Giovanni
Marques Santos
Para
rezar juntos
1) Preparem
um ambiente acolhedor, com almofadas ou cadeiras em círculo ao redor de uma
vela acesa, uma Bíblia aberta, uma estampa bonita com o rosto de Jesus e algumas
imagens retratando nossa realidade.
2)
Após desejar boas-vindas aos participantes, o dirigente convida a ouvir e a
meditar a letra da canção “Vocação”, do padre Zezinho.
3)
Em seguida, alguém proclama o texto do encontro de Jesus com o jovem rico: Mt
19, 16-22.
4) O
dirigente motiva os participantes a conversar sobre estas e outras questões:
·
O que é a “voz do vento” de que o Pe.
Zezinho fala na canção? Alguém do grupo já experimentou? Como ela se manifesta
na nossa vida? É algo de bom se sentir?
·
O que essa “voz do vento” tem a ver
com a proposta que Jesus fez ao jovem rico do evangelho? Se o encontro com
Jesus e o chamado que ele faz são algo bom, por que o jovem rico voltou para
casa triste?
·
É fácil tomar decisão de que falam a
canção e o texto bíblico? Por que?
5)
Para prosseguir a reflexão, pode ser lido o texto que segue.
6)
Em respostas aos apelos da palavra de Deus, o grupo realiza preces espontâneas
pela Igreja, por seus pastores e ministros leigos, pelas necessidades do mundo
e da comunidade.
7)
Conclui-se com um Pai-nosso, uma Ave-Maria e um abraço de paz.
“Se
ouvires a voz do vento...”: o convite do Espírito
A
espiritualidade cristã consiste em nos deixarmos mover pelo Espírito Santo to o
tempo, para que possamos prosseguir a missão de Jesus no mundo, que é conduzir
a todos para o retorno aos braços do Pai misericordioso. Não se trata de algo
romântico, de uma idéia bonita apenas: trata-se de efetiva transformação que o
Espírito de Deus vai realizando em nosso comportamento, em nosso modo de ver,
sentir, pensar e agir sobre a realidade que nos circunda. O progresso
espiritual é feito de pequenas conversões no dia a dia, que são frutos de
pequenas escolhas corajosas que vão aproximando o nosso modo de sentir do
coração de Cristo, como diz o apóstolo Paulo: “Tende em vós os mesmos
sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).
A
autêntica espiritualidade cristã, portanto, vai provocando em nós uma
cristificação: vamos escolhendo ficar parecidos com Jesus, movidos pela
sabedoria e pela fortaleza que nós dá o Espírito de Deus. O Espírito Santos é
Deus em nós: é convite suave e insistente para que sejamos o melhor que podemos
ser – o nosso magis (mais), como dizia santo Inácio de Loyola. Esta é a
pergunta que o Espírito Santo nos leva a fazer a todo o tempo: qual é o meu
mais? A partir dos dons e talentos que recebi, o que de melhor posso fazer por
Jesus, pelo meu irmão, por minha comunidade?
O
nome da resposta que damos a essa pergunta chama-se obediência. Em sentido
espiritual, obedecer não significa ser uma “vaquinha de presépio” sem reflexão,
mas ousar perguntar-se pelo melhor modo de se por a serviço de Deus e do
próximo, de acordo com as necessidades da comunidade. Dom Luciano Mendes de
Almeida, de saudosa memória, sempre que participava de algum encontro pastoral,
dirigia-se aos organizadores, ao pessoal da cozinha e da limpeza, dizendo: “Em
que posso ser útil? É um modo simples e concreto de ilustrar em que consiste a
obediência evangélica: ousar oferecer o
melhor de nós para realizar a vontade de Deus e o bem do próximo.
“Se
ouvires a voz do tempo...”: os apelos do conforto
Sabemos,
entretanto, que não é tão fácil dizer sempre “sim” às inspirações do Espírito
Santo em nossa vida. O apego a nosso conforto exerce sobre nós u,a força muito
grande. A voz do Espírito em nós nos
seduz e nos toca do modo mais profundo possível, porém há muitas outras vozes
também sedutoras – apesar de superficiais, epidérmicas – que nos fazem ceder
aos apelos da civilização do conforto.
Para
o mundo de hoje, vive bem quem leva uma vida prazerosa aqui e agora. Aos poucos
vamos nos cercar de tanto conforto, que vamos nos tornando totalmente
anestesiado em relação ao sofrimento do outro. Aos olhos do mundo, a proposta
do evangelho vai se tornando conversa de gente doida, alienada, irracional.
“A
decisão é tua...”
O
que fazer? Eis a questão, e trata-se de uma resposta que ninguém pode dar em
nosso lugar. Esta é a escolha fundamental da vida: optar por seguir Jesus no
melhor serviço que posso prestar ao próximo ou centrar minha vida na conquista e garantia de meu próprio conforto. A última
escolha pode nos trazer uma porção de felicidades, nunca satisfeitas, sempre
provisórias; a primeira escolha nos trará a felicidade, quem ninguém tirará de
nós.
Nem
todos tem coragem suficiente para dar esse passo na vida. No texto do
evangelho, o jovem rico não a teve e, embora fosse dono de muitos bens, voltou
para casa “cheio de tristeza” (Mt 19,22). Os santos todos que conhecemos, canonizados
ou não, vivos ou defuntos, são pessoas que ousaram ouvir a “voz do vento” e
encontraram o melhor de si mesmas em Deus.
Obediência
a Deus significa reflexão, discernimento, escolha alegre da nossa ”melhor parte”
e desobediência a tudo o que contraria a vontade divina, por mais bonito e até
religioso que inicialmente possa parecer. Quando transformo meu serviço
eclesial em instrumento de vaidade, comodismo e exploração do outro, torno-me o
que há de mais odioso: o lobo na pele do cordeiro, o mercenário que não é
pastor, o demônio travestido em anjo de luz.
E
tu, meu irmão e minha irmã? Qual a tua escolha? A decisão é tua...
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