quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Ezequiel

2, 1-3,15
A expressão criatura humana mostra que o homem é um quase nada diante de Deus, é incaáz de lhe ver a transcendência e ouvir a sua voz. É preciso que o espírito ou força de Deus o coloque de pé, pronto para realizar a missão. Esta consiste em anunciar claramente a palavra que Deus transmite de modo misterioso.
A missão profética exige coragem, pois a palavra de Deus, que o profeta anuncia através de palavras humanas, poderá encontrar resistência, sofrer críticas e ser desacreditada. Não importa. Uma vez anunciada, cedo ou tarde a palavra será ocasião para a pessoa compreender a realidade e, talvez, mudar de vida.
3
16-21
O profeta é porta-voz da justiça de Deus. Isso o torna por obrigação, um conscientizador do povo. A justiça de Deus quer que todos tenham chance de perceber o erro e se converter para a vida. Calando, o profeta se torna conivente com a injustiça e sofre dela as mesmas conseqüências.
17
1-24
A fábula da águia (VV. 3-10) é uma espécie de adivinhação. Se os ouvidos não conseguem decifrar, quem propõe a história explica o que ela quer dizer. A explicação está nos VV. 12-21. O fato histórico deve ser conferido em 2Rs 24, 10-17. O profeta mostra que um país pequeno não deve recorrer às grandes potências. Não seria posição do realismo político: estará sempre na eminência de ser mascarado por uma dessas potências. Ezequiel parece ter a mesma visão de Jeremias: a submissão à Babilônia é irreversível, e qualquer qualquer tentativa de se opor causará ruínas ainda mais profundas. Os VV. 22-24 trazem uma visão de esperança: Javé, Senhor da história, é quem fará o povo ressurgir.
18
1-32
Ezequiel fala ao grupo de exilados que está na Babilônia. Por que foram exilados? A idéia  de moral grupal dizia que uma gestação acaba pagando por erros de gerações anteriores. Nesse modo de pensar os exilados estariam fatalmente pagando pelo acúmulo de erros dos antepassados. O profeta, porém, vai contra essa concepção, e demonstra o seguinte:
_ Cada pessoa e cada geração é responsável por sua conduta, tanto em nível individual como coletivo.
_ Cada pessoa e geração tem a possibilidade de  se converter, mudando completamente a orientação da própria vida.
Ezequiel não nega que uma geração possa sofrer conseqüências de atos da geração anterior. Embora a culpa seja das gerações anteriores, aquela que sofre as conseqüências deverá tomar posição e mudar o rumo dos acontecimentos.
33
1-9
Ao iniciar uma nova etapa de sua atividade, Ezequiel recorda a missão do profeta. Cf. nota em 3, 16-21.
34
11-16
Liberto das autoridades que dele abusam, o povo pode reconhecer que a verdadeira autoridade é o próprio Deus, que projeta liberdade e vida para todos. Desse modo, nasce um novo discernimento político: o povo aprende que só poderá construir uma sociedade justa e fraterna quando souber escolher governantes que façam do projeto de Javé o alicerce do seu próprio projeto.
17-22
Para construir uma sociedade justa e fraterna, não basta eliminar governantes injustos e substituí-los por governantes justos. A justiça deve penetrar todas as relações sociais, eliminando a exploração e opressão do povo por uma classe privilegiada.


37
1-14
É um dos trechos mais conhecidos de Ezequiel. A palavra profética, tal como a palavra criadora (Gn 1), convoca o espírito para libertar e restaurar a vida do povo de Deus, que tinha sido dominado, destruído e exilado. À primeira vista, tudo parece morto e sem esperança. Essa morte, porém, só acontece de fato quando o povo se deixa alienar, conformando-se com uma visão fatalista, que o torna passivo diante de sua própria história. Contudo, tomando consciência de sua dignidade, o povo começa a se reunir e a se organizar. Ergue-se, então, como grande exército e se põe a lutar para construir nova sociedade e nova história.
47
1-12
A presença de Deus no Templo torna-se o centro da vida que se espalha por toda a terra, a fim de transformá-la em paraíso. Quando o povo se compromete com o projeto da vida, não só os bens naturais se multiplicam para serem repartidos entre todos, mas também o povo se revitaliza, abrindo-se para repartir sua própria vida em clima de fraternidade. João retoma esta passagem para mostrar que a história tende para a realização plena da vida de Deus, repartida entre todos os homens (cf. Ap 22,1-5 e nota).



Nenhum comentário:

Postar um comentário