sexta-feira, 1 de julho de 2016

Segunda Carta a Timóteo

2
8-13
Timóteo é convidado a viver como testemunha da ressurreição. A seguir, é recordado um hino batismal(vv. 11-13): neste se afirma o compromisso com uma prática que seja coerente com a fé recebida.
3
1-17
Jesus anunciara perspectivas sombrias para os últimos tempos: os falsos messias se multiplicam, desviando as pessoas com doutrinas perversas (cf. Mt 24, 4-5.24). Paulo relembra esse aumento do mal que antecede o fim da história (cf. 2Ts 2,3-12). Segundo a lenda judaica, Janes e Jambres foram os chefes dos magos que se opuseram a Moisés na presença do Faraó (cf. Ex 7,8ss). Quem anuncia o Evangelho deve contar com a perseguição (cf. Mt 10,22; At 13, 1-14,28), permanecendo fiel à palavra de Deus contida na Sagrada Escritura: nela se encontra o alimento da fé e a força para o testemunho.

4
1-5
A missão dos apóstolos e pastores é, em primeiro lugar, anunciar o Evangelho, a fim de que os homens deixem a idolatria e sirvam ao único Deus vivo.
6-8
Diante da certeza do martírio, Paulo se compara a um atleta que recebe o prêmio da vitória: ele sabe que sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé.
9-18
Os últimos tempos de Paulo são tristes e solitários. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente do Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3º Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. At 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. At 15, 37-39). Mas o encontramos como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. 4,10).
6

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Zacarias

12,9-13,1

O primeiro ato exigido para a santificação é reconhecer Javé como único Absoluto (olhão para mim). Em seguida, reconhecer os pecados de idolatria cometidos. O "transpassado", aqui designa o próprio povo que, por seus pecados, sofreu a punição do exílio. Jo 19,27 aplica a Jesus essa imagem, por ter ele assumido os pecados de todos. O processo de purificação não é simplesmente um ato; é uma atitude, um processo contínuo, que exige a refontização da própria vida em Deus (fonte).

sábado, 12 de dezembro de 2015

Sofonias

2
1-3
O julgamento será uma destruição irreversível? Não! diz o profeta. Será um momento grave de chamada à conversão. Aqueles que oprimem e exploram o povo são intimados a se converterem (vv. 1-2). Os pobres, isto é, os que são oprimidos e explorados por uma estrutura baseada na idolatria do dinheiro, colocam sua confiança em Javé. Conforme o profeta, esses pobres são esperança de uma sociedade nova, baseada na fidelidade a Deus, único absoluto. Dessa forma, os pobres se tomam exemplo de conversão para a classe dirigente. Deus, portanto, inverte a situação: os grandes devem aprender com os pequenos poderosos com os fracos e os ricos com os pobres.


3
1-5
Quem traiu a Aliança foi toda a classe dirigente de Jerusalém (chefes, juízes, profetas e sacerdotes). Consequentemente, não há mais justiça, o direito é motivo de gozação, não há respeito pelo próximo. A infidelidade a Javé se manifesta pela decadência moral e social.
6-8
A ruína das nações deveria servir de lição para Jerusalém aprender que Javé julga com severidade as injustiças e opressões. Mas aconteceu justamente o contrário: dentro da cidade santa a corrupção aumentou cada vez mais. Por isso, agora, as nações servirão de instrumento para Javé fazer o julgamento contra Jerusalém.
9-20
Apesar da terrível perspectiva do Dia de Javé, Sofonias anuncia também a esperança: Javé salvará novamente o seu povo, a partir de um "resto" pobre e fiel. O projeto de Deus é sempre para a vida.
9-10
Jugando o seu próprio povo, Javé se torna reconhecido como o Senhor da história. Ao verem isso, as nações pagãs se converterão, serão perdoadas e servirão a Javé como único Deus. Este oráculo universalista é, provavelmente, de origem pós-exílica. 
11-13
O centro do projeto de Deus é a aliança com o povo pobre e fiel, germe de uma nova sociedade. Negativamente, ser pobre e fiel significa deixar a soberba e o orgulho, que levam o homem a cultivar a si próprio e a praticar a injustiça e a mentira; positivamente, significa abrir-se para Deus, praticando a justiça e a verdade. O ideal de pobreza, de que fala Sofonias, não é a miséria material, mas a abertura para o projeto de Deus, que traz vida e liberdade para o homem.
14-18a.
Este texto foi acrescentado no pós-exílio. Depois de terem voltado da Babilônia, os judeus iniciaram a reconstrução de Jerusalém. O autor ver nessa obra o perdão dos pecados anteriores e o início de uma nova era para Israel.
18b.-20
O exílio foi para Israel uma punição pelo pecado; punição que o envergonhou perante as outras nações. Javé, porem, o libertará e o reunirá novamente, refazendo a fama do povo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Segundo Samuel

