quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Salmos

1
Breve introdução-convite de estilo sapiencial para ler o livro dos Salmos na perspectiva do Deus que toma posição no conflito social, aliando-se aos justos, fiéis ao seu projeto, e condenando os injustos.
1-2
Os justos não aderem de maneira alguma à ordem social perversa, promovida pelos injustos. Ao contrário, eles vivem continuamente meditando no projeto de Javé, a fim de colocá-lo em prática. Esse é o caminho da felicidade.
3-4
A adesão ao projeto de Deus faz com que os justos tenham plena vitalidade e eficácia para organizar uma nova organizar uma nova ordem social. Enquanto isso, os injustos e a injustiça não têm consistência.
5-6
Sentença final: os injustos serão sempre declarados culpados diante de Deus, jamais poderão fazer parte da comunidade dos justos, e desaparecerão, porque Deus está comprometido com aqueles que realizam o seu projeto.
2
Entronização de um rei da dinastias de Davi. A cena mostra o ideal da autoridade política, cuja função é tornar presente a ação do próprio Deus: defender o povo contra os inimigos e construir uma sociedade fundada na justiça e no direito.
1-3
Durante a cerimônia, os reis dependentes já estão planejando um motim. Para aqueles que sustentam um regime de injustiça e opressão, o governo justo é como grilhão e jugo.
4-6
Comprometido com a justiça, Javé defende a autoridade política justa, colocando-se contra os adversários dela.
7-9
Deus adota o líder político justo como seu próprio filho. A função desse líder é tornar visível a presença e ação do Deus invisível. Implantando a justiça e o direito, a autoridade política justa é amada pelo povo, e os justos gostariam que ela governasse o mundo inteiro.
10-12
Advertência às outras autoridades: Saibam temer a Deus e seguir o exemplo daqueles que governam com justiça. Caso contrário, o destino delas é a ruína.
3
Oração individual de confiança: o justo se vê cercado e oprimido pelos mantenedores de uma ordem social injusta.
2-3
A suprema petulância dos injustos é desafiar o justo, colocando dúvidas na fé e na confiança, que o levam a residir e a agir, buscando justiça: "Você pensa que Deus vai ajudar você? De jeito nenhum!"
4-7
O justo, porém, renova a confiança e não desanima: sua vida é sustentada por Deus, que lhe dá coragem de todos os inimigos.
8-9
Confiando que Deus salva e abençoa os que lhe são fiéis, o salmista pede que Deus entre em ação, tapando a boca dos injustos.
4
Oração individual de confiança, na qual o pobre adquire forças para enfrentar os inimigos, e encorajar assim seus próprios companheiros.
2:
As dificuldades já enfrentadas fazem experimentar  que Deus é o defensor do pobre.
3-4:
A idolatria e os projetos ilusórios de uma sociedade injusta ferem a honra do pobre. Cuidado, porém: se o pobre clamar, Deus  o libertará.
5-6:
Aos companheiros desanimados, o salmista aconselha a refletir pessoal e comunitariamente, para reencontrar a confiança em Javé.
7-9:
Em vez de invejar e cobiçar abundância dos ricos, o pobre sabe que somente o projeto de Deus poderá trazer-lhe felicidade e dar-lhe segurança.
8
Hino de louvor à grandeza de Deus, que colocou o homem como senhor da criação.
2-3
O poder de Deus sobre a terra e o céu se comprova em suas ações históricas contra os adversários e inimigos do seu povo. O v. 3, provavelmente, faz alusão aos hinos de louvor cantados por crianças.
4-10
Quem é o homem diante do Deus poderoso? Chamado a ser imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26-27), o homem é rei de toda criação, espelhando a presença e ação do Criador.
15(14)
Diálogo litúrgico realizado na porta do Templo. O peregrino pergunta e um sacerdote responde sobre as condições necessárias para participar das celebrações.
2-5
As condições para celebrar a relação com Deus dependem todas da justiça no relacionamento social: integridade e verdade no uso tanto da palavra quanto do dinheiro.
16(15)
Oração de Confiança, onde se renova a entrega total a Deus, tanto do indivíduo como da comunidade.
1-4
A comunidade sabe, com muito realismo, que está vivendo num meio social cheio de deuses falsos senhores, que produzem escravidão e morte. É capaz, porém, de discernir e escolher o Deus verdadeiro, cujo projeto é liberdade e vida.
5-8
Deus concede a herança da vida para aqueles que se comprometem com o projeto dele. O centro da vida é a própria presença misteriosa de Deus, que acompanha a comunidade e a instruir diretamente sobre o caminho a seguir e ação a realizar.
9-11
Em aliança com Deus, a comunidade pode estar sempre alegre, porque Deus é fonte inesgotável de vida. Comprometida com o projeto dele, a comunidade pode ficar certa de que nunca será abandonada na morte.
17(16)
Súplica de alguém acusado injustamente.
1-2
Esta apelação é feita durante a noite no Templo, que funciona como tribunal superior. A sentença será dada ao amanhecer. (v. 15).
3-5
Juramento de inocência.
6-9
Momento de súplica angustiante. A situação é crítica e os acusadores já estão cantando vitória (v. 9). O acusado não tem a quem recorrer para sua defesa; só poderá ser salvo pela maravilha do amor de Deus, isto é, por um milagre.
10-12
Descrição dos acusadores: são insensíveis e parecem fera em busca de presa
13-14
Pedido para Deus que faça justiça, devolvendo a sentença de morte contra os acusadores. Com ironia, o acusado pede que Deus sacie os acusadores e descendentes com aquilo que eles merecem.
15
Não sabemos o resultado do julgamento, mas o salmista termina confiando que a sentença lhe será favorável.
18(17)
Com poucas diferenças, este salmo é reproduzido em 2Sm 22. Trata-se de uma celebração para agradecer a proteção de Javé, através da qual o rei Davi pôde realizar sua função política.
2-25
A função da autoridade política não é usurpar o lugar de Deus, usando o poder para seus próprios interesses e privilégios. É tornar historicamente presente e visível a ação de Deus, que liberta dos inimigos o seu povo, para fazê-lo viver segundo a justiça e o direito. Quando a autoridade política de fato procura ser mediadora na realização do projeto divino, ela pode invocar a Deus e estar certa de que ele responderá, dando eficácia a ela em seus empreendimentos.
26-30
A autoridade é íntegra quando reflete a própria integridade de Deus; esta consiste em fazer justiça, salvando o povo pobre rebaixando o opressor.
31-35
Outra função da autoridade é eliminar a idolatria, para que o povo possa, de fato, reconhecer o Deus vivo e o projeto dele.
36-43
Se a autoridade serve realmente a Deus e ao povo, ela se torna invencível: pode, ao mesmo tempo, contar o apoio de Deus e com a credibilidade e apoio popular.
44-51
Quando a autoridade realiza a justiça em nome de Deus, o povo vive na fraternidade e o rei justo se torna modelo de liderança para outros povos.
19(18)
Hino de louvor, em estilo sapiencial, enaltecendo a glória de Deus, que criou a ordem da natureza  do mundo humano.
2-7
A ordem e beleza do universo são como silencioso e contínuo louvor ao Criador. O homem humaniza a natureza, articulando esse louvor com suas próprias palavras.
8-11
A harmonia do mundo humano é criada pela palavra de Deus. Esta, como lei ou instrução, ensina a humanidade a viver na fraternidade e na justiça.
12-15
A harmonia criada por Deus pode ser perturbada ou destruída pelo orgulho, que gera todo tipo de erros e crimes. Essa harmonia da criação é convite para que o homem se converta e se torne íntegro.
21(20)
Oração de agradecimento pela vitória do rei e pedido de novas vitórias.
2-8
A força vem de Deus e, por isso, a vitória conquistada através da autoridade pertence em primeiro lugar a Deus. De um lado, isso impede que a autoridade se embriague com o poder e passe a usá-lo para seus interesses e caprichos. De outro, o povo tem certeza de que a autoridade que o governa não irá oprimi-lo.
9-14
A vitória conquistada se transforma em desejo e pedido para que toda opressão seja extirpada da terra.
22(21)
Súplica de um inocente perseguido.
