Deus é o homem, e cultuar a Deus é fazer o bem ao homem. Não se trata de estreitar ou alargar a lei do sábado, mas de dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre os homens. Porque só é bom aquilo que faz o homem crescer e ter mais vida. Toda lei que oprime é lei contra a própria vontade de Deus, e deve ser abolida.
3
1-6
Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Ao mesmo tempo, partidos que eram inimigos entre si reúnem-se para planejar a morte desse profeta: afinal, ele está destruindo a ideia de religião e sociedade que eles tinham.
7-12
Jesus se retira, mas atrai a multidão de todos os lugares. Ele acolhe o povo, mas também toma distância. O projeto de Jesus não pode ser atrapalhado por um assistencialismo que só atende às necessidades imediatas. É preciso destruir pela raiz as estruturas injustas; estas é que produzem todo tipo de necessidades na vida do povo.
13-19
Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novo povo. A missão desse grupo compreende três atitudes: comprometer-se com Jesus (estar com ele) para anunciar o Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios).
20-30
Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Ao mesmo tempo, partidos que eram inimigos entre si reúnem-se para planejar a morte desse profeta: afinal, ele está destruindo a ideia de religião e sociedade que eles tinham.
7-12
Jesus se retira, mas atrai a multidão de todos os lugares. Ele acolhe o povo, mas também toma distância. O projeto de Jesus não pode ser atrapalhado por um assistencialismo que só atende às necessidades imediatas. É preciso destruir pela raiz as estruturas injustas; estas é que produzem todo tipo de necessidades na vida do povo.
13-19
Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novo povo. A missão desse grupo compreende três atitudes: comprometer-se com Jesus (estar com ele) para anunciar o Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios).
20-30
Em Jesus está presente o Espírito Santo, que o leva a missão
de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de estar “possuído
por um espírito mau.” Tal acusação é pecado sem perdão. Para os acusadores, o
bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e tiram
proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus.
31-35
Enquanto a família segundo a carne está “fora”, a família
segundo o compromisso da fé está “dentro”, ao redor de Jesus. Sua verdadeira
família é formada por aqueles que realizam na própria vida a vontade de Deus,
que consiste em continuar a missão de Jesus.
4
1-9
Apesar de todos os obstáculos, o semeador realiza seu trabalho, confiando na colheita que vai ter, Jesus também: apesar de todas as reações, obstáculos e incompreensões, sua missão chegará ao fim e será bem sucedida.
10-12
As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso "estar dentro", seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam "por fora", e nada podem compreender.
13-20
A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus (contada pela palavra do Evangelho) tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele.
21-25
A libertação iniciada por Jesus não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todos. Quem acolhe a Boa Notícia, aprende a ver e agir de acordo com a visão e a ação de Jesus. E a compreensão vai aumentando à medida que se age. Quem não age, perde até mesmo a pouca compreensão que já tem.
26-29
Apesar de todos os obstáculos, o semeador realiza seu trabalho, confiando na colheita que vai ter, Jesus também: apesar de todas as reações, obstáculos e incompreensões, sua missão chegará ao fim e será bem sucedida.
10-12
As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso "estar dentro", seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam "por fora", e nada podem compreender.
13-20
A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus (contada pela palavra do Evangelho) tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele.
21-25
A libertação iniciada por Jesus não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todos. Quem acolhe a Boa Notícia, aprende a ver e agir de acordo com a visão e a ação de Jesus. E a compreensão vai aumentando à medida que se age. Quem não age, perde até mesmo a pouca compreensão que já tem.
26-29
A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da
transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e
produz fruto de maneira imprevisível e irresistível.
30-34
Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de
Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela
crescerá, até atingir o mundo inteiro.
35-41
Jesus atravessa com os discípulos para a terra dos pagãos. O
mar agitado é símbolo das nações pagãs que ameaçam destruir a comunidade
cristã. Mas Jesus é o Senhor da história e dos povos. O medo dos discípulos é
sinal da falta de fé: eles não conseguem ver que a ação de Jesus transforma as
situações.