1
1-27
Temos aqui uma versão sobre a morte de Saul (cf. 1Sm 31). O respeito de Davi por Saul e sua amizade com Jônatas fazem que as tribos do Norte o aceitem mais rapidamente como o rei (cf. 2Sm 5). A lamentação é provavelmente obra do próprio Davi e se apresenta como um dos mais antigos poemas da Bíblia.
2
1-7
Com a morte de Saul, Davi consegue a realeza sobre a tribo de Judá. Os vv. 5-7 mostram que ele procura, desde o início, ampliar o poder slém das fronteiras de sua própria tribo. 
8-32
Torna-se cada vez mais clara a oposição entre as tribos do Norte e a tribo de Judá. Com ela também a medição de forças entre Joab, partidária de Davi, e Abner, partidário da família de Saul. A intenção de Asael é, provavelmente, não perder de vista Abner, para que a tropa que vem atrás possa prendê-lo, desmoralizando o exército inimigo. O episódio mostra uma atitude de bom senso, pois os comodantes notam que se trata de uma luta entre irmãos. (vv. 26-27).
3
1-5
Aqui são nomeados somente os primogênitos de cada uma das esposas. Mais tarde, todos eles irão competir para suceder ao pai.
6-39
O episódio salienta mais uma vez a tática de Davi para conseguir o poder sobre todo o Israel: ele não quer usar a violência e o derramamento de sangue, mas o acordo pacífico. 
4
1-12
Isbaal tinha sido feito rei das tribos do Norte (cf. 2,9). Com sua morte, fica aberto para Davi o caminho para unificar todas as tribos e formar uma nação única. 
5
1-5
Davi colhe finalmente o fruto maduro de todos os seus esforços: a unificação das tribos sob sua chefia. E isso realizou-se conforme ele desejava: não atravéz da imposição, mas através do consentimento e pedido do povo. Termina aqui o Sistema das Tribos, e Israel começa a ser uma nação com regime monárquico. O pacto é uma espécie de contrato entre o rei e os representantes (anciãos) das tribos, regulando uma troca de deveres e direitos.Parte importante nessa transação é o compromisso mútuo: o povo se compadece a pagar o tributo; e o rei se compromete a defender o povo dos inimigos externos e a organizar a vida da sociedade de acordo com a justiça e o direito.
6-16
A escolha de Jerusalém como capital é um ato estratégico de Davi: tomando uma cidade que ainda não pertencia a Israel, ele evita possíveis ciúmes entre as várias tribos. O texto não fala propriamente de uma conquista. É provável que Davi tenha feito um pacto com a dinastia sacerdotal que governava a cidade: Davi seria o chefe político, e Sadoc, o chefe religioso (cf. 2Sm 8,17 e Gn 14).
17-25
Os filisteus se assustam com o crescente poder de Davi e tentam conservar os território as conquistados. Davi, porém, os encurrala cada vez mais à costa marítima. 
6
1-23
A arca era, por excelência, o sacramento da religião das tribos. Colocando-a em Jerusalém, Davi se serve da religião para consolidar politicamente o seu reinado. O episódio dos vv. 6-10, porém, mostra que a religião está acima da política e não pode ser manipulada por ela. Ao mesmo tempo o texto deixa claro que a sacralidade da arca não impede a expressão religiosa popular, em clima de alegria e festa. Deus não deixa se manipular,  por estruturas e instituições por melhores que sejam; mas está sempre perto da vida do povo. Participando da religiosidade popular, Davi está se comprometendo a conduzir o povo segundo o projeto de Deus.
7
1-17
Davi quer construir uma casa, isto é, um templo para Deus. Deus recusa, pois está presente no meio do povo que luta pela vida e liberdade. Em troca, é Deus quem vai construir uma casa, isto é, uma dinastia para Davi: o poder político estará sempre na mão de seus descendentes. O oráculo é sem dúvida um ato político que procura justificar e preservar o poder dinástico da família de Davi, principalmente o poder de Salomão. As tribos do Norte, porém, vão logo rebelar-se contra esse verdadeiro “ato institucional” (cf. 1Rs 12).

