quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O CATEQUISTA E OS PROJETOS PASTORAIS


          Coisas que nos fazem pensar...

          O debate estava inflamado na reunião de catequistas.

          Tudo começou quando Helena, a coordenadora do grupo, fez o convite a todos os catequistas para que participassem do retiro espiritual promovido pela dimensão missionária da paróquia, que se realizaria no próximo domingo. Alguns catequistas estavam empolgadíssimos com o retiro,  mas havia um grupo “puxando para trás”.

          Foi então que Renato falou em nome do seu grupo:

          _ Nós não vemos necessidade alguma de participarmos desse retiro. Nós somos catequistas, e não missionários. Não é um retiro para catequistas. O que vamos fazer lá?

          O termo “PASTORAL”

          Quando nos perguntam de que pastoral participamos, logo respondemos: da Pastoral Catequética! Essa resposta está certa, sob alguns aspectos, mas incompleta.
          Antes de pensarmos nesta ou naquela pastoral, precisamos pensar na missão da Igreja. Ela existe para evangelizar, para continuar a missão de Cristo, para levar a todos a  boa nova da vida, da liberdade, da justiça e do amor. E, quando falamos em Igreja, não estamos falando de uma estrutura ou de uma instituição, simplesmente. Estamos falando de todos e cada um de nós que, pelo batismo, nos tornamos também “pastores” do povo de Deus, como Jesus.
          De “pastor” vem o nome “pastoral”, que  comumente usamos para designar uma ação organizada e permanente da Igreja com a finalidade bem definidas e que requer planejamento, pessoas, recursos e... muita oração!
          Pastoral, portanto, é todo empenho feito pelos cristãos que se propõem agir no mundo como Jesus, o Bom Pastor. Ora, fazer como Jesus fez, isto é, “fazer pastoral”, exige de cada um espírito de serviço, colaboração, fraternidade, autêntica caridade, disposição e amor, sobretudo aos mais pobres. O jeito de Jesus “fazer pastoral” muito nos ensina. Sempre no meio do povo, convivendo com todas as pessoas, respeitando a história e o momento de cada um, sem nada impor... Tudo isso nos leva a questionar o modo pelo qual nossa Igreja, nossas comunidades e nós, catequistas, entendemos a nossa missão pastoral!

          As pastorais da Igreja

          Da única e mesma missão da Igreja, que é levar a todos o amor do Bom Pastor, nascem todas as pastorais e iniciativas de evangelização, também a Pastoral Catequética, que assume a tarefa específica de educar na fé crianças, jovens e adultos que já atenderam ao primeiro chamado de Jesus e precisam amadurecer no seguimento dele.
          Cada pastoral, portanto, realiza um aspecto da missão evangelizadora da Igreja, de acordo, com sua vocação. A Pastoral Familiar, por exemplo, auxilia a família de sua missão, que é santificar os relacionamentos no lar e ser fermento de santidade no meio do mundo; a Pastoral da Criança se preocupa com as crianças de 6 anos, especialmente as carentes, para que tenham vida em plenitude... E, assim, cada uma delas aponta para um jeito especial de viver a multiforme graça de Deus.
          No entanto, nenhuma das pastorais tem razão de ser isolada das outras, como se fosse um “departamento” da Igreja ou um trabalho paralelo. Quem pensa assim não entendeu nada do que é “ser Igreja”, a qual, na sua essência, é comunhão e participação. Por isso é preciso atentar para que uma pastoral não se feche no seu mundinho, esquecendo o horizonte maior da comunidade da Igreja.
          A CNBB tem falado muito de Pastoral Orgânica e de harmonia das dimensões da evangelização. Pastoral Orgânica é a vivência da unidade na diversidade da Igreja, com cada pessoa ou pastoral realizando sua missão própria, mas num corpo, em que um órgão depende necessariamente dos outros.
          Uma comparação que pode ajudar é a com um bolo de muitas camadas, cada uma com um  sabor diferente. Quando o bolo é fatiado, prazerosamente de todos os sabores das camadas, que resultam em deliciosa harmonia.

           Os projetos pastorais da catequese

           Naturalmente, a Pastoral Catequética, uma camada tão boa desse grande “bolo”, tem sua missão específica, seu jeito de agir todo especial e seus projetos que orientam os trabalhos. É bom e necessário que assim seja! Mas nenhum catequista pode se concentrar somente em suas atividades, perdendo de vista a comunidade e as tarefas comuns. É lamentável que catequistas se recusem a participar de outras atividades e experiências eclesiais enriquecedoras! Não é possível entender como verdadeira a vocação de um catequista que se limita a ir aos encontros com os catequizandos e, às vezes, nem à missa quer ir, muito menos a outras iniciativas de sua Igreja. Algo está muito errado e precisa ser revisto bem depressa!

          Revista ECOANDO, Formação Interativa com Catequistas – Ano IV – nº 14




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