Antes de sermos catequistas, operários, jogadores de futebol, professores, administradoras de empresas, enfermeiros, motoristas, etc., somos pessoas e, por isso mesmo, mulheres e homens.
Enquanto criaturas de Deus, irmãs e irmãos do universo, nascemos fêmea e machos, mas a cultura, a educação e o dia-a-dia vão nos tornando o que somos chamados a ser plenamente: mulheres e homens. Isso já nos diz que ser mulher e ser homem não é uma simples questão biológica de órgãos sexuais, mas um conjunto de comportamentos, atitudes, qualidades, que nos identificam. Não é somente uma questão externa, mas de dentro pra fora.
A(o) catequista, chamada(o) a educar crianças, jovens e adultos para que vivam uma fé maduram e plena precisa lidar muito bem com a sexualidade, com o seu “ser mulher” e “ser homem”, para colaborar positivamente na formação de pessoas equilibradas, que venham a romper com um mundo preconceituoso e doentio no que se refere ao relacionamento interpessoal.
Vivemos numa sociedade historicamente marcada pelo preconceito de sexo ou gênero, tendo como vítima pessoalmente a mulher. Embora poucos afirmem que a mulher seja inferior ao homem, na prática, esse preconceito é mais comum do que possamos imaginar. Não é raro em pleno século XXI, ouvimos expressões machistas e discriminadoras da mulher ou atitudes que confirmem essa posição: homens que ganham mais pelo mesmo serviço, mulheres sendo impedidas ou maltratadas em profissões antes reservadas somente para homens, discriminação legal da mulher banalização do feminino nos meios de comunicação, etc.
Mesmo dentro das nossas comunidades cristãs, que teoricamente ensinam a igualdade essencial de todas as pessoas, muitas vezes uma cultura machista se impõe, deixando as mulheres, que são a grande força da Igreja, em posição inferior nas decisões e atividades evangelizadoras. Sabemos que a Bíblia foi escrita por pessoas de uma cultura que privilegia extremamente o masculino. Embora Cristo tenha dado as mulheres um tratamento muito digno, sempre prevaleceu na história da Igreja a idéia da mulher como dependente e inferior ao homem. Tradicionalmente, o homem é considerado imagem de Deus – geralmente apresentado com características masculinas – e a mulher, igualmente criada à Sua imagem e semelhança, sempre teve dificuldade de ser vista e tratada com a mesma dignidade.
Muitos atributos foram dados à mulher e ao homem, como se fossem características específicas de cada gênero, isoladamente. Da mulher que se diz emotiva, frágil, indecisa, passional, delicada, bela, pouco racional, feita para o lar e os filhos... Do homem se afirma ter um espírito teórico, abstrato, ser forte, independente, sincero, ativo, inteligente, etc. Na verdade, são rótulos que não correspondem à essência do “ser homem” ou “ser mulher”,mas acabaram sendo aceitos sem questionamentos, gerando a dominação do homem sobre a mulher. Mesmo com tanta luta e organização das mulheres para mudar esses conceitos, especialmente desde a década de 70 do século passado, ainda muitas dessas opiniões estão enraizadas na mente de nosso povo.
Diante de tudo isso, cabe à (ao) catequista apresentar a verdade completa sobre a mulher e o homem, atendo-se ao seguinte:
a)mulher e homem foram criados por Deus em igual valor e dignidade. Ambos, juntos, formaram a única e verdadeira imagem de Deus;
b)a diferença entre “ser mulher” e “ser homem” vai além do sexo. São diferentes no modo de ver o mundo, de analisar as questões da vida, de reagir diante dos desafios. São diferentes também no corpo e nas qualidades interiores, mas ambos se completam em tudo;
c)o fato de serem diferentes não significa que o mundo deva ser dividido em duas partes e as qualidades da pessoa também. O homem tem dentro de si a “mulher” e a mulher tem dentro de si o “homem”. A tarefa de cada pessoa é integrar dentro de si a feminilidade e a masculinidade. Só na combinação de ambas, ainda que se manifestem de modo diferente, aparece a pessoa em harmonia. Por exemplo, o homem também é intuitivo, emociona-se e chora, assim como a mulher tem competência para a administração e é independente;
d) não se trata, naturalmente, de nivelar tudo, como se mulher e homem fossem iguais em tudo. Há de se ressaltar e valorizar as diferenças, que são enriquecedoras. Se houve um período em que a mulher batalhou pelo seu espaço e fez muitas conquistas, o homem também precisa achar o seu lugar verdadeiro. Somente no respeito é que teremos relacionamentos mais saudáveis e pessoas equilibradas;
e) é de grande importância criar essa nova consciência nos catequizandos, valorizando suas diferenças de gênero e mostrando sua igual dignidade. Romper com os rótulos e preconceitos é um grande desafio para a catequese. A (o) catequista tem que ser o primeiro a se entender e se valorizar.
Revista ECOANDO Formação Interativa com Catequistas - Ano III - nº 10.
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