Esse texto fundou a concepção messiânica, elaborada tanto no Antigo como no Novo Testamento. Com o fracasso da realeza em Judá, o Messias (rei descendente de Davi) torna-se o rei ideal que libertará o povo e o fará viver conforme a justiça e o direito (cf. Is 11, 1-9 e nota). O Novo Testamento vê a pessoa de Jesus como a realização da promessa do Messias (Cristo = Ungido = Messias).
18-29
O texto é uma espécie de resposta ao oráculo de Natã (vv. 4-17). Talvez seja originariamente uma oração que os reis costumavam repetir em alguma celebração solene, relembrando o sentido da função política dentro de um povo que foi libertado por Javé.
8
1-14
O resumo das conquistas de Davi mostra que ele cumpriu a primeira parte do contrato: livrar o povo de seus inimigos.
15-18
O outro dever do rei era governar o povo, fazendo-o viver a justiça e o direito. O texto mostra que Davi cumpriu a segunda parte do contrato com o povo. Os vv. 16-18 comprovam a formação inicial de uma burocracia estatal, que se tornará bem mais complexa no tempo de Salomão. 
9
1-13
Davi não esquece a amizade que tinha por Jônatas e o compromisso que fizera com ele (1Sm 20, 15-16.42); por isso, leva o único filho sobrevivente do amigo para viver no palácio real.
10
1-19
Com a vitória sobre os amonitas arameus, o reino de Davi atinge sua extensão máxima. Ao mesmo tempo, esse aumento de poder provoca a decadência de Davi, quando ele começa a romper o contrato com o povo. 

