quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OBEDIÊNCIA: ALEGRIA DE ESCOLHER O NOSSO “MAIS”

Giovanni Marques Santos

Para rezar juntos

1) Preparem um ambiente acolhedor, com almofadas ou cadeiras em círculo ao redor de uma vela acesa, uma Bíblia aberta, uma estampa bonita com o rosto de Jesus e algumas imagens retratando nossa realidade.
2) Após desejar boas-vindas aos participantes, o dirigente convida a ouvir e a meditar a letra da canção “Vocação”, do padre Zezinho.
3) Em seguida, alguém proclama o texto do encontro de Jesus com o jovem rico: Mt 19, 16-22.
4) O dirigente motiva os participantes a conversar sobre estas e outras questões:
·        O que é a “voz do vento” de que o Pe. Zezinho fala na canção? Alguém do grupo já experimentou? Como ela se manifesta na nossa vida? É algo de bom se sentir?
·        O que essa “voz do vento” tem a ver com a proposta que Jesus fez ao jovem rico do evangelho? Se o encontro com Jesus e o chamado que ele faz são algo bom, por que o jovem rico voltou para casa triste?
·        É fácil tomar decisão de que falam a canção e o texto bíblico? Por que?

5) Para prosseguir a reflexão, pode ser lido o texto que segue.
6) Em respostas aos apelos da palavra de Deus, o grupo realiza preces espontâneas pela Igreja, por seus pastores e ministros leigos, pelas necessidades do mundo e da comunidade.
7) Conclui-se com um Pai-nosso, uma Ave-Maria e um abraço de paz.

“Se ouvires a voz do vento...”: o convite do Espírito
A espiritualidade cristã consiste em nos deixarmos mover pelo Espírito Santo to o tempo, para que possamos prosseguir a missão de Jesus no mundo, que é conduzir a todos para o retorno aos braços do Pai misericordioso. Não se trata de algo romântico, de uma idéia bonita apenas: trata-se de efetiva transformação que o Espírito de Deus vai realizando em nosso comportamento, em nosso modo de ver, sentir, pensar e agir sobre a realidade que nos circunda. O progresso espiritual é feito de pequenas conversões no dia a dia, que são frutos de pequenas escolhas corajosas que vão aproximando o nosso modo de sentir do coração de Cristo, como diz o apóstolo Paulo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).
A autêntica espiritualidade cristã, portanto, vai provocando em nós uma cristificação: vamos escolhendo ficar parecidos com Jesus, movidos pela sabedoria e pela fortaleza que nós dá o Espírito de Deus. O Espírito Santos é Deus em nós: é convite suave e insistente para que sejamos o melhor que podemos ser – o nosso magis (mais), como dizia santo Inácio de Loyola. Esta é a pergunta que o Espírito Santo nos leva a fazer a todo o tempo: qual é o meu mais? A partir dos dons e talentos que recebi, o que de melhor posso fazer por Jesus, pelo meu irmão, por minha comunidade?
O nome da resposta que damos a essa pergunta chama-se obediência. Em sentido espiritual, obedecer não significa ser uma “vaquinha de presépio” sem reflexão, mas ousar perguntar-se pelo melhor modo de se por a serviço de Deus e do próximo, de acordo com as necessidades da comunidade. Dom Luciano Mendes de Almeida, de saudosa memória, sempre que participava de algum encontro pastoral, dirigia-se aos organizadores, ao pessoal da cozinha e da limpeza, dizendo: “Em que posso ser útil? É um modo simples e concreto de ilustrar em que consiste a obediência  evangélica: ousar oferecer o melhor de nós para realizar a vontade de Deus e o bem do próximo.

“Se ouvires a voz do tempo...”: os apelos do conforto
Sabemos, entretanto, que não é tão fácil dizer sempre “sim” às inspirações do Espírito Santo em nossa vida. O apego a nosso conforto exerce sobre nós u,a força muito grande. A voz  do Espírito em nós nos seduz e nos toca do modo mais profundo possível, porém há muitas outras vozes também sedutoras – apesar de superficiais, epidérmicas – que nos fazem ceder aos apelos da civilização do conforto.
Para o mundo de hoje, vive bem quem leva uma vida prazerosa aqui e agora. Aos poucos vamos nos cercar de tanto conforto, que vamos nos tornando totalmente anestesiado em relação ao sofrimento do outro. Aos olhos do mundo, a proposta do evangelho vai se tornando conversa de gente doida, alienada, irracional.

“A decisão é tua...”
O que fazer? Eis a questão, e trata-se de uma resposta que ninguém pode dar em nosso lugar. Esta é a escolha fundamental da vida: optar por seguir Jesus no melhor serviço que posso prestar ao próximo ou centrar minha vida na conquista  e garantia de meu próprio conforto. A última escolha pode nos trazer uma porção de felicidades, nunca satisfeitas, sempre provisórias; a primeira escolha nos trará a felicidade, quem ninguém tirará de nós.
Nem todos tem coragem suficiente para dar esse passo na vida. No texto do evangelho, o jovem rico não a teve e, embora fosse dono de muitos bens, voltou para casa “cheio de tristeza” (Mt 19,22). Os santos todos que conhecemos, canonizados ou não, vivos ou defuntos, são pessoas que ousaram ouvir a “voz do vento” e encontraram o melhor de si mesmas em Deus.
Obediência a Deus significa reflexão, discernimento, escolha alegre da nossa ”melhor parte” e desobediência a tudo o que contraria a vontade divina, por mais bonito e até religioso que inicialmente possa parecer. Quando transformo meu serviço eclesial em instrumento de vaidade, comodismo e exploração do outro, torno-me o que há de mais odioso: o lobo na pele do cordeiro, o mercenário que não é pastor, o demônio travestido em anjo de luz.

E tu, meu irmão e minha irmã? Qual a tua escolha? A decisão é tua...

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