5
1-20
A atitude dos que pedem que Jesus vá embora é a mesma de uma sociedade que valoriza mais a posse dos bens do que a libertação dos alienados e escravizados. Em primeiro lugar, Deus quer que o homem viva. A sociedade que põe qualquer coisa acima da vida humana é sociedade que rejeita Jesus.
21-43
Toda mulher menstruada e sofrendo corrimento de sangue, era considerada impura (Lv 15, 19, 25), e impuros ficavam também os que fossem tocados por ela. a fé em Jesus faz que essa mulher viole a Lei e seja curada. a missão de Jesus é restaurar os homens na vida total: não só libertá-los da doença que os diminui e exclui do convívio social, mas também salvá-los da morte, que os exclui da vida antes do tempo.
5
1-20
A atitude dos que pedem que Jesus vá embora é a mesma de uma sociedade que valoriza mais a posse dos bens do que a libertação dos alienados e escravizados. Em primeiro lugar, Deus quer que o homem viva. A sociedade que põe qualquer coisa acima da vida humana é sociedade que rejeita Jesus.
21-43
Toda mulher menstruada e sofrendo corrimento de sangue, era considerada impura (Lv 15, 19, 25), e impuros ficavam também os que fossem tocados por ela. a fé em Jesus faz que essa mulher viole a Lei e seja curada. a missão de Jesus é restaurar os homens na vida total: não só libertá-los da doença que os diminui e exclui do convívio social, mas também salvá-los da morte, que os exclui da vida antes do tempo.
6
1-6 a.
Os conterrâneos de Jesus se escandalizam: não querem admitir
que alguém como eles possa ter sabedoria superior à dos profissionais e realize
ações que indiquem uma presença de Deus. Para eles, o empecilho para a fé é a
encarnação. Deus feito homem, situado num contexto.
6b-13
Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus:
pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar
a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar
conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem
transformações.
14-29
A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.
14-29
A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.
30-44
Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes,
Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. Marcos não diz que Jesus
ensina, mas o grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é
preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente
dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova
sociedade, onde o comércio é substituído
pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é
preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda
sobra muita coisa.
45-56
O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus ("Eu Sou"_ cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.
45-56
O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus ("Eu Sou"_ cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.
7
1-13
Jesus desmascara o que está por trás de certas práticas apresentadas como
religiosas. E toma um exemplo concreto referente ao quarto mandamento. Corbã
era o voto, pelo qual uma pessoa consagrava a Deus os próprios bens,
tornando-os intocáveis e reservados ao tesouro do Templo. Aparentemente Deus
era louvado, mas na realidade os pais ficavam privados de sustento necessário,
enquanto o Templo e os sacerdotes ficavam ainda mais ricos.
14-23
O que vem de fora não torna o homem pecador, e sim o que sai
do coração, isto é, da consciência humana, que cria os projetos e dá uma
direção às coisas. Jesus anuncia uma nova forma de moralidade, onde os homens
podem relacionar-se entre si na liberdade e na justiça. Com isso aboliu a lei
sobre a pureza e impureza. (Lv 11), cuja a interpretação era o fundamento de
uma sociedade injusta, baseada em tabus que criavam e solidificavam diferença
entre as pessoas, gerando privilegiados e marginalizados, opressores e
oprimidos.
8
27-33
A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão
de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é
Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito,
reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de
Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e
repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade
injusta, onde há riscos á custa de pobres e poderosos á custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus,
antes que ele destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e
triunfante.
34-38
A morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos.
Quem quer seguir a Jesus esteja dispostos a se tornar marginalizado por uma
sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus:
morrer como subversivo (tomar a cruz).
9
1-13
A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal de Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.
30-37
A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal de Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.
30-37
Os discípulos não compreendem as consequências que a ação de
Jesus vai provocar, pois ainda concebem uma sociedade onde existem diferenças
de grandeza da nova sociedade não se baseia na riqueza e no poder, mas no
serviço sem pretensões e interesses.
38-41
Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne
seita fechada e monopolizada da sua missão. Toda e qualquer ação que dasaliena
o homem é parte integrante da missão de Jesus.