11
1-27
A função da autoridade é servir ao povo, defendendo-o dos inimigos e fazendo-o viver segundo a justiça e o direito. Ora, Davi trai completamente a sua função de autoridade:não acompanha mais o exército (deixa de defender o povo), torce a justiça e viola o direito, usando o poder para satisfazer seus caprichos pessoais.
O texto deixa claro que o poder é sempre ambíguo e pode tornar-se algo extremamente perigoso. O poder em si não é próprio da humanidade, mas de Deus, e em mãos humanas só se justifica quando entendido como função de serviço, para que o povo tenha liberdade e vida. O poder torna-se totalmente mau, quando usado para satisfazer a interesses pessoais e de grupos privilegiados, à custa do povo.
12
1-15
a parábola contada por Natã força Davi a dar uma sentença contra si próprio. O erro de Davi foi usar o poder em proveito pessoal, e isso desencadeou ambições e competições dentro da sua própria família. Começa então a luta pela sucessão.
15-25
A morte do filho de Davi foi uma condenação do seu pecado. O nascimento de Salomão, desde já chamado "Querido de Javé", é sinal de que Deus não abandonou Davi.
26-31
Com a conquista de Rabá, termina a guerra contra os amonitas. Ao invés da consagração ao extermínio, os despojos são recolhidos e a população dominada é submetida a trabalhos forçados. Com isso começa justamente aquilo que o sistema das tribos queria evitar: o acúmulo de riquezas e a opressão.
13
1-39
Começa a competição pelo poder e a luta pela sucessão. Amnon é o primogênito e, naturalmente, o sucessor de Davi. Absalão certamente não pretendia vingar a honra da irmã, mas servir-se do caso para eliminar o mais forte concorrente ao trono.
14
1-33
Absalão é o terceiro filho de Davi e, como nada se diz de Queleab (2Sm 3,3), é o pretendente mais direto ao trono. Absalão, porém, está afastado de Davi. O estratagema de Joab visa a fazer com que Davi se reconcilie com Absalão, o que acontece em duas etapas: primeiro, Davi aceita o retorno do filho, mas não quer recebê-lo; mais tarde, Davi acolhe Absalão. A história da mulher de Técua é confusa, mas uma coisa é clara: Davi se compromete com juramento a não aplicar a sue filho a pena do "vingador do sangue" (v. 11; cf. nota em Nm 35, 9-24).
15
1-12
Absalão alicia demagogicamente o povo, aproveitando para atacar um ponto importante no contrato entre o rei e o povo. É que a administração da justiça provavelmente se arrastava nos meandros da burocracia. Com isso, Absalão consegue preparar um golpe de estado.
15,13-16,14
Temendo os acontecimentos, Davi foge de Jerusalém e foge para o deserto. Enquanto enfrenta a conspiração dentro de sua casa própria família, encontra fidelidade  e apoio fora, inclusive de estrangeiros filisteus. Ao mesmo tempo, prepara um serviço espionagem, para manter-se informado sobre as manobras de Absalão. Em meio à fuga, Davi se defronta com partidários e descendentes de Saul: um ajuda, e outro amaldiçoa. Na situação de conjunto, podem-se perceber as divisões dentro do reino.
16
15-23
Estabelecendo-se em Jerusalém e tomando as concubinas do pai, Absalão assume o comportamento de verdadeiro sucessor. a profecia de Natã vê nisso um castigo pelo pecado de Davi (cf. 2Sm 12,11-12).
17
1-23
Davi e aqueles que o acompanham são salvos de um massacre graças a Cusai, que consegue retardar o ataque, e devido à rede de informações montada por Davi e ao apoio e acolhida de boa parte do povo.
17,24-19,9
Em toda a vida, mesmo depois de rei, Davi não deixou que o poder e a ambição se sobrepusessem a sues sentimentos. Tal proceder, onde a afetividade vence a fria razão política, embora pareça paradoxal, talvez seja um dos motivos que o levou a buscar sempre a reconciliação e a justiça, e que o fez estimado de todo o povo.
19,9-20,22
A volta de Davi não é fácil: durante sua ausência, os grupos tomaram partido, ora a favor, ora contra ele. a intenção do rei é refazer pacificamente a unidade, mas a antiga rivalidade entre as tribos do Norte e a tribo de Judá se reacende e exige que Davi tome atitudes de força para evitar a divisão.
20
23-26
Comparar com 2Sm 8,15-18. A presente lista mostra que a crise foi superada, e o governo de Davi novamente se estabilizou. Nota-se a preponderância de cargos militares, ao lado de uma nova classe social,talvez de grupos dominados, destinada aos trabalhos forçados, isto é, exclusivamente a serviço do estado. Esse novo grupo vai aumentar ainda mais durante o reinado de Salomão.
21-24
Esta sperie de textos foi acrescentada posteriormente, interrompendo a história da sucessão de Davi, que continua em 1Rs 1.
21
1-14
A fonte é vista como castigo de Javé por causa do crime de Saul contra os gabaonitas, que violara o pacto feito em Js 9. É provável que a intensão principal de Davi seja livrar-se dos descendentes de Saul, possíveis rivais. Talvez o lugar mais próprio para este episódio seja antes do capítulo 9.
15-22
Estes episódios, de sabor um tanto folclórico, ficariam melhor depois de 5,17-25, onde se narram as lutas contra os filisteus durante os primeiros anos do reinado de Davi.
22
1-51
Com poucas diferenças, este cântico está reproduzido no Sl 18. Trata-se de uma celebração para agradecer a proteção de Javé e comemorar a vitória sobre os inimigos. Nesse contexto, aparece a primeira função da autoridade: libertar o povo de sues inimigos. Cf. também Sl 18 e nota.
23
1-7
O texto salienta a segunda função da autoridade: fazer que o povo possa viver segundo a justiça e o direito. As autoridades justas são uma bênção para o povo e produzem vida; as autoridades injustas são como espinheiros, e serão rejeitadas e destruídas pelo próprio povo.
8-39
Após a fuga diante de Saul, Davi se tornou o líder de um grupo de descontentes (cf. 1Sm 22,1-5). Mesmo depois de rei, ele manteve seu exército pessoal. aqui são lembrados os nomes de seus soldados principais, com alguns pormenores de caráter épico e popular.
24
1-25
O recenseamento demonstrava ambição: de um lado, permitia o cadastramento da população que contribuía com tributos (exploração econômica); por outro lado, o levantamento dos homens aptos para a guerra (dominação política). As duas coisas não são criticáveis em si; só se rornam más quando a autoridade as absolutiza e nelas coloca sua total confiança. Comparar o v. 1 com 1Cr 21,1: depois do exílio, a tentação é atribuída a Satã, e não a Javé.
A eira comprada por Davi é o local onde Salomão mais tarde vai construir o Templo. a intenção do autor é mostrar Davi como fundador do culto em Jerusalém.