2-6:
A experiência mais profunda do sofrimento é sentir-se abandonado pelo próprio Deus.  A lembrança dos benefícios  concedidos aos  antepassados fundamenta a súplica e procura mover Deus e agir. Segundo Mateus, Jesus recitou o v. 2  na cruz (cf. Mt 27,46).
7-12:
Ao sofrimento e abandono soma-se a marginalização. E Javé , não vai socorrer o marginalizado? Será que ele vai abandonar aqueles que lhe pertencem?
13-22:
Os inimigos são descritos como animais ferozes. As imagens dos versículos 15 e 16 mostram o enfraquecimento e a conseqüente proximidade da morte, já esperada como certa pelos perseguidores. Em meio a esse estado deplorável, temos a súplica urgente dos VV. 20-22.
23-32:
Do extremo sofrimento, o perseguido passa a confiança total. Ele já foi salvo ou confia que será. Por isso, convida a comunidade a participar do seu louvor e agradecimento reconhecendo que Deus jamais abandona o pobre que clama. Desse testemunho nasce a esperança de todos os pobres, construtores de uma nova história, alicerçada na justiça.
23(22)
Oração de confiança de uma pessoa perseguida que se refugiou no templo. O temas do Pastor e do anfritião recordam a marcha pelo deserto e pelo dom da terra. A segurança junto a Deus se expressa com da ovelha cuidada pelo pastor. Junto a Deus a pessoa adquire forças para enfrentar as situações mais adversas.
Asilado no Templo, o peregrino experimenta a hospitalidade de Deus, que o acolhe, ampara e defende dos inimigos. Essa atitude de Deus é modelo para todas as comunidades que se comprometem com o projeto dele.
24(23)
Procissão que termina com diálogo litúrgico na porta de Jerusalém, para celebrar a conquista da cidade (cf. 2Sm 5,6-10). A presença de Javé é simbolizada pela Arca da Aliança.
1-2
Talvez um cântico durante a procissão.
3-6
Pergunta e resposta sobre as condições para entrar na cidade de Javé. Cf. Sl 15 e nota.
7-10
Diálogo diante da porta da cidade, entre a procissão que chega e um grupo que fica no alto das muralhas, representação dos jebuseus, antigos moradores da cidade.
25(24)
Súplica em estilo de reflexão sapiencial.
1-3
A menção de “inimigos” mostra que a situação tem causas ou conseqüências sociais.
4-5
A situação é obscura. O salmista pede que Deus lhe abra perspectivas.
6-7
Pede que seus erros involuntários não sejam empecilho para que Deus o trate com amor na situação angustiante em que se encontra.
8-11
Não está claro qual seja a falta ou pecado. Em todo caso, é ocasião para uma tomada de consciência e conversão.
12-15
O temor de Deus é a atitude própria de quem reconhece que Deus é Deus, e o homem não é Deus. Quando o homem reconhece que só Deus é o absoluto, passa a relativizar os projetos humanos e permanece aberto à contínua novidade do projeto de Deus.
16-22
Descreve sua própria situação deplorável e clama por libertação.
27(26)
Oração de Confiança. Injustamente acusado, o salmista recorre ao tribunal do Templo, em busca de justiça.
1-3
A confiança em Deus e no seu projeto faz o pobre e o oprimido criarem força e coragem para enfrentar as mais difíceis situações.
4-6
O Templo é ao mesmo tempo a casa de Deus e a casa do seu povo. É o espaço sagrado que assegura justiça e paz. Espaço que hoje se encontra nas comunidades comprometidas com o projeto de Deus.
7-14
Antes do julgamento pela manhã, o salmista experimenta a noite do terror. Sua sorte depende unicamente de Deus, pois todos o abandonaram. Apesar de tudo, ele mantém firme sua esperança, confirmada pela palavra do sacerdote (v. 14).
29(28)
Hino de louvor, cantado a glória e o poder do Criador, que se expressam na tempestade.
1-2
Convite para a comunidade reunida louvar a glória e o poder de Deus.
3-9
A impressão da tempestade produz uma experiência do mistério. Descreve-se uma chuva torrencial, que começa no norte da Palestina e vai até o deserto de Cades, no sul. As sete repetições de “voz” servem para imitar o estrondo do trovão, que simboliza a voz de Javé. A essa voz de Deus na natureza corresponde a voz do povo no Templo, aclamando a glória de Deus.
10-11
A tempestade ou dilúvio é também símbolo da história turbulenta e conflitiva das nações que não conhecem a Javé. O povo de Deus tem plena confiança, pois sabe que o Senhor da natureza e da história é seu aliado, que lhe dá força e paz.
30(29)
Oração de agradecimento pela libertação de um perigo de morte.
2-4
Gravemente enferma, a pessoa experimenta o auxílio de Deus como verdadeira libertação da morte.
5-6
O agradecimento é feito em público, e a comunidade é convidada a participar. A alegria da cura relativiza a doença e faz experimentar o amor de Deus. A "memória sagrada" (v. 5) relembra a libertação do êxodo.
7-13
O salmista conta para a comunidade a sua experiência. Certamente era uma pessoa de posição que, diante da doença, ficou completamente abalada e acabou descobrindo que o sentido da vida é louvar a Deus, proclamando e vivendo o seu projeto, que é liberdade e vida.
32(31)
Agradecimento pelo perdão recebido.
1-2:
Quando Deus cobre o pecado com  o perdão, o homem se sente liberto.
3-5
Quando, porém, o homem encobre seu próprio pecado, passa a experimentar como peso o sofrimento da culpa e até o próprio Deus.
6-7
Perdoado o salmista volta para a comunidade, que unida canta o perdão. A primeira instrução é que, após o pecado, se suplique a Deus sem perda de tempo.
8-9
Instrução sapiencial, talvez feita por um sacerdote. Na experiência do perdão, o pecador descobre o caminho de Deus, que é o amor que liberta e faz viver. O importante é não ser teimoso como animal selvagem, que precisa ser domado.
10-11
Lição e convite finais: ser injusto é ser insensato, porque a injustiça acarreta sofrimento, enquanto a conversão é fonte de alegria.
33(32)
Hino de louvor ao Deus que cria o universo e intervém na história, conduzindo o seu povo para a vida.
1-5:
O motivo fundamental do louvor é a palavra e a ação de Deus, que realizam a verdade, a justiça e o amor.
6-9:
A  palavra de Deus é eficaz, criando e organizando o universo. O exército de Deus são as estrelas do céu.
10-12:
O projeto de Deus é liberdade e vida para todos. Projeto que se realizará, derrotando os projetos de escravidão e morte, feitos pelas nações.
13-15:
É tolice querer enganar ou manipular Deus. Ele discerne profundamente cada um e sabe através de quem vai realizar o seu projeto.
16-19:
A realização do projeto de Deus não depende do poderio militar, mas da presença do próprio Deus que age dentro da luta pela liberdade e vida.
20-22:
Quando o povo coloca sua esperança em Deus, este lhe responde com  todo o seu amor.
34(33)
Oração de Agradecimento
2-4
O agradecimento é feito no meio da comunidade dos pobres.
5-8
O salmista é um pobre que, em meio a uma situação difícil, fez a experiência da solidariedade de Deus e foi liberto.
9-11
Convite para a comunidade dos pobres se comprometer com o projeto de Deus, de onde brotou a justiça. Este inverte a forma de sociedade e o rumo da história.
12-23
Grande catequese centrada no temor de Javé. Trata-se de reconhecer que Deus é Deus e que o homem não é Deus. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para que todos possam viver dignamente. Essa é a luta que constrói a paz. Nessa luta Javé toma o partido dos justos, ouvindo o seu clamor libertando-os e protegendo-os. Por outro lado, Javé se posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem.
37(36)
Reflexão sapiencial sobre o destino dos justos e injustos: aqueles possuirão a terra e estes serão excluídos dela.
1-2
A prosperidade do injusto pode causar inveja e irritação no justo, que será tentado a ser como aquele.
3-11
O sustentáculo do justo é a persistência no compromisso com Javé e com o seu projeto, que excluirá os injustos e fará que os pobres possuam a terra. (cf. Mt 5,5).
12-20
O injusto persegue e oprime o justo. Deus toma partido deste e faz que o mal se volte contra o próprio injusto.
21-26
O injusto é governado pela ambição de possuir, explorando todo mundo. O justo, ao invés, é guiado pela solidariedade, repartindo tudo o que tem.
