quarta-feira, 26 de novembro de 2014

TEXTOS E MANUAIS NA CATEQUESE: LIMITES E POSSIBILIDADES

Iniciando a conversa

- Colocar a Bíblia em lugar de destaque, rodeada por textos e manuais de catequese.
- Canto: “Toda Bíblia é Comunicação”
- Conversar sobre os textos usados pelo grupo na catequese: como são usados, necessidade e importância etc.
- Invocar o Espírito Santo.

A vida fala

Em nossos encontros com catequistas, uma das  dúvidas que nos são apresentadas é: que manual catequético utilizar, ou não utilizar nenhum? É uma preocupação coerente com a responsabilidade de educar na fé: queremos ter alguma certeza positiva quanto ao material que subsidiará nossa ação na comunidade.

Para aprofundar nossa reflexão, será bom retornar ao sentido da catequese: um caminho de maturidade na fé, de encontro com Deus, consigo e com os irmãos e irmãs (a comunidade). A fé cristã é, por essência, vivida em comunidade. A catequese é processo, porque acompanha o cristão em toda a sua vida, e não um curso ou uma aula. Ela tem compromisso com a Igreja, para formar o povo de Deus, e com o Reino, para anunciá-lo e denunciar tudo que vai contra ele (é o seu caráter profético).
E onde, então, entram os textos e manuais de catequese? Eles fazem  parte desse processo, há muito tempo, na história da catequese e também  da própria Igreja. Lembremos que, desde o início, nas primeiras comunidades cristãs, as cartas apostólicas ajudaram (e continuam ajudando) a  caminhada do povo de Deus. Textos catequéticos favoreceram a reflexão sobre o caminho a ser tomado (por exemplo, a Didaqué). Qual, então, o jeito “certo” de lidar com esse material hoje?

Critérios e perspectivas

O Estudo n. 53 da CNBB, Textos e manuais de catequese, busca colaborar com os catequistas nessa tarefa. Ele propõe critérios para essa escolha e para a confecção de textos. Assim, aqueles grupos de catequistas que se dispõe à tarefa de produzir um material de auxílio às suas comunidades também devem estar atentos a esses princípios.
Respeitando a diversidade de linguagens, pontos de partida, dinâmicas de estruturação do material, contextos socioculturais que os autores possuem, as propostas da CNBB nos ajudam na seguinte reflexão:
a)- A catequese é realizada em comunidade a fim de formar membros das comunidades cristãs. Pergunta-se: onde está a comunidade nos textos e manuais? Que relevância lhe é dada e como os textos auxiliam na compreensão da vida comunitária cristã?
b)- A catequese é um caminho que busca a interação entre vida e fé, pois recebe o ser humano em sua integridade e a presença de Deus na vida e na história humanas. Pergunta-se como os textos ajudam os catequisandos a expressar as suas experiências de vida e de fé e a integrar essas duas dimensões em suas vidas? A vida e a fé estão presentes como realidades que se integram? A fé ilumina a vida para transformá-la e fazer dos cristãos agentes de transformação das realidades que estão fora do plano de Deus?
c)- A catequese tem na Bíblia seu livro principal, assim como toda a vida e a ação cristã. Os manuais e textos também apresentam a Palavra de Deus como fonte de reflexão? Que tipo de interpretação bíblica é utilizada: ela está coerente com a proposta da Igreja? Jesus Cristo é o centro dos textos e manuais? É para ele que os textos apontam sempre? Ele (suas palavras e gestos) é o conteúdo principal da catequese proposta?
d)- A catequese é, também, “escola de oração”. Dessa forma, os textos ajudam os catequisandos a celebrar a fé e a vida? Ajudam, também, a compreender e vivenciar bem a liturgia na comunidade?
e)- A moral cristã tem na prática do amor seu maior princípio. Qual a visão moral apresentada nos textos manuais a serem utilizados? Propõe, além da moral pessoal, uma moral comunitária e social com base na vida e nas palavras de Jesus e nos ensinamentos da Igreja?
f)- A catequese busca construir uma linguagem que se adapte às várias situações de vida. Os textos e manuais contemplam esse princípio? Levam em conta a idade, as condições sociais e culturais, as condições de necessidades diferenciadas dos catequisandos? As dinâmicas e as linguagens utilizadas consideram o processo de catequese de educação da fé? Ajudam a formar discípulos missionários capazes de responder às questões da vida iluminados pela fé, atuando no sentido de promover a dignidade de todos e todas?

A utilização do material

Feita a escolha, será importante refletir com o grupo de catequistas sobre qual será o papel desses materiais na catequese. Salientamos que o processo catequético deve envolver catequista, catequizando e comunidade. Eles são os agentes principais do processo. Iluminados pela palavra de Deus, os catequistas têm a responsabilidade de preparar os encontros catequéticos. Esse planejamento nunca deve ser substituído pelo “comodismo” de ter um manual.
Os textos e manuais podem contribuir, oferecendo um roteiro organizado para todo o ciclo catequético. Porem não devem ser a única fonte em que os catequistas buscam orientação e material de apoio. Outros textos, livros, vídeos, músicas, jornais, revistas devem também ser consultados e acrescentados ao planejamento catequético. Principalmente a Bíblia: esta nunca deve ser substituída pelos textos nos manuais, mas estes devem apontar para a leitura da palavra de Deus.
O que se espera é que o manual e os textos sejam “subsídios” que contribuam para a caminhada de fé do catequisando, orientado por seu catequista com sua comunidade cristã. Uma tarefa criativa assume seu papel com a participação ativa da coordenação de catequese, do pároco e da comunidade como um todo, para que o catequisando faça seu encontro pessoal com Jesus Cristo e o siga na comunidade e na sociedade.

Para conversar:
a)-Que critério temos seguido para escolher/produzir os manuais e textos da catequese?

b)-Que mudanças temos de fazer, com base nesta reflexão, para melhor utilizar os manuais e textos catequéticos?




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