Segundo Reis

1
1-18
Elias não é profeta de corte, a serviço da autoridade, mas porta-voz de Javé. Por isso não obedece às ordens do rei, pois seu único Senhor é Javé. Baal-Zebub significa "senhor das moscas"; é um nome depreciativo que deu origem à forma de Belzebu. Elias não teme essa divindade, que é considerada "chefe dos demônios" no Novo Testamento (cf. Mc 3,20-30). ,
2
1-18
O fim de Elias é misterioso: ele não morre; arrebatado por Deus. Com ele começa em Israel a profecia clássica, e seu arrebatamento mostra que o espírito profético não morre. Assim como Elizeu recebe o espírito de Elias, sempre haverá no meio do povo de Deus, em todos os tempos, pessoas que obedecem unicamente a Deus e enfrentam sem medo os ídolos e seus perseguidores, sejam eles sacerdotes, reis ou gente poderosa. Se deixarem de existir, reinará o silêncio desorientador, o silêncio do próprio Deus.
19-22
A primeira ação de Eliseu é parecida com a do seu mestre Elias: trazer vida para o povo. A água que matava a vida na raiz, agora se transforma em água potável, que refaz as forças.
23-25
Essa historinha, provavelmente inventada, quer incultar nas crianças que o profeta deve ser respeitado no meio do povo.
3
1-27
O profeta de Javé é respeitado além das fronteiras. ele age não só trazendo vida no cotidiano do povo, mas também tomando posição nas grandes decisões que tocam as relações internacionais.
4
1-7
Tal como essa viúva, muitíssimos pobres, para sobreviver têm que se submeter a dívidas e à exploração no trabalho. A ação profética ensina os pobres a se organizar para se libertarem de tais situações. A libertação, porém, não é dom paternalista: ela se realiza a partir do que os pobres têm e do seu esforço em conjunto.
8-37
A mulher era rica, mas fazia questão de viver no meio do povo simples, sem pretensão nenhuma de participar da alta sociedade. Além do mais sua atenção para Eliseu, que defendia os pobres, e o fato de não se ligar aos poderosos, mostram que ela não estava comprometida com o sistema opressor. por isso, Deus faz a vida renascer para ela. O profeta, mais uma vez, é o portador da vida;.
38-41
Mais do que um milagre, o texto mostra a habilidade de Elizeu em eliminar os efeitos nocivos de uma planta. Trata-se aqui da coloquíntida, fruta amarga de violento efeito purgativo.
42-44
Eliseu recebe um presente e o distribui a comunidade. Desse modo, ensina que, havendo partilha, todos podem ficar satisfeitos, e ainda ter de sobra. Cf. Mc 6,30-44 e nota.
5
1-27
O único Deus que pode curar é Javé, e ele está ligado a um povo, a uma terra e a um projeto. A terra de Israel é sagrada, porque é a terra que Javé deu a seu povo, para realizar aí o projeto de vida. O Profeta realiza sinais que mostram a presença de Deus no meio do seu povo, o qual sofre as consequências de um sistema que causa mais opressão do que libertação. Uma das moças, escrava no estrangeiro, é capaz de ver esse Deus ultrapassando as fronteiras para curar e dar vida, enquanto o próprio rei de Israel desconhece o fato. Ao ser curado, o estrangeiro aprende que a vida é dom de Deus, e não objeto de troca. Por isso, reconhece que o único Deus é Javé. Giezi, que vive ao lado do profeta, não compreende essa gratuidade e procura tirar proveito para enriquecer-se, ganhando com isso a própria ruína.
6
1-7
O texto deixa claro que os profetas levam vida de pobre, sem maiores recursos (casa pequena, machado emprestado). E é através dessa pobreza que Javé se manifesta, trazendo a vida.
8-23
O texto mostra que o profeta está profundamente inscrito na vida política do seu povo, inclusive em questões de espionagem internacional. Além disso, ele sabe criar estratégias e tomar decisões diplomáticas, para evitar conflitos maiores.
6,24-7,20
Na situação desesperadora, a angústia leva as pessoas a atitudes selvagens, como essa mãe que devora o próprio filho. Nesse momento, o profeta reabre o caminho da esperança, mostrando caminhos de vida. E a libertação vem justamente daqueles que nada mais têm a perder. É a partir dos marginalizados, isto é, daqueles que nada mais podem esperar do "status quo", que se organiza o movimento para encontrar alguma saída. Surge então a novidade de Deus. A solução encontrada, porém, não será a libertação que Deus quer, se a vida não for repartida com todo o povo.
8
1-6
A história da sunamita foi narrada em 4,8-37. O episódio mostra como as histórias dos profetas eram transmitidas, e como influenciavam nas decisões da justiça.
7-15
Mostrando que o rei de Aram vai morrer, mas não dessa doença, Elizeu faz ver que o profeta é capaz de discernir as intrigas de quem anda em busca do poder.
16-24
É o tempo de decadência em Judá. O fato se torna claro pela independência que os reinos vassalos vão conquistando. A esposa de Jorão é Atalia, e sua história é apresentada em 2Rs 11.
25-29
A política de aliança entre os dois reinos continua. O texto funciona como introdução aos capítulos seguintes.
9
1-13
Dependendo das circunstâncias, a ação profética influi e até interfere na política de forma direta e decisiva. É o que se verifica, principalmente em situações onde o povo é oprimido por um governo injusto, que se mantém por muito tempo no poder. Nesse momento, e em nome de Deus, o profeta provoca uma corrente contrária, chegando até mesmo a apontar um novo líder. Cf. 1Rs 19,16.
