quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Jeremias

1
4-10
Jeremias recebe a missão de anunciar o esfacelamento de toda uma estrutura social, a fim de assentar os alicerces de uma nova sociedade. A missão será difícil, mas Jeremias não deve temer, pois Javé está com ele. (Cf. nota em 31,23-40).
11-19
Em hebraico, amendoeira se chama “vigilante”, pois é a primeira a dar flores, como que vigiando para anunciar a primavera. Do mesmo modo, Javé está para que as suas palavras se cumpra no tempo certo. A visão da panela indica uma visão vinda do norte e que se realizará, caso o reino de Judá continue obstinado em viver um projeto que não está de acordo com o projeto de Javé.
20
1-6
A autoridade tenta reprimir a ação do profeta. Este, porém, volta à ação com mais veemência ainda. Não é possível conter a palavra e ação que vêm de Deus.
7-18
É a quinta confissão de Jeremias. O texto mostra o íntimo de alguém que entregou a missão profética: primeiro o profeta se sente contrariado por uma missão que ele não escolheu, para a qual Deus o destinou; em segundo lugar, nos momentos difíceis, o profeta tem lampejos de confiança, ao perceber que Deus está ao seu lado, amparando-o com sua presença e força; por fim, forçado,por circunstâncias difíceis, ele chega ao desespero, preferindo até mesmo não ter nascido.
23
1-8
O oráculo é, provavelmente, pós-exílico. Apresenta uma avaliação negativa dos reis de Judá, mostrando que a política deles foi a principal responsável pela queda de Jerusalém e pelo exílio. Os VV. 5-6 manifestam a esperança de um futuro rei justo, que governará o povo conforme a justiça e o direito.
30,1-31,22
A ação profética de Jeremias é dupla: para o Reino do Sul (Judá), ele anuncia o julgamento e o castigo; para o reino do Norte (Israel), que há um século sofre por seus erros, ele anuncia a volta do exílio na Assíria e a restauração do país. Efraim é considerado de maneira particular, talvez porque tenha sido uma das regiões atingidas pela reforma promovida pelo rei Josias em 622 a.C. (cf. 2Rs 22-23). O profeta anuncia a restauração da Aliança: será uma nova criação (31,22) em que a mulher (Israel) cativará o homem (Javé). Não é mais Javé que tentará seduzir o seu povo; o povo é que procurará seduzir Javé.

31
23-40
Após a queda de Jerusalém em 586 a.C., o que Jeremias anunciava para o reino do norte torna-se atual para o reino do Sul.  Nesse momento difícil, o profeta descortina um futuro cheio de esperança: Javé realizará uma  aliança nova  com o povo. A aliança antiga se caracterizava por uma lei externa e por mediações entre Deus e o povo. A aliança nova será uma relação com Deus em que todos terão o senso do amor e da fidelidade, de tal maneira que não serão mais necessárias nem lei externa e nem mediações. O que Jeremias vê aqui é a realização plena do projeto de Deus:  a humanidade nova, em que as estruturas de poder são superadas pela  fraternidade, e as estruturas econômicas pela partilha justa dos bens que Deus concede a todos. Ap 21,1-22,5 repropõe essa utopia democrática de uma humanidade em que todos vivem  totalmente reconciliados entre si e com Deus.
33
14-26

O texto é um acréscimo feito nos primeiros tempos depois do exílio. Os repatriados desanimam diante das dificuldades para reconstruir a vida civil e religiosa. O oráculo abre nova esperança: o povo reencontrará a forma de sociedade desejada, se confiar nas promessas que Deus fez aos antepassados.

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