42-50
Pequeninos são os pobres e fracos que operam confiantes uma
sociedade fraterna e igualitária. Eles ficariam
escandalizados se os seguidores de Jesus andassem à busca
de poder e formassem casta privilegiada. Isso seria trair a missão de
Jesus, mal que deve ser cortado pela
raiz.
10
1-12
Jesus recusa ver o matrimônio a raiz de permissões ou
restrições legalistas. Ele reconduz o matrimônio ao seu sentido fundamental:
aliança de amor, como tal, abençoada por Deus e com vocação de eternidade.
Diante desse princípio fundamental, marido e mulher são igualmente responsáveis
por uma união que deve crescer sempre, e os dois se equiparam quanto aos
direitos e deveres.
13-16
Aqui a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela
perfeição moral.Ela é o símbolo do ser
fraco, sem pretensões sociais: é simples, não tem poder nem ambições.
Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada,
não tinha nenhuma significação social. A criança é, portanto, o símbolo do
pobre marginalizado, que está vazio de sim mesmo, pronto para receber o Reino.
17-31
Para entrar no Reino (ou vida eterna) é preciso mais do que
observar leis ou regras. O Reino é dom de Deus aos homens, e nele tudo deve ser
partilhado entre todos. Isso significa repartir as riquezas em vista de uma
igualdade, abolindo o sistema classista. É por isso que os ricos ficam triates
e dificilmente entram no Reino. E o que acontece quando a gente deixa tudo para
seguir a Jesus e continuar o seu projeto? Encontra nova sociedade, embora em
meio a perseguição, e já vive a certeza da plenitude que virá.
32-45
Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua
vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando
discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única
coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser
servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de
poder, mas a qualificação para serviço que se aproxime na entrega de si mesmo
para o bem comum.
46-52
O último milagre de Jesus é uma cura significativa. Ele não
abre apenas os olhos do cego, mas também o coração.E o cedo curado reconhece
Jesus como o Messias (filho de Davi). E, com mais coragem do que Pedro (8,32) e
do que o homem rico (10,22), segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo,
Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo.
12
13-17
O imposto era o sinal da dominação romana; os fariseus a
rejeitavam, mas os partidários de Herodes a aceitavam. Se Jesus responde “sim”,
os fariseus o desacreditarão diante do povo;
se ele diz “não”, os partidários de Herodes poderão acusá-lo de
subversão. Mas Jesus não discute a questão do imposto. Ele se preocupa é com o
povo: a moeda é “de César”, mas o povo é “de Deus”. O imposto só é justo quando
reverte em benefício do bem comum. Jesus condena a transformação do povo em
mercadoria que enriquece e fortalece tanto a dominação interna como a
estrangeira.
18-27
Jesus desmoraliza os saduceus, apresentando a carne das
Escrituras: Deus é o Deus comprometido com a vida. Ele não criou ninguém para a
morte, mas para a aliança consigo para sempre. A vida da ressurreição não pode
ser imaginada como a cópia do podo de vida deste mundo.
28-34
Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato
único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo,
porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem
desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si
mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de
submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens,
levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade de
cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus.
38-40
Jesus critica os intelectuais de classe dominante, que
transformam o saber em poder, aproveitando-se da própria situação para viverem
ricamente a custa das camadas mais pobres do povo. Disfarçando tal exploração
com orações, isto é, com motivo religioso, tornam-se ainda mais culpados.
41-44
Enquanto os doutores da Lei “exploram as viúvas e roubam
suas casas”, uma viúva pobre deposita no Tesouro do Templo “tudo o que possuía
para viver”. É o único fato positivo que Jesus vê em Jerusalém. Por isso
proclama solenemente esse gesto (“eu garanto a vocês”), em contraposição à
solenidade ostensiva dos ricos. Mostra, assim, o significado dessa oferta: as
relações econômicas que devem vigorar numa sociedade que crê em Deus são as
relações de doação total, que deixam as próprias seguranças, e não as relações
baseadas no supérfluo.