14-37
Elias tinha previsto o fim trágico da família de Acab. Escolhido pelo círculo profético e apoiado pelo povo, Jeú começa a fazer justiça, matando os eis Jorão e Ocozias, bem como Jezabel, que tinha influência na política dos dois reinos. Desse modo, Jeú se apresenta como instrumento de vingança de um povo que foi longamente oprimido por uma família tirânica.
10
1-36
O banho de sangue continua. Jeú procura exterminar todos os que estão ligados à família de acab e ao culto de Baal. Javé quer acabar com todo tipo de idolatria e opressão. Cabe aos homens a difícil tarefa de escolher os meios para realizar as vontade divina.
11
1-20
Atalia era filha de Jezabel e tinha reinado, com Jorão, sobre Judá. Ela pretendia acabar com todos os descendentes de Davi. A astúcia de outra mulher, a oposição de sacerdotes, da guarda do Templo e do palácio e a revolta do povo, frustraram os planos dela. O documento da aliança (v. 12). (v. 12) é o contrato que traz os deveres e direitos do rei e do povo.
12
1-22
Joás faz de tudo para restaurar o Templo, que era importante para preservar a dinastia de Davi. Entretanto, exposto às lutas internas e ataques externos, Joás acaba sendo vítima de uma conspiração. O cofre no Templo, colocado por Joás, era para evitar desvio de verbas. Esse uso acontece em nossas igrejas ainda hoje.
13
1-9
Retoma-se o esquema da história apresentado pelo autor deuteronomista (cf. nota em Jz 2,6-3,6). O novo libertador é provavelmente Jeroboão II (veja 14,23-29).
10-13
A expressão do v. 11, que aparece em todos os reis de Israel, provavelmente indica a separação entre este e o Reino de Judá.
14-25
A morte de Eliseu não marca o fim do profetismo. Pelo contrário, Elias e Eliseu iniciaram o movimento profético, que influenciará por séculos a vida política, social e religiosa de Israel. O ato simbólico realizado por Joás (vv. 16-19) se realiza concretamente logo a seguir (v. 25).
14
1-22
Amasias teve reinado glorioso, porém a sua ambição o levou a uma guerra desastrosa contra Israel. Terminou a vida tragicamente, vitimado por uma conspiração. O v. 6 mostra um grande progresso na legislação: estabelecendo que a punição não deve atingir parentes, evita a vingança desmedida e a má fama que alguém carrega pela culpa de algum parente (cf. nota em Dt 24,16).
23-29
Durante o governo de Jeroboão II, Israel conhece grande desenvolvimento econômico, acompanhado pela aceleração das desigualdades sociais, denunciadas pelo profeta Amós. Nesse mesmo tempo os levitas realizam a catequese que irá formar o núcleo central do Deuteronômio (Dt 12-28).
15
1-7
Na Bíblia, este rei é chamado também de Azarias. Reino até o ano 740a.C., quando o profeta Isaías começou a exercer sua atividade.
8-12
A partir do rei Zacarias começa em Israel uma série de golpes de estado que provocarão a anarquia política no país. É durante esse período que Oséias exerce sua atividade profética.
13-16
O costume de rasgar o ventre das mulheres grávidas era a condenação até mesmo pelo direito internacional (cf. Am 1,13).
17-22
Pul  é Teglat-Falasar III, rei da Assíria, que estende o seu poder cada vez mais. Por enquanto ele se satisfaz com o tributo, mas o Rei do Norte não escapará mais do domínio assírio.
23-26
Facéias era protegido da Assíria, mas Facéia se aproveita da preocupação da Assíria com outras regiões para matar o rei e usurpar o poder. É provável que o oficial Facéia pertencesse a um partido antiassírio.
27-31
Facéia se uniu ao rei de Aram numa tentativa de conter o avanço assírio, que já estava tomando os territórios pertencentes aos dois reinos.
32-38
Joatão foi convidado a participar da coalizão contra a Assíria, mas preferiu manter posição neutra, o que lhe valeu a hostilidade dos reis Rason e Facéia.
16
1-20
Acaz também se recusou a participar d coalizão contra a Assíria, formada pelos reinos de Israel e Aram, que tentam invadir o reino de Judá. Por isso, Acaz pede ajuda à Assíria, entregando-se como vassalo. Cf. Is 7,1-17 e nota.
17
1-6
Em 722a.C., o Reino do Norte é tomado pela Assíria e deixa definitivamente de existir.
7-23
O autor faz reflexões sobre a ruína de Israel, o Reino do Norte. O grande erro foi abandonar o projeto de Javé, o Deus libertador, para servir aos ídolos e viver como as outras nações. Desse modo, Israel perdeu a própria identidade, e a consequência foi perder também a sua terra. Outra grande lição da história: o povo dividido torna-se fraco e incapaz de resistir ao inimigo.
24-41
A mistura de israelitas do Norte com gente de outras nações formou o grupo dos samaritanos, que serão sempre mal vistos e rejeitados pelos israelitas do Sul. Ensinando uma nova forma de relacionamento humano e de adoração a Deus, Jesus quebrará essa "maldição" que os judaítas cair sobre os samaritanos (cf. Lc 10,25-37; Jo 4 e notas).
18
1-8
Ezequias é elogiado porque, no seu tempo, foi feita uma tentativa de reforma político-religiosa, que procurava reunir todo o povo em torno de um só Deus e de um só rei.
9-12
Cf. nota em 17,1-6.
13-16
A reforma iniciada por Ezequiel foi interrompida por uma violenta invasão dos assírios, que conquistaram muitas cidades e recomeçaram a cobrar tributo de Judá.
18,17-19,37
Cf. notas em Is 36-37.
20
1-11
Cf. nota em Is 39,1-8.
12-21
Cf. nota em Is 39,1-8.
21
1-18