27-29
O maior desafio é persistir na prática da justiça.
30-38
O justo é capaz de viver a sabedoria e a justiça, porque sua consciência (coração) é formada segundo o projeto de Deus. Desse modo, os justos se tornam agentes de um processo social que se contrapões à ideologia e política do injusto.
39-40
Enquanto os injustos dominam, os justos vivem no aperto. A esperança de uma nova história, porém, nasce da perseverança dos justos, porque Deus é seu aliado.
40(39)
Oração de agradecimento, incluindo a súplica numa situação que acarreta perigo de vida.
2-4
Libertando um salmista de um perigo de morte, a ação de Deus torna-se motivo de confiança para a comunidade que participa do agradecimento.
5-6
Pequeno hino de louvor lembrando as intervenções libertadoras de Deus. Feliz o justo que na dificuldade não confia em seu projeto pessoal, mas busca libertação no projeto de Deus.
7-9
Por ocasião do agradecimento, costumava-se oferecer um sacrifício. Deus, porém, não  quer sacrifício, e sim que o homem realize a vontade dele. Para isso, é preciso assimilar o projeto de Deus (“lei”).
10-11
Não basta assimilar. É preciso também anunciar a justiça de Deus, através da palavra e ação.
12-13
A vivência e testemunho se transformam em súplica de Deus para que continue agindo em outras situações.
14-16
Talvez seja o conteúdo da súplica que gerou a libertação e o agradecimento.  A situação é claramente de conflito social.
17-18
O salmista pertence à comunidade dos pobres, cuja única defesa consiste em se organizar ao redor de Deus e de seu projeto.
44(43)
Súplica coletiva em tempo de dificuldade nacional.
2-9
Em tempos difíceis, o povo olha para trás e retoma a consciência de sua própria história de lutas e conquistas, chefiada pelo próprio Javé, que por amor libertava o povo diante dos opressores.
10-17
Agora, porém, as coisas mudaram: Deus parece ter abandonado o seu povo, ao torná-lo presa fácil do opressor ganancioso.
18-23
Apesar de tudo isso, o povo não se esqueceu de Deus, nem lhe traiu o projeto, para servir ao projeto dos deuses falsos. Resta então a pergunta: Por que tudo isso está acontecendo? Por que o povo de Deus é perseguido dentro da história?
24-27
A espera na dificuldade parece não ter fim. Será que Deus está dormindo? A súplica conscientiza o povo e procura despertar Deus para agir outra vez, "por teu amor".
45(44)
Elogio dedicado ao rei, por ocasião do casamento.
2
Dedicatória.
3-10ª
A função do rei é lutar pela verdade e justiça, defendendo o povo, principalmente em conflitos internacionais.
10b-18
Após explicar o novo estilo de vida da noiva, o salmo descreve sua entrada até o rei, para a cerimônia do casamento.
45(44)
Elogio dedicado ao rei, por ocasião do casamento.
2
Dedicatéoria.
3-10ª
A função do rei é lutar pela verdade e justiça, defendendo o povo, principalmente em conflito internacionais.
10b-18
Após explicar o novo estilo  de vida da noiva, o salmo descreve sua entrada até o rei, para a cerimônia  do casamento.
46(45)
Hino a Jerusalém, provavelmente depois que o exército de Sequerib se retirou no ano 701 a. C. (cf. 2Rs 18,13-19,37).
2-4
Javé, o Deus Criador e Senhor da história, está em aliança com seu povo, protegendo-o contra as forças do caos, que são as nações inimigas. O refrão (cf. VV. 8 e 12) exalta Javé como guerreiro que chefia as lutas do seu povo.
5-7
O cerco da cidade compreendia o corte do fornecimento de água. Ao romper da manhã, o exército de Senaquerib bate em retirada, provavelmente atingido por uma peste. Sua derrota é vista como vitória de Javé (2Rs 19, 35-37).
9-11
Pela manhã o povo destrói o acampamento assírio e incendeia  todos os despojos. O v. 11 talvez seja uma comemoração festiva do acontecimento: Deus vence, não apenas o inimigo, mas também a guerra toda.
47(46)
Hino de louvor à realeza de Javé.
2-5
Javé, Rei do universo e das nações, exerce o seu reinado através daqueles que realizam na terra o projeto dele.
6-10
Inicialmente reconhecido por um povo, Deus se tornará o soberano de todas as nações, realizando a justiça que todos esperam.
50(49)
Oração em estilo profético, apresentando a primeira parte de uma liturgia penitencial. A continuação está no Salmo 51.
1-6
Deus convoca o seu povo para um debate judicial.Ele não se apresenta como juiz, mas como prceiro na Aliança. Não quer cúmplice das injustiças cometidas por seu povo. Testemunhas do debate são o céu e a terra, isto é, a realidade toda, que também comprova a Aliança de Deus com o povo.
7-15
Acusação negativa: Deus não tem nada a criticar sobre o culto realizado por seu povo. Contudo, não pense este que poderá controlar Deus através do culto. Na verdade, o culto não é para Deus, mas para o homem se lembrar de Deus. Os vv. 14-15 são pequeno acréscimo para esclarecer o que Deus espera: que o povo confesse o próprio erro, a fim de absolver Deus como parceiro inocente. A partir daí, o povo poderá clamar a Deus para que o liberte. Essa é a glória de Deus.
16-21
Acusação positiva, tomando como norma o Decálogo. De que adianta conhecer a vontade de Deus, se ela não é posta em prática? Pior que tudo é alguém julgar-se capaz de calar a Deus, tornando-o cúmplice dos erros humanos. Isso, na realidade, seria reduzir Deus ao tamanho da hipocrisia humana. Ele, porém, não se cala. O v. 16a interrompe a fala de Deus; é portanto um acréscimo.
22-23
Com Deus não se brinca! Quem se esquece dele, corre o risco de ser por ele destruído. ) v. 23 repete o v. 14, acrescentando o seguinte: mesmo quando acusa, Deus está concedendo uma graça. Na conversão, o pecador redescobre a si mesmo, a vida, e a Deus.
51(50)
Súplica penitencial, com reconhecimento do pecado e com pedido de perdão. É a segunda parte da cerimônia iniciada com o salmo 50: frente à acusação feita por Deus, só resta ao homem confessar o próprio pecado.
3-11- Retrato do pecador. Obsecado pesa culpa o pecador descobre que o pecado é sempre, e em primeiro lugar, uma ofensa contra Deus, o parceiro da Aliança. Assim, confessar o pecado, significa, ao mesmo tempo, absorver Deus como inocente, libertando-o de qualquer cumplicidade. Reconhecendo a solidariedade dele, o pecador começa a ressuscitar,pedindo perdão:  “purifica-me”, “lava-me”, “devolve-me a alegria”.
12-15- No arrependimento começa o reino da graça. O perdão é nova criação, que dá ao homem um espírito firme, santo e generoso. Resultado disso é a missão: o pecador perdoado trona-se missionário que ensina aos outros o caminho da volta para Deus.
16-19- Castigo do pecado é a morte (sangue). Alusão talvez a um crime que merecia a pena capital. Perdoado, o homem pode louvar a Deus, reconhecendo-lhe a misericórdia (cf. salmo 32 e 103). Os VV. 18-19 retomam o tema do salmo 50,14.23: Deus quer o sacrifício da confissão, para que o homem se liberte do pecado,  e o próprio Deus fique isento de qualquer cumplicidade.
20-21: Claro acréscimo feito depois do exílio. No espírito do salmo, os exilados primeiro deverão converter-se, confessando a própria infidelidade ao projeto de Deus. Depois, Deus aceitará novamente as cerimônias cultuais.
54(53)
Súplica do justo em meio à opressão causada pelos injustos.
3-5
Apela para o Deus libertador, cujo nome foi revelado no Egito por ocasião da libertação (Ex 3,14). O motivo é a pressão social causada pelos injustos soberbos e violentos, que usurpam o lugar de Deus para oprimir  e explorar o povo.
6-7
Deus se alia ao pobre e ao oprimido, para libertá-los dos poderosos que os exploram e oprimem. O pobre confia nessa fidelidade de Deus e suplica por justiça: que Deus volte contra o injusto o mal que este fabrica para os outros.