13
1-8
Jesus
anuncia a destruição do Templo de Jerusalém, acontecida no ano 70, e as
batalhas que se verificaram entre os anos 66 e 70. O Templo era o símbolo da
relação de Deus com o povo escolhido. Jesus salienta que o fim de uma instituição
não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens.
24-27
A queda de
Jerusalém manifesta e antecipa o julgamento com que Deus acompanha toda a
história, e que se consumirá ao fim dos tempos. O filho do Homem é Jesus que,
pela sua morte e ressurreição, testemunhadas pelos discípulos, irá reunir todo
povo de Deus (cf. Dn 7,13-14).
28-37
Somente agora Jesus responde a pergunta dos discípulos (v.
4). Mas, mas em vez de dizer “quando” ou “como” acontecerá o fim, ele indica
apenas como o discípulo deve se comportar na história. A tarefa do discípulo é
testemunhar sem desanimar, continuando a ação de Jesus. A espera da plena
manifestação de Jesus e o mundo novo por ele prometido impede, de um lado, que
o discípulo se instale na situação presente; de outro, evita que o discípulo
desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável.
15
1-15:
Sob a dominação romana, o Sinédrio podia condenar à morte,
mas não podia executar a sentença. Por isso, Jesus é entregue ao governador
romano, sob a falsa acusação de ser subversivo político que pretende retomar o
reino judaico contra a dominação romana. O processo diante de Pilatos é também
uma grande farsa dominada pelos interesses de ambas as autoridades.
Jesus ou Barrabás?
Pilatos prefere Jesus, porque não o vê como perigo para a autoridade
romana; além disso, desconhece o alcance do projeto de Jesus. As autoridades
dos judeus sabem muito bem que Jesus é mais perigoso para a estrutura interna
do país do que Barrabás (zelota). A multidão fica do lado das suas autoridades,
porque depende delas e porque agora estão enfrentando a autoridade estrangeira.
Pressionado, Pilatos defende seu próprio prestígio e entrega Jesus a multidão.
Barrabás torna-se uma peça no jogo de interesses entre as duas autoridades;
Jesus não participa da farsa e é condenado. Se ele fosse solto estaria negando
todo o seu projeto.
16-20:
Os soldados revestem Jesus com todos os sinais do poder (púrpura, coroa, adoração). Mas,
somente despojado desse poder (“vestiram-no de novo com as próprias vestes
dele”) e fora do sistema defendido por esse poder (“e o levaram para fora”), é
que o Rei poderá dar a própria vida para
salvar o seu povo.
21-32:
Jesus está completamente só. Seu corpo poderoso é reduzido a
fraqueza extrema. Contudo, ele até o fim permanece consciente da sua entrega, e recusa a bebida entorpecente. A
inscrição, com o motivo da sentença, inaugura na história o tempo da realeza
que não oprime, mas que dá a própria vida. As caçoadas revelam a verdadeira
identidade de Jesus: ele é o novo Templo e o Messias-Rei que não age em vista
de seus próprios interesses.
33-41:
No ápice do abandono, as situações imediatamente se
invertem. A cortina do Templo símbolo de um sistema
econômico-político-religioso, se rasga: é a pruptura total entre o projeto de
Jesus e a estrutura dos projetos deste mundo. A exclamação do oficial romano
marca também outra ruptura: os pagãos que adoram os poderosos deste mundo
começam a reconhecer que Jesus é o Filho de Deus. No momento do aparente
fracasso total, o Evangelho de Marcos atinge o seu ponto culminante,
desvendando definitivamente a identidade de Jesus. As mulheres que acompanharam Jesus desde a Galiléia, já podem voltar, pois o serviço a Jesus vai
continuar.
16
9-20:
Este trecho difere muito do livro até aqui: por isso é
considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente
quiseram completar o livro de Marcos com
um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da
Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em
Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos
Apóstolos (1,4-14).
Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos
do Novo Testamento, o trecho reserva o pensamento de Marcos, isto é: os
discípulos devem continuar a ação de Jesus.
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