O longo reinado de Manassés significou, para o povo, opressão externa da Assíria e interna por parte da corte de Jerusalém. Foi uma volta ao paganismo, principalmente. através do culto aos astros. Quem mais sofreu, durante esse período, foi a população camponesa, explorada pelos ricos da cidade. a voz dos profetas impedida de comunicar a vontade de Javé. A tradição que o profeta Isaías foi morto durante o reinado de Manassés. Quando um poder tirânico de Manassés. Quando um poder tirânico se instala, ele procura cortar pela raiz toda crítica, para assim alienar o povo, fazendo que ele aceite passivamente a ideologia opressora.
19-26
A conspiração de oficiais, talvez pertencentes ao partido antiassírio, deu margem para que surgisse uma nova força política em Judá: o partido camponês. Colocaram o menino Josias no trono, dando continuidade à dinastia de Davi, porém estabelecendo um regime voltado para os moldes javistas de sociedade. Foi provavelmente esse partido camponês que assumiu a regência durante a minoridade de Josias.
O Livro da lei é certamente o núcleo legislativo do Deuteronômio (Dt 12-26). Esse livro, nascido em meio às tribos do Norte, certamente já fora utilizado de Ezequias, que foi bruscamente interrompida com a invasão de Senaquerib (701 a.C.). Perdido ou esquecido no Templo, o livro é redescoberto e servirá de estímulo radical para a reforma de Josias.
22
1-10
O tempo de Josias é marcado por um clima de reforma político-religiosa. Aproveitando-se da instabilidade assíria, Josias retoma os ideais de Ezequias, procurando refazer o antigo império de Israel, com todas as tribos reunidas sob um único chefe.
O Livro da lei é certamente o núcleo legislativo do Deuteronômio (Dt 12-26). Esse livro, nascido em meio às tribos do Norte, certamente já fora utilizado de Ezequias, que foi bruscamente interrompida com a invasão de Senaquerib (701 a.C.). Perdido ou esquecido no Templo, o livro é redescoberto e servirá de estímulo radical para a reforma de Josias.
11-20
Josias certamente imagina utilizar o livro como razão a mais para a centralização político-religiosa. Contudo, era necessário verificar a autenticidade do livro. A profetisa Hulda não só responde afirmadamente, como também mostra que as maldições contidas no livro se realizarão de modo inevitável.
23
1-3
O Deuteronômio, aqui chamado Livro da Aliança, é solenemente proclamando e acolhido. De catequese dos levitas ele se transforma agora em Lei de Estado.
4-14
Influenciado pelo Deuteronômio, Josias procura, começando pela tribo de Judá, refontizar  a identidade javista do povo, a fim de o libertar das influências religiosas e culturais de povos estrangeiros (cananeus, assírios, fenícios, egípcios, moabitas, amonitas). Não se trata de recusar o valor dos estrangeiros, mas de possibilitar o florescimento dos valores nativos, frequentemente abafados e até mesmo destruídos por influências estrangeiras.
15-20
A reforma atinge as tribos do Norte, outrora Reino de Israel, e é muito mais implacável, porque pretende destruir tudo o que poderia impedir a unificação do povo. O episódio do túmulo do profeta se refere a 1Rs 13.
21-23
Sobre a festa da Páscoa, cf. Dt 16,1-8. Desse modo, Josias recupera uma importante tradição do povo camponês, ligada à libertação e ao ideal de uma sociedade livre e fraterna.
24-30
Josias é o único rei que recebe elogio incondicional do autor bíblico, porque procurou eliminar a opressão e corrupção, e reunificar o povo em torno do projeto de Javé (cf. Jr 22,15-16).
31-35
Com a morte de Josias, a reforma política e religiosa é completamente interrompida: por breve espaço de tempo, o país fica sob o domínio do Egito. Como sempre, a maior vítima é o povo, que deve pagar tributos ao dominador.
23,36-24,7
Muda a política internacional: o império da Babilônia se apodera do Oriente Médio, e o reino de Judá se torna vassalo dos babilônicos. A tentativa de reforma prepara a fulminante ruína de Judá.Sobre o comportamento de Joaquim, cf. também Jr 22,13-19.
24
8-17
No reinado de Jeconias, acontece o primeiro exílio da comunidade de Judá (597 a.C.). Note-se quem era levado para o exílio: a classe governante, os militares, os donos dos meios de produção e os intelectuais. O povo pobre permanecia na terra para trabalhar e pagar tributos ao dominador. O exílio, portanto, era a maneira drástica de desarticular um povo, impedindo-o de se organizar novamente. 
24,18-25,7
Levando para sua falta de tato, Sedecias segue o conselho de seus oficiais e se opõe ao domínio dos babilônios. As Consequências são desastrosas e, na última hora, o rei e o exército abandonam Jerusalém, deixando a população entregue ao inimigo. O livro de Jeremias mostra como ele tentou, de todos os modos, refrear a política suicida de Sedecias. (cf. Jr 37-39).
25
8-21
É o segundo exílio (586 a.C.). Dessa vez, a deportação é maior e o saque é completo. Só fica no país o povo pobre, para servir de mão-de-obra barata ao dominador.
22-26
Um grupo de oficiais tenta ainda uma última cartada, matando o governador Godolias, nomeado por Nabucodonosor. Sobre o que Jeremias pensa dessa atitude, cf. Jr 40-42.
27-30
A história dos reis termina com leve fio de esperança: os privilégios concedidos a Jeconias prenunciam o ressurgimento do povo. Este último acontecimento se situa em 561 a.C.