8-9
A maior alegria dos justos é experimentar a bondade de Deus e contemplar a derrota dos opressores.
55(54)
Súplica do justo, acusado e perseguido pelos mantenedores de uma sociedade corrupta.
2-10
O apelo a Deus nasce das dificuldades externas que têm repercussões internas: por fora, perseguição, calúnia e acusação; por dentro, medo, angústia e ansiedade. O salmista pensa até em fugir: é preferível viver no deserto. 
11-15
Descreve com vigor a corrupção da cidade, dominada pela violência e discórdia, crime e injustiça, opressão e fraude. Em lugar de verdade, comunhão e partilha, reina a mentira, divisão e exploração. E o pior é que até as relações mais íntimas se deterioram: o amigo se transforma em adversário traidor.
16-24
Em vez de fugir, o salmista parte para a súplica: que Deus faça justiça, castigando os injustos, para resgatar a honra e a vida do inocente. Característica fundamental do injusto é não temer a Deus, ou seja, ele tenta usurpar o lugar de Deus, falsificando a si mesmo e tornando-se um falso deus, promotor da escravidão e da morte. O v. 23 interrompe a sequência. Talvez sejamuma palavra de encorajamento do sacerdote: o justo confia sua causa ao Deus que fas justiça, pois "ele jamais permitirá que o justo tropece".
56(55)
Súplica durante a perseguição.
2-4
Descrição rápida da situação.
5
A solidariedade de Deus com o oprimido faz que o opressor esteja em primeiro lugar contra o próprio Deus. Este refrão se repete nos vv. 11-12.
6-7
Nova descrição dos inimigos: suas tramas escondidas são piores que o ataque aberto.
8-10
A vida do oprimido e marginalizado parece triste e sem sentido. Deus, porém, está com ele, dando sentido ao sofrimento de sua vida errante. A própria lágrima é o clamor do oprimido, que move Deus a fazer justiça, derrubando o opressor.
13-14
Ao suplicar, a pessoa fazia também uma promessa de agradecimento. A libertação ensina o homem a viver comprometido com o projeto de Deus.
57(56)
Súplica e agradecimento de um refugiado no Templo.
2-5
Acusado injustamente, o salmista se refugia no Templo, que é a casa de Deus e de todos aqueles que se encontram em dificuldades. A esperança é que Deus manifeste seu amor e fidelidade, fazendo justiça.
6
O refrão, repetido no v. 12, pede que Deus manifeste sua glória, iluminando a terra com sua justiça.
7-11
A ruína dos inimigos, pegos em suas próprias armadilhas, é prova de que eram eles os culpados. Os vv. 9-11 trazem uma oração de agradecimento, a ser cantada pela manhã. Tema: o amor e a fidelidade de Javé, que serão proclamados para o mundo inteiro. Assim o Deus verdadeiro, pouco a pouco, vai sendo reconhecido por todos.
63(62)
Súplica de um levita exilado.
2-3
Longe do Templo, onde se manifesta a presença do  Deus da Aliança, o levita se sente privado do seu elemento vital.
4-6
Na esperança de voltar um dia a participar do louvor e banquetes rituais, o salmista reconhece que o amor de Deus vale mais do que a vida. Esta só tem sentido quando movida por esse amor.
7-9
Lembrança de Deus, no silêncio da noite. Mesmo longe do Templo e da terra prometida, o exilado sente a presença de Deus que lhe sustenta o ânimo. Tratas-se de uma presença muito especial: a ausência sentida.
10-12
Os inimigos são os de portadores. A mensão do rei, talvez Sedecias, faz pensar que o salmista teria sido deportado em 597 a.C.
65(64)
Oração coletiva de agradecimento, na qual se reconhece o que Deus  significa para o povo. A ocasião desse agradecimento é a festa da Colheita, logo após o dia do Perdão.
2-3a.
Deus ouve a súplica e responde às necessidades.
3b-4
Deus perdoa os pecados, libertando novamente para a vida.
5
Deus reúne seu povo em sua casa e lhe ensina a repartir os dons que ele próprio concedeu.
6
Deus é esperança de todos, porque realiza a justiça, assumindo a causa dos pobres e oprimidos.
7
Deus é criador do mundo, que ele sustenta e dirige para a vida.
8-9
Deus é o Senhor da história, impedindo que os poderosos abafem a luta dos fracos pela vida.
10-14
Deus é o Senhor da natureza: ele providencia para que o ciclo da natureza se realize e o homem possa viver do fruto de seu trabalho.
66(65)
Oração coletiva de agradecimento.
1-7
Ao convite para agradecer, seguem-se os motivos: a travessia do mar Vermelho, marcando a libertação do Egito, e a travessia do Rio Jordão, marcando a conquista da terra. Dois fatos testemunhando que o Deus vivo é quem governa a história, dirigindo-a no sentido da libertação e da partilha.
8-12
Novo convite para agradecer, agora dirigindo a todos os povos. O motivo é o seguinte: Deus se aliou a um povo, tornando-o testemunha da sua justiça. Foi um longo e difícil tempo de aprendizado, com muitas provações, até que o povo entendesse que sem justiça não existe liberdade e nem vida.
13-15
Alguém aproveita para fazer seu agradecimento particular.
16-20
Outra pessoa segue o exemplo e conta o seu caso. E assim a comunidade aprende a partilhar e a reconhecer que Deus é a fonte da libertação e da vida.
67(66)
Oração de agradecimento por ocasião da festa da Colheita.
2-8
Colheita abundante é sinal de bênção de Deus. Senhor da vida, para o seu povo aliado. O fato se torna anúncio para todas as nações reconhecerem que o Deus verdadeiro é também o Senhor da história. Ele governa as nações para que a justiça aconteça não só dentro de um povo, mas também nas relações entre os povos. É através da justiça que todos poderão usufruir da colheita e, portanto, da bênção de Deus.
68(67)
Oração de agradecimento por ocasião da festa da  Colheita.
2-8
Colheita abundante é sinal de bênção de Deus, Senhor da vida, para o seu povo aliado. O fato se torna anúncio para todas as nações reconhecerem que o Deus verdadeiro é também o Senhor da história. Ele governa as nações para que a justiça aconteça não só dentro de um povo,  mas também nas relações entre os povos. É através da justiça que todos poderão usufruir da colheita e, da bênção de Deus.
69(68)
Súplica de um inocente injustamente acusado.
2-4
Não tendo mais a quem recorrer, a pessoa suplica a Deus, que é o refúgio dos necessitados.
5
O salmista provavelmente foi acusado de roubo.
6-7
A pessoa acusada resiste até o fim, esperando que Deus a declare inocente, talvez no tribunal do Templo. Se Deus não fizer justiça, outros poderão desanimar e perder a confiança em Deus.
8-13
É por causa de sua fidelidade a Javé e ao projeto dele que a pessoa acaba se tornando alvo de ataques de intrigas. Quem quer sempre encontra motivos para criticar. O v. 10 é citado em Jo 2,17.
14-22
Nada podemos fazer, e não tendo ninguém que o defenda, o salmista recorre a Deus numa espécie de desafio: que ele dê provas de seu amor e fidelidade. Do v. 22 há alusão em Mt 27,34.48.
23-29
Este pedido de justiça implica em condenar os verdadeiros culpados, que muitas vezes se disfarçam atas de acusações e condenações contra os justos.
30-35
Promessa de ação de graças. Quando o pobre e o fraco são libertados, também os outros se alegram e se encorajam, descobrindo que Deus está aliado com eles. Essa é a maior glória para Deus.
36-37
Acréscimo posterior, que adapta o salmo à situação do exílio.
71(70)
Súplica de uma pessoa idosa e doente.
1-3
Depois de uma vida inteira dedicada à fidelidade a Deus, a doença na velhice podia ser interpretada como castigo.
4-8
Olhar para o passado: uma vida inteira foi vivida na esperança e confiança. Deus protegeu continuamente o salmista, que reconhece o fato e proclama esse louvor.
9-11
Mesmo na velhice, o justo tem inimigos à espera de um momento próprio para o atacar.
12-13
Apelo à justiça de Deus.
14-16
Enquanto espera a libertação, o justo confia tanto, que já promete proclamá-la através do louvor.
