O
CATEQUISTA CONVIVE COM O CATEQUISANDO
Pe.
Vanildo de Paiva
1 –
Para aquecer o coração e a reflexão
§ Cadeiras em círculo. Ambiente acolhedor. No centro, um
pano colorido, imagem do Menino Jesus. Fotos dos catequisandos e de encontros
de catequese. Vela. Flores. Bíblia.
§ Refrão orante: “Onde reina o amor, fraterno amor, onde
reina o amor, Deus aí está!”
§ Texto bíblico: Fl 2,4-11.
§ Silêncio. Meditação. Partilha: que sentido tem o
mistério da encarnação de Jesus para a missão do(a) catequista? O que dizer
“convivência” na catequese?
§ Abraço da paz
2 –
Para aprofundamento do tema
A
comunhão divina e o mistério da comunhão eclesial
“Sair
de si mesmo para unir-se aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o
veneno amargo da emanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que
fizermos” (A Alegria do Evangelho – AE, n. 88). Com estas palavras bonitas e
tão sérias, nosso querido papa Francisco exorta os cristãos a reagir às ondas
do individualismo e isolamento muito próprias dos tempos atuais. Repropondo o
“ideal cristão”, o papa nos lembra que nossa fé” convidará sempre a superar a
suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes
defensivas que nos impõe o mundo atual” (AE, n. 88).
De fato,
vivemos em uma sociedade que tem no egocentrismo e na defesa do particular suas
grandes linhas ideológicas. Vão se tornando cada vez mais raros os gestos de
solidariedade e comprometimento com o processo de construção da felicidade
alheia. “Se eu estou bem, o resto não é problema meu” é, infelizmente, o que se
ouve e se observa nas posturas de muita
gente, também em nossas comunidades eclesiais. Retomar os evangelhos nos
recolocará diante das grandes utopias cristãs do amor (cf. Lc 10,30-37), da
partilha (cf. Jo 6,1-15), da saída de si para servir o outro (cf. Jo 13, 1-17),
como tão bem viveu e ensinou Jesus.
O
mistério da comunhão dos cristãos encontra na Trindade santa sua origem é
inspiração. A divina comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo – mesma e
única divindade e amor – fundamenta as relações entre os cristãos, de tal modo
que somos continuamente incitados à experiência da convivência fraterna e
amorosa, pois é na prática do amor que seremos conhecidos como discípulos de
Jesus “Eu dou a você um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu
amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns com
os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13, 34-35).
De
modo muito especial, a convivência divina coma humanidade, na pessoa de Jesus
de Nazaré, torna-se modelo de dinâmica do cristão, convidado a adentrar a vida
do seu semelhante para melhor compreendê-lo e ajudá-lo. É a Gaudim ET Spes,
documento do Concílio Vaticano II, que nos fala da importância da convivência
de Jesus com nossa realidade histórica: “Porque, pela sua encarnação, ele, o
Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas,
pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um
coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós,
semelhante a nós em tudo, exceto o pecado” (n. 22).
A
convivência da(o) catequista com seus catequisandos
Conviver
com seus catequisandos é um grande desafio para os catequistas, que quase
sempre estão acostumados com a correria do dia a dia, com grupos grandes, ou
moram distantes de seus catequisandos. Tudo isso sem falar de uma mentalidade
“magisterial” presente ao imaginário de muitos catequistas, os quais,
considerando-se professores de seus catequisandos, permanecem a distância deles
e contentam-se em dar “aula” de catequese!
Conviver
exige conversão à comunidade e ao outro, bem como renovação do método, do jeito
de fazer catequese. Converter-se à comunidade quer dizer compreendê-la como
espaço e caminho especial de experiência
de deus no convívio com os irmãos. É na partilha e nas experiências de
vida fraterna que a fé vai se fortificando e a vida cristã se concretiza.
Conviver significa, então, conhecer a fundo a vida de cada catequizando, suas
dificuldades e desafios, os valores e necessidades de cada um deles. Só assim
será possível lançar as sementes da mesma e única Palavra em um terreno já
conhecido e trabalhado. Significa exercer a solidariedade, aprofundar a empatia,
colocar-se no lugar do outro para que a catequese consiga a tão necessária
interação entre a mensagem apresentada e a vida dos catequisandos. No dizer do
papa Francisco, “o evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro
com o outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e
suas reivindicações, com a sua alegria contagiante permanecendo lado a lado”
(AE, n. 88).
Converte-se
a um modelo renovado quer dizer relativizar o livro e a postura de “professor”
para colocar-se no lugar de irmão(ã) maior e mais experiente dos catequizandos,
companheira(o) de caminhada, tendo na realidade deles o ponto de partida e de
chegada do processo catequético. Conviver desafia a gastar tempo para deixar
que o outro seja, não impor nada – nem mesmo doutrinas da Bíblia ou do
magistério -, mas ir no ritmo do grupo e de cada pessoa. Para isso, a
convivência exige do catequista ir lá onde o catequizando está, conhecer sua
família, seu estilo de vida, o modo como enfrenta seu cotidiano, a maneira
peculiar pela qual lida com os problemas e com os sonhos diante de sua
realidade.
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