Segundo Pedro

3
1-10
Duas gerações de cristãos haviam esperado a vinda eminente de Jesus, e isso os ajudava a serem mais comprometidos na própria fé. Diante da demora os falsos mestres semeiam a dúvida, dizendo que tudo continua como antes. A isso o autor responde, mostrando que Deus não mede o tempo como nós; e, de outro lado, que o tempo se torna longo para ser como sinal de que Deus está dando a todos oportunidade de conversão. Quanto ao fim do mundo, ninguém sabe quando acontecerá. É preciso vigiar, pois “esse dia chegará como um ladrão”.
11-16
Assim como Deus espera pacientemente que os pecadores se convertam antes do julgamento final, do mesmo modo os que se convertem aceleram a vinda da plenitude do Reino. Não se fala propriamente de fim do mundo, mas de uma transformação em “novos céus e nova terra”: a humanidade renovada, onde se realizará nova ordem com justiça.


Segundo Macabeus

7
1-42
É uma das páginas mais comoventes de toda a Bíblia, mostrando que o tempo de perseguição se torna ocasião de educar para o testemunho capaz de enfrentar  até o sacrifício da própria vida. Aqui aparece, pela primeira vez e com clareza, a crença na ressurreição: esta se baseia na compaixão de Deus para com seus fiéis (v. 6), no poder de Deus que do nada e da morte é capaz de criar a vida (VV. 28-29), e na aliança de Deus com o seu povo, que jamais será rompida (V. 36). A fé na ressurreição, porém, aparece em contexto difícil, onde pessoa é chamada a dar a sua própria vida em favor do povo (v. 38). O texto também deixa claro que os mártires são testemunhas radicais da verdade. A coragem de entregar a própria vida liberta a língua para mostrar o verdadeiro porte do seguidor: este, na verdade, luta contra o próprio Deus e é portanto, o maior criminoso do mundo (v. 19). A fé na ressurreição não é neutra: Deus ressuscita os justos para a vida; quanto aos injustos, não ressuscitarão (v. 14): seu seu destino é a morte definitiva.