17-19
O ancião justo é uma testemunha da ação de Deus na história.  Através dele se perpetua a memória do Projeto de Deus dentro da consciência do povo.
20-24
A total confiança na ação de Deus  leva a proteger ação de graças.
72(71)
Oração pelo rei, lembrando a função da autoridade e desejando que o rei realize.
1-4
É função da autoridade realizar justiça e implantar o direito, para que haja paz. Mas, o que é a justiça? É defender a causa dos pobres contra os opressores. Segundo a Bíblia, portanto, o exercício da autoridade deve espelhar a ação do próprio Deus, que liberta o pobre e o fraco, derrotando seus opressores.
5-8
Quando a autoridade é justa, o povo deseja que ela permaneça para sempre e estenda sempre mais a sua ação.
9-14
O desejo se amplia para a esfera internacional: que também as autoridades de outras nações obedeçam a Deus, trazendo-lhe tributos e presentes. Para ela ficar mais rica e poderosa?  Não! Simplesmente porque ela, sendo justa, vai partilhar o poder e a riqueza, criando um reino de fraternidade, onde todos podem ter vida.
15-17
O povo abençoa a autoridade justa, porque esta coloca ao alcance de todos a abundância e a prosperidade. O v. 17 é um desejo: que a fama dessa autoridade perdure e seja bênção para todos os povos.
18-20
Pequeno hino de louvor , encerrando o segundo livro do saltério, formado pelos salmos 42 a 72. O que antes era desejado para o rei, agora é proclamado a respeito de Deus.
73(72)
Meditação em estilo sapiencial sobre a tentação sofrida pelo justo diante da prosperidade dos injustos.
1-3
A prosperidade dos injustos é um grande escândalo, que põe em dúvida a doutrina tradicional (v. 1 ) e provoca a tentação para os justos.
4-12
Retrato do injusto visto pelo justo. O injusto é um privilegiado: goza de boa saúde, não sofre, trata todo mundo com soberba e violência, e vive a tramar injustiças. A sua ambição não tem limites: suga a liberdade e a vida de todo mundo, acumulando poder e riqueza. E tudo impunemente, inclusive blasfemando: "Deus não sabe nada!"
13-17
O justo olha para se mesmo e acha que não vale a pena ser justo. O que fazer? Concordar com o que dizem os injustos? Seria traição! A solução está em perceber o mistério de Deus, que é o seu modo de agir na história.
18-22
Deus faz justiça, arruinando aqueles que arruinavam os outros. Se o homem não compreende isso, é porque ainda não entendeu o projeto de Deus.
23-26
A parte positiva do projeto de Deus consiste na aliança dele com os pobres, para construírem juntos uma nova história. Agora já não importam nem o céu, nem a terra. O que importa é realizar o projeto de Deus. Aí a justiça constrói uma história nova, onde todos podem usufruir igualitariamente a liberdade e a vida.
27-28
A história é testemunha do julgamento de Deus, e a tarefa dos justos consiste em proclamar a obra de Deus que destrói a injustiça.
74(73)
Súplica do povo numa desgraça nacional, provavelmente durante o exílio.
1-9
A invasão babilônica desarticulou  comunidade do povo de Deus, destruindo as bases da identidade: posse da terra, cidade, Templo e instituições. Perdendo tudo, Israel perde também a relação com o seu Deus, que se manifesta através dos profetas e através de sinais na sua história. Será que Deus rejeitou o seu povo?
10-17
Sendo Deus o aliado do povo, a derrota deste é também derrota de Deus. Por isso, a súplica se dirije ao Nome, com o qual Deus se revelou no momento da libertação (cf. Ex 3,14). A seguir, recorda-se a passagem do mar Vermelho (da escravidão a liberdade) e a passagem do rio Jordão (da liberdade para a herança da terra). Os vv. 16-17 recordam que Deus é o Criador e mantenedor do universo. É a este Senhor da história e do universo que o povo suplica, pedindo que ele o liberte e de novo o leve à terra.
18-23
A libertação, porém, é obra da justiça: não é ´possível libertar os exilados sem julgar os opressores. Estes, reduzindo o povo à pobreza e escravidão, ultrajaram o Nome do próprio Deus.
78(77)
Meditação sapiencial sobre a história de Israel. A história testemunha os benefícios de Deus e, ao mesmo tempo, o esquecimento e infidelidade do povo. A memória é a raiz da fidelidade, enquanto o esquecimento leva a infidelidade.
1-2
A história é instrução que ensina o povo a viver. Não é, porém, instrução direta. De fato, os acontecimentos são parábolas, que exigem participação para se captar o sentido delas. Tal sentido faz a história um enigma: é preciso ter a chave da fé para perceber que a história é o processo através do qual Deus age, levando o povo para a liberdade e a vida.
3-6
A história é uma sucessão de gerações que transmitem  uma à outra consciência histórica ou memória ativa, cujo centro é a percepção da presença de Deus e as ações maravilhosas que ele realizou em favor de seu povo.
7-8
Para que contar a história? Para que a nossa geração confie em Deus e, mantendo a lembrança, viva segundo o projeto dele. E também para que a nova geração não repita os erros e infidelidades passados.
9-31
Começa com um fato recente de difícil identificação. Desertar da guerra é castigo vergonhoso e não tanto um pecado. Por que o povo desiste de lutar? Porque se esquece de toda a história passada, em que Deus liderou a conquista da liberdade, guiando o povo para um projeto social novo. No deserto, o pecado do povo foi duvidar que Deus e o seu projeto pudessem satisfazer a todas as necessidades.
32-39
A descrença em Deus e no seu projeto empobrece e encurta a vida do povo. Na dificuldade, todos se lembram e suplicam por salvação. Resolvido o problema, passam a enganar a Deus, porém, supera tudo com sua compaixão, porque sabe, melhor do que os homens, que a condição humana é frágil.
40-55
As infidelidades se repetem pela ausência dessa memória. O salmista relembra a libertação do Egito, recordando sete pragas: uma verdadeira luta entre Deus e o Faraó. Tudo para libertar o povo, guiá-lo com segurança e fazê-lo conquistar a terra. Essa lembrança das lutas passadas encoraja e sustenta a luta no presente.
56-64
Novas infidelidades e afrontas, agora na terra prometida. Tendo abandonado o projeto de Deus, o povo mesmo se ver abandonado e agora sofre as conseqüências de projetos estrangeiros.
65-72
O Salmista termina mostrando a monarquia de Davi como o tempo ideal. Este, de fato, foi fiel ao contrato político com o povo: em troca dos tributos, ele defendeu o povo diante da ganância dos estrangeiros e fez o povo viver na justiça e no direito (cf. Sl 72 e notas).
80(79)
Oração coletiva de súplica, por ocasião de uma invasão inimiga.
2-3
Israel e Javé representam o reino do Norte, do qual se mencionam três tribos.  Trata-se de uma súplica, talvez motivada pela invasão assíria, que destruiu o reino de Israel em 722 a. C.
4
Refrão que se repete nos VV. 8 e 20, ampliando a cada vez o nome de Deus. Ele está sempre no meio de seu povo. No entanto os momentos de perigo e dificuldades são ocasiões de suas grandes  manifestações.
5-7
Javé dos Exércitos é o título do Deus guerreiro, que luta junto com seu povo. A derrota frente ao inimigo é interpretada como castigo divino.
9-12
A situação presente contrasta com a história que Deus já realizou com o seu povo: libertação do Egito, ocupação da terra, expansão no tempo do rei Davi. A imagem da videira ou vinha é comum para representar o povo de Deus.
13-19
Súplicas repetidas, apresentando o motivo para Deus agir: trata-se da tua videira, da tua vinha. A situação difícil é também momento para tomada de consciência e conversão (v. 19).
81(80)
Acusação em estilo profético, convidando o povo a conversão.
2-6a.
Introdução em forma de hino. A ocasião é a festa das Tendas, que relembra a libertação do Egito e a caminhada pelo deserto. A celebração reafirma a fidelidade de Deus do êxodo.
6b.-11
Um profeta toma a palavra para recordar os fatos fundamentais da fé e da história. Fatos que levaram Israel ao compromisso com Deus; libertação da escravidão, tentação no deserto e teofania no Sinai. Tudo isso da direito a Deus para questionar a vida do seu povo, que violou o primeiro mandamento, abandonando o Deus libertador para servir os ídolos opressores.
12-17
A infidelidade acarreta o pior dos castigos: Deus abandona o povo à sua própria consciência pervertida, que passa a trilhar caminhos que não levam para a liberdade nem para a vida. O tom nostálgico, porém, mostra que essa acusação procura fazer o povo voltar a si e converter-se.
84(83)
Hino a Jerusalém, centro das romarias.
2-4
A importância de Jerusalém está no fato de que o Templo, casa de deus da Aliança, é também é a cada de todo o povo. Ao entrar nela, o peregrino se sente livre e à vontade, como os pássaros que aí revoam e fazem seus ninhos.
5-8
O encontro com Deus da Aliança torna feliz quem exerce alguma função no Templo e também aqueles que se dirigem a Jerusalém, fazendo longas romarias. Esse buscar a Deus fertiliza a terra para produzir vida nova.
9-10
Súplica pelo rei (ungido). Este como governante do povo, deve tornar presente a ação do próprio Deus, ou seja, libertar o povo e fazê-lo viver a justiça.
11-13
Em Jerusalém o povo redescobre o sentido da própria vida, refaz seu compromisso com o projeto de Deus e reconhece que este abençoa quem vive aquilo que celebrou em Jerusalém.
85(84)
Oração coletiva de súplica, logo após a volta do exílio.
2-4
Refere-se à recente libertação. O exílio deve valor de purificação, pois encobriu o pecado do povo, isto é, sua infidelidade a Deus.
5-8
Ao chegar do exílio, o povo se defronta com graves dificuldades: organizar a comunidade, estabelecer o culto, reconstruir o Templo, sanar sérios problemas sociais. O plano de restauração, portanto, é ainda uma grande aspiração.
9-14
A essa súplica responde um oráculo do sacerdote: Deus anuncia a paz, plenitude de condições de vida, se o povo se converter ao projeto dele. A glória ou presença de Deus volta à terra, acompanhada pelo amor, fidelidade, justiça e paz, que produzem prosperidade para todo o povo.
86(85)
Oração de súplica, em tempo de perigo e perseguição, talvez na época dos Macabeus.
1-5
Série de súplicas, apresentando os motivos para Deus agir. Desses, o fundamental é que Javé atende sempre a quem o invoca.
6-10
A certeza de ser atendido dá lugar ao louvor, no qual se reconhece que Deus é único e universal.
11-13
Deus exige a integridade, isto é, que o homem sirva apenas a ele e ao seu projeto.  Os VV. 12-13 já adiantam a ação de graças.
14-17
Retoma a súplica, agora descrevendo a perseguição. A libertação fará os inimigos reconhecerem que Deus é aliado dos pobres e oprimidos.
89(88)
Oração de súplica numa catástrofe nacional, com especial menção da promessa de Deus feita a dinastia de Davi.
2-3
O amor e a fidelidade são termos básicos da Aliança e dão a tônica a todo este Salmo.
4-5
A Aliança com Davi fundou uma dinastia perpétua.
6-15
Hino de louvor, proclamando a soberania de Javé sobre o universo e a história. Acima de homens e autoridades está Deus. Ele firma o governo delas com amor e fidelidade, a fim de produzir justiça e direito.
16-19
O povo de Israel se orgulha de ser o escolhido de Javé, com sua função principal de proclamar, através do louvor, o Deus que é sua alegria, honra, força, orgulho, proteção e Rei.
20-30
Em meio ao seu povo, Deus escolheu Davi e sua dinastia, chamados a serem instrumentos para libertar o povo e fazê-lo viver na justiça.
31-38
Essa aliança com Davi foi feita com juramento e, por isso, é perpétua. Mas há uma condição: que os descendentes sejam fiéis. Caso contrário, Deus os castigará.
39-46
A situação presente do povo e do seu rei fazem pensar que Deus está sendo infiel às próprias promessas. Como entender isso?
47-52
Súplicas para comover a Deus, e fazê-lo voltar ao amor e fidelidade, restabelecendo a dignidade do rei.
53
Brevíssimo hino para encerrar o terceiro livro do Saltério, formado pelos salmos 73 a 89.
90(89)
Oração coletiva de súplica, diante da fragilidade e brevidade da vida humana.
1-6
O que é a humana diante da eternidade de Deus? Ele ultrapassa as gerações humanas e toda a criação. Enquanto isso, o homem vive brevemente e acaba morrendo.
7-12
A vida humana torna-se ainda mais curta por causa do pecado e suas consequências: além de breve, ela se transforma em fadiga inútil. O homem é tão frágil que não pode sequer suportar as força e o peso da ira de Deus, que é castigo pelo pecado. O que fazer? O v. 12 mostra que, diante dessa realidade, só resta pedir que Deus nos dê um coração sábio, para vivermos bem o tempo de que dispomos.
13-17
Súplica para que Deus preencha esta vida breve com alegria e júbilo, compensando os anos maus e tristes. É contemplando a obra de Deus na história que se aprende a viver,  suplicando sempre que Deus abençoe e confirma aquilo que o homem realiza com tanto esforço.
91(90)
Meditação em estilo sapiencial sobre a proteção que Deus concede ao justo refugiado no Templo.
1-2
Um sacerdote convida o fiel a confiar em Deus. A oração é feita no Templo, que goza do direito inviolável de asilo para todos os que se encontram em situações difíceis.
3-7
Descrição viva de diversos perigos, entre os quais se destaca a perseguição social.
8-13
Certo da proteção divina, o justo pode confiar, em meio a qualquer perigo. Junto a Deus, ele poderá ver a derrota dos injustos, abandonados à própria sorte. Os VV. 11-12 serão citados por Mt 4,6 e Lc 4,10-11.
14-16
Oráculo do sacerdote, que apresenta a significação da aliança de Deus com o homem que com ele se compromete. A expressão “eu estarei com ele” é desdobrada em sete afirmações: Deus liberta, protege, responde, restabelece a honra(glorifica), dá vida longa e consciência da salvação de Deus vai realizando.
92(91)
Oração de Agradecimento celebrando os atos de Deus.
2-7
O grande sentido e alegria da vida humana em reconhecer e anunciar o amor e fidelidade de Deus, revelados em suas obras, que testemunham o compromisso dele com os pobres e fracos. Quem não compreende isso, desconhece o sentido da vida e da história.
8-12
Os injustos parecem triunfar, mas o Senhor da história é javé. Ele se alia aos justos no grande conflito que estes devem continuamente enfrentar.
13-16
Aliados a Javé, os justos são persistentes e cheios de vida, para anunciarem, na história, que Deus é honesto e não compactua com a injustiça.
93(92)
Hino a realeza de Deus, soberano universal.
1-2
Acima de todos os poderes do mundo, o próprio mundo é trono de Deus, que reina desde sempre.
3-4
As águas são símbolo do caos primitivo, que Deus derrotou para realizar a obra da criação. Na história, esse caos são os projetos das nações que ameaçam o projeto de Deus. Deus, porem, derrota esse caos.
5
Os testemunhos são os mandamentos, que manifestam a santidade de Deus, criando a história da liberdade e da vida.
95(94)
Oração de louvor, com advertência em estilo profético.
1-5
O motivo do louvor é o próprio Deus vivo que criou o mundo e está acima de todos os deuses das nações e seus projetos.
6-7ª
O soberano do universo criou o povo e se aliou a ele, dirigindo-o na história como pastor.
7b-11
Advertência profética: Deus deu a terra ao povo. Seu usufruto, porém, depende da fidelidade dos  antepassados impediu que eles entrassem na terra da liberdade e da vida, a infidelidade da geração atual poderá perdê-la
96(95)
Hino à realeza de Deus, que vem para estabelecer o seu Reino de justiça.
1-6
Louvor a Javé, proclamando a sua vitória sobre os ídolos das nações. A função do povo de Deus é testemunha na história, através do louvor e da ação, o Deus vivo que derrota os ídolos.
7-10
A proclamação central deste louvor é a realeza de Deus, soberano do universo e da história.
11-13
Toda a realidade é convidada a participar do louvor com que o povo aclama seu Deus. Sua realeza se estabelece na história à medida que a justiça triunfa sobre a injustiça. Em cada luta pela justiça, é o próprio Deus que está vindo para reinar.
98(97)
Hino a realeza de Deus, celebrando sua vitória.
1-3:
A vitória de Deus se revela no seu projeto, feito para todas as nações. Trata-se de uma vitória justa, porque salva os pobres e oprimidos.
4-6:
O louvor é uma forma de revelar a realeza de Deus para o mundo inteiro.
7-9:
Essa revelação é fonte de alegria e esperança, porque em cada intervenção histórica Deus funda a justiça e o direito, implantando o seu Reino.
100(99)
Hino de louvor, cantado durante a procissão rumo ao Templo. O v. 5 talvez seja o refrão repetido pelo povo.
1-3
O motivo do louvor é o reconhecimento de que Javé é o único Deus vivo. Ele criou o povo e dele cuida como pastor.
4-5
A bondade de ?Deus se confirma no fato de que ele se alia ao povo, mantendo para sempre o seu amor fiel.
103(102)
Hino de louvor, celebrando o amor de Deus.
1-5
A experiência fundamental do amor de Deus vem do perdão, que liberta do Mac e refaz a vida.
6-14
O amor de Deus, porém, se expressa através da justiça que defende os que não têm defesa, realizando uma história nova, a partir deles. Os VV. 8-14 mostram a dimensão infinita desse amor que se compara ao de um pai para com seus filhos. Voltado para o homem, esse amor de Deus se realiza na compaixão, que é sofrer junto com os que participam da condição humana.
15-18
A essa fragilidade da condição humana contrapõe-se o amor e a justiça de Deus para com seus aliados, que se comprometem com o projeto dele.
19-22
Convocação geral dos seres celestes, para que louvem a Deus por causa do seu amor pelos homens.
104(103)
Hino de louvor cantando a grandeza de Deus, testemunhada no ciclo da natureza. É uma cópia adaptada do hino egípcio ao deus Sol.
1-4
Celebra a grandeza de Deus, envolvido pela imensidão do universo.
5-9
Descreve alguns traços da criação primordial. Trata-se de uma observação simples dos principais fenômenos da natureza.
10-18
Celebra o rítmo harmônico da natureza, em que coexistem pacificamente plantas, animais e seres humanos.
19-26
Dia e noite delimitam o espaço do homem e das feras. Os VV. 24-26 complementam a multiplicidade, beleza e imensidão das criaturas.
27-28
Enquanto os animais se alimentam diretamente da natureza, o homem precisa transformá-la através do trabalho.
29-30
O mistério da vida é visto como mistério da respiração: sopro de Deus que cria, vivifica e renova.
31-34
Neste louvor o homem reconhece o mistério da natureza, descobrindo nele o próprio mistério de Deus.
35
A harmonia da natureza deixa aberta uma questão: por que existem os injustos que produzem desigualdades entre os homens?
107(106)
Oração de agradecimento, celebrando quatro situações típicas. A estrutura é bem marcada: situação difícil, clamor, libertação, agradecimento, conclusão.
1-3
Introduz genericamente o agradecimento, talvez convidando as pessoas para testemunharem a libertação recebida.
4-9
A situação de deserto pode referir-se tanto ao êxodo quanto a volta do exílio.
10-16
A situação de prisão pode significar tanto a escravidão no Egito, como o exílio na Babilônia.
17-22
Libertação da doença, entendida como conseqüência do pecado, mas que pode levar à conversão.
23-32
Perigo em alto-mar, com descrição em detalhes.
33-41
As quatros situações mencionadas proclamam a ação de Deus na história: ele inverte as situações, derrotando os poderosos para libertar os pobres.
42-43
Quem é capaz de ler a história a partir da ação que Deus nela realiza, torna-se sábio. Em outras  palavras tem a percepção da fé.
111(110)
Hino de louvor, resumindo temas de outros hinos.
1-5
No louvor o povo perpetua a memória dos atos de Deus na história, que leva para a liberdade e a vida. Esta é a grande tradição que o povo de Deus conserva.
6-10
Toda a ação de Deus se encaminha para a posse da terra e da Aliança. O grande discernimento da vida (sabedoria) consiste em temer a Javé, ou seja, reconhecer que ele é Deus e que o homem não é Deus.
112(111)
Meditação sapiencial, caracterizando o ser e o comportamento do justo.
1-5
Toda a existência do justo tem como ponto de partida o temor de Deus. Esse temor se manifesta  nas relações sociais fraternas e justas.
6-10
O v. 6 apresenta a idéia mais antiga a respeito da ressurreição: a lembrança permanente da vida do justo, cujo testemunho permanece sempre vivo na memória do povo. O justo está permanentemente voltada para a partilha da vida com os outros.
113(112)
Hino de louvor à misteriosa grandeza de Deus.
1-3
O louvor se dirige ao Nome de Javé, revelado no momento da libertação da escravidão do Egito. Esse Deus será reconhecido para sempre como o Libertador.
4-6
Deus é o grande soberano da história e do universo. Ninguém e nada se compara a ele. O mistério central é que este Deus se eleva e se abaixa: O absoluto transcendente torna-se misteriosamente presente, para se relacionar com as criaturas.
7-9
Deus se torna presente para fazer justiça: libertar os pobres e os fracos, dando-lhes a maior dignidade. Na sua justiça ele recupera os que são marginalizados pelo egoísmo de outros. Aqui, o exemplo de recuperação e libertação da dignidade da mulher. No mundo semita, a mulher devia estar sempre em pé para servi aos homens, e a esterilidade era considerada maldição.
116(114 e 115)
Oração de agradecimento, talvez após cura de uma doença grave.
1-4
O agradecimento se dirige ao Deus que ouve o clamor, libertando para a vida aqueles que o invocam.
5-6
A experiência da libertação faz reconhecer a justiça e o amor que se voltam para os pobres necessitados.
7-9
O reconhecimento da libertação introduz a confiança, que é o clima da fé.
10-11
Parece mudar o tem, agora mencionando uma situação social, talvez de calúnia.
12-14
O agradeciemento é um ato público, onde a pessoa invoca a Deus, cumpre as promessas e ergue o "cálic da salvação", cujo rito desconhecemos.
15-19
A mensão da morte indica que o agradecimento foi feito após a cura de uma doença grave. Note-se o v. 15: a vida de cada pessoa é valiosa para Deus.
117(116)
Hino de louvor ao Deus da Aliança.
1-2
Motivo do louvor: Deus se aliou para sempre com o seu povo. O convite é dirigido aos outros povos, para que todos participem dessa aliança.
118(117)
Oração coletiva de agradecimento estruturando uma celebração litúrgica.
1-4:
Dividida em grupos a comunidade recebe a pessoa que vai agradecer e entoa o refrão, exaltando o amor de Deus.
5-9:
A pessoa começa a contar a experiência de ter sido atendida por Deus, e tira para todos a lição de confiança, que desmascara as falsas seguranças.
10-14:
O tema das nações inimigas faz pensar que o salmista seja o próprio rei.
15-16:
A comunidade responde, celebrando a vitória conseguida com o auxílio de Javé.
17-18:
A pessoa termina o seu testemunho, aludindo a um perigo de morte.
19-21:
A pessoa chega à porta do santuário, pede para entrar, e é recebida pelos sacerdotes pelos sacerdotes.
22-29:
O coro canta a vitória realizada por Deus. A seguir forma-se a procissão até o altar, e cantam-se refrãos, num diálogo alternado entre a pessoa que agradece e a comunidade. Os VV. 22-23 são citados em Mc 12,10-11 e paralelos.
119(118)
Grande meditação sapiencial sobre a Lei de Deus, que aponta o caminho para a justiça e a vida. A composição literária segue o artifício do acróstico, levando essa técnica a sua máxima expressão: são 22 estrofes com 8 versos cada uma e cada verso começa por uma letra do alfabeto hebraico. Além disso, cada estrofe contem em geral, sete a oito sinônimos de lei (palavras, promessa, normas, vontade, estudos, preceitos, testemunhos, mandamentos, verdade). A pretensão do autor é fazer um grande elogio da palavra que revela e faz compreender o projeto de  Deus.
105:
Centro de todo o salmo. A Palavra é a revelação de Deus, que leva o povo a descobrir o sentido da vida e a discernir o seu caminho na história, em meio a diversas situações. Essa Palavra é praticamente a Bíblia toda, principalmente o Novo Testamento. Neste como diz João, “a Palavra se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1,14). Dessa forma, Jesus é não só o maior interprete da Palavra, mas também sua concretização definitiva.
121(120)
Oração de confiança dos peregrinos que caminham para Jerusalém.
1-2
As montanhas eram lugares de refúgio em situações difíceis. Mas o verdadeiro refúgio do povo é o Deus da vida com o seu projeto.
3-8
Deus é o guarda do povo: sempre desperto, ele oferece proteção, tanto para o repouso  como para a atividade do seu povo.
122(121)
Hino a Jerusalém, cantado pelos peregrinos que se dirigem à cidade para ás festas. 
1-2
A alegria de caminhar para Jerusalém se fundamenta na própria vocação da humanidade: reunir-se para partilhar a liberdade e a vida.
3-5
Cidade consistente é a que abriga o povo todo, reunido em torno do projeto de Deus, que assegura a justiça para todos.
6-9
A paz para a cidade é para todo o povo. Ela só é possível a partir do exercício da justiça.
123(122)
Oração coletiva de súplica, cheia de esperança na intervenção de Deus.
1-2
Javé é o soberano do seu povo, que lhe dirige o olhar suplicante.
3-4
A situação é de cansaço, por causa da arrogância e humilhação que o povo sofre por parte dos poderosos.
126(125)
Oração coletiva de súplica (v. 4) fundamentada no agradecimento  pela libertação do exílio.
1-4
Numa situação difícil,  o povo relembra a grande libertação, que se tornou anúncio até para os pagãos.
5-6
Da semeadura e da colheita, o povo aprende que uma  situação nova de prosperidade e alegria se atinge através da tristeza e sofrimentos na luta.
128(127)
Oração em estilo sapiencial sobre a felicidade do justo.
1-4
Temer a Deus consiste em reconhecer que só ele é Deus, e o homem não é Deus. Daí nasce a obediência à vontade de Deus, que abençoa e ensina o caminho da vida: trabalho honesto, amor matrimonial, paternidade e maternidade que partilham a vida.
5-6
Do ciclo familiar para todo o povo: da cidade da aliança Deus abençoa a todos, criando uma história de paz.
130(129)
Oração de súplica durante a doença grave.
1-4
Uma das coisas inexplicáveis da condição humana é a doença.Os israelitas pensavam que era conseqüência do pecado. Somente o perdão podia trazer a cura.
5-8
A noite é hora de súplica; a resposta de Deus vem pela manhã. Da condição particular de um indivíduo, passa-se para a condição do povo: é Deus quem vai resgatar o povo de todo o seu pecado.
132(131)
Oração celebrando a escolha que Deus fez a família de Davi e da cidade de Jerusalém. As dua têm a função de mediar a aliança entre Deus e o povo.
1-5
Pedido em favor de Davi, visto como modelo de autoridade política: saído do povo, ele lutou pelo povo, e o maior desejo em concretizar a aliança entre Deus e o povo.
6-10
Após suas conquistas, Davi localiza a arca da Aliança e a introduz na cidade.
11-12
O exemplo de Davi se reflete na instituição de uma dinastia real: seus descendentes estarão sempre governando Israel (cf. 2Sm 7).
13-18
Em meio à celebração litúrgica, certamente durante uma festa da cidade. Deus abençoa Jerusalém, relembrando que ele age através do contrato que Davi fizera com o povo: organizar o povo para a partilha e defendê-lo dos inimigos.
137(136)
Súplica dos exilados na Babilônia.
1-2
Em meio à beleza de Babilônia, os exilados estão tristes e nem usam instrumentos para acompanhar suas lamentações.
3-6
Por curiosidade oi ironia, os opressores querem conhecer o folclore dos israelitas. Todavia, como cantar no exílio os cantos que celebram a libertação e a conquista da vida? Tudo isso não passa agora de triste recordação.
7
O dia de Jerusalém foi da catástrofe sob as tropas de Nabucodonosor (586 a.C). Os edomitas, parentes e vizinhos dos israelitas, se uniram aos opressores e se aproveitaram da situação (cf. Abdias).
8-9
Em vez de cantar o seu folclore, os exilados entoam  esta maldição: Feliz quem fizer justiça, destruindo até à raiz a ambição que gera escravidão e morte.
138(137)
Oração de agradecimento, celebrando a experiência do atendimento.
1-3
Não é clara a situação da qual a pessoa foi libertada. O fato de gritar, porém, parece indicar uma situação social.
4-6
A pessoa convida outras a participar da ação de graças. O convite aos reis tem algo de aviso: também eles devem reconhecer que Deus é transcedente, mas está sempre presente, para distinguir entre justos e injustos.
7-8
A experiência passada é agora aplicada a novas situações, onde Deus sempre se manifesta como libertador.
130(129)
Oração de súplica durante doença grave.
1-4
Uma das coisas inexplicáveis na condição humana é a doença. Os israelitas pensavam que ela era conseqüência do pecado. Somente o perdão podia trazer a cura.
5-8
A noite é a hora de súplica; a resposta de Deus vem pela manhã. Da condição particular de um indivíduo, passa-se para a condição de povo: é Deus quem vai resgatar o povo de todo o seu pecado.
144(143)
Súplica do rei para que Deus o ajude na luta contra os inimigos do povo.
1-2
Agradecimento ao Deus que lidera as lutas do povo.
3-8
Para desempenhar sua função de defensor do povo, o rei reconhece as próprias limitações e recorre ao supremo Senhor.
9-11
Confiante no auxílio de Deus, o rei promete a ação de graças.
12-14
O maior pedido da autoridade não é para si mesma, mas para o povo a quem ela serve: prosperidade e partilha, força e coragem.
15
Feliz o povo cuja autoridade política não tenta usurpar o lugar de Deus.
145(144)
Hino de louvor ao Nome e ao amor de Deus, testemunhados na história.
1-2
O louvor ao Nome, revelado no momento da grande libertação, recorda que o Deus vivo é o libertador.
3-7
O louvor é um reconhecimento das obras de Deus realiza na história. Transmitido de geração em geração, esse louvor mantém a fé que constrói a história segundo o projeto de Deus.
8-13a
O centro desse projeto é o amor de Deus criando liberdade e vida. O reino de Deus é o amor partilhado entre todos os homens, para eliminar as divisões e desigualdades.
13b-20
O amor de Deus, porém, age de forma partidária, assumindo a causa dos oprimidos que o invocam e colocando-se contra os opressores.
21
Termina com o convite para que todos reconheçam a santidade do Deus libertador.
146(145)
Hino de louvor, proclamando a fidelidade de Deus, que fundamenta a confiança do povo.
1-2
Uma pessoa convida a comunidade a louvar, confessando sua fé.
3-4
Exortação a não absolutizar a pessoa humana. Também os poderosos têm vida frágil e passageira.
5-6ª
O único a merecer confiança é o Deus vivo, que se aliou com o povo.
6b-10
O motivo central do louvor é a fidelidade ao Deus vivo que age na história, fazendo justiça aos oprimidos e libertando os necessitados. Sua ação, porem, implica também a destruição da justiça. É assim que se constitui o reino de Deus. Jesus fez disso o seu projeto (cf. Lc 4,16-21).
147(146-147)
Hino de louvor ao Deus que liberta e restaura a vida do seu povo.
1: Convite ao louvor
2-3
Motivos fundamentais: a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém.
4-11
Deus é o Senhor do universo, conduzindo o ritmo da natureza . É também o Senhor da história, onde realiza o julgamento para libertar os pobres. Sua exigência é que o povo reconheça como único Deus e confie no seu amor.
12-14
O novo convite é feito aos repatriados, que podem agora habitar tranquilos na cidade.
15-20
Síntese: Deus é o Senhor absoluto do universos e da história, que ele dirige com sua palavra.
149
Hino de louvor celebrando a vitória de Deus e do seu povo.
1-2
O cântico novo é a proclamação da libertação definitiva, que se vai construindo pouco a pouco na história.
3-4
O motivo central é amor de Deus por seu povo, dando a vitória aos pobres.
5-9
Acompanhando o canto, uma encenação com dança e espadas celebra o grande julgamento. A suprema função do povo é proclamar a vitória do seu Deus sobre todos os poderosos deste mundo.

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