sexta-feira, 4 de novembro de 2011

JESUS: ALICERCE DA VIDA ESPIRITUAL


           Certamente você já pôde observar um grupo de pedreiros trabalhando na construção de uma casa. Primeiro eles cavam um buraco no chão. Depois, constroem uma estrutura bem resistente: é o alicerce, sobre o qual se erguerá a casa. Toda a firmeza e estabilidade da casa dependem da qualidade do alicerce.
          Também a nossa vida espiritual é como uma casa: deve estar apoiada num alicerce bem firme. E esse alicerce não é outro senão a pessoa de Jesus Cristo. Em outras palavras, em toda verdadeira espiritualidade cristã, Jesus Cristo deve sempre estar em primeiro lugar. Deixar que Jesus – e somente Ele – ocupe o centro de nossa vida, o lugar mais importante em nosso coração: isso é o que se pode chamar de espiritualidade cristocêntrica.

          Conhecendo Deus por meio de Jesus

          É Jesus quem nos mostra quem é Deus: como o Pai é misericordioso, rico em amor e perdão (cf. Lc 15); como é abundante e fecunda a “água viva” Espírito que Ele faz jorrar dentro de nós (cf. Jo 4). Cristo é a única Porta para o acesso ao mistério do Deus Vivo, do Deus Trindade. Por isso, para quem é cristão, é sempre nocivo querer encontrar Deus buscando atalhos e deixando Jesus de lado: corre o risco de se construir toda uma religiosidade embasada numa imagem distorcida e falsa de Deus, moldada segundo a “moda” ou os interesses pessoais. Só olha nos olhos de Deus quem primeiro olha nos olhos de Jesus.
          Não dá, portanto, para cortar caminho, pois Jesus é o Caminho (cf. Jo 14,6). É estreitando nossos laços de intimidade com Ele, experimentando de perto seu jeito de ser e de amar é que podemos conhecer quem é esse Deus. O amor de Deus vivo e verdadeiro manifestou-se com perfeição no amor concreto de Jesus por todas as pessoas, especialmente pelos pobres, pelos doentes, pelos marginalizados. Conhecemos o rosto amoroso de Deus contemplamos o rosto amoroso de Jesus.

          Vivenciar a Espiritualidade de Jesus

          A espiritualidade é um jeito novo de viver a vida, de ver o mundo e de agir sobre ele, sob o impulso do Espírito Santo. Na espiritualidade cristã, esse jeito novo de viver não é outro senão o jeito que Jesus viveu. Ele não teve em sua vida outro vento que impulsionasse senão o sopro do Espírito Santo (cf. Lc 4, 1.14.18). Não há, pois, uma outra forma de viver a espiritualidade cristã a não ser procurar se exercitar cotidianamente na vivência da própria espiritualidade de Jesus que:
·         Retirava-se em oração para conversar longamente com o Pai (cf. Mc 1,35);
·         Deixava-se mover corajosamente pelo Espírito de Deus(cf. Lc 4, 1.14.18);
·         Catequizava e formava a sua comunidade de discípulos, enviando-a em missão (cf. Mc. 3, 13ss);
·         Fazia-se irmão dos mais fracos, aliviando-os de suas dores (cf. Mt 8, 1-4);
·         Posicionava-se contra as injustiças de seu tempo (cf. Mt, 23);
·         Aproximava-se dos pecadores, atraindo-se para uma vida nova (cf. Mt 9,9-13; Jo 4,1-30);
·         Ensinava as pessoas a construírem um mundo novo de partilha, serviço e paz (cf. Lc 6,30-44);
·         Encontrou perseguições e permaneceu firme na missão até a Cruz (cf. Jo 4,34; 18-19).

           Seguimento de Jesus: rocha firme de nossa vida espiritual

          Procurar manter os “olhos fixos em Jesus” (cf. Hb 12,2) e desenvolver os traços da espiritualidade do Mestre na nossa própria vida é o que se pode chamar de seguimento de Jesus. Seguir Jesus é estar profundamente ligado a Ele e comprometido em atualizar seu jeito no contexto em que vivemos. Seguir  Jesus significa, em outros termos, deixar-se apaixonar por Ele e prosseguir sua missão, seu jeito de viver, dentro da realidade do mundo.
         Jesus é, pois, a Rocha sobre a qual devemos construir a casa de nossa vida espiritual. Qualquer outra base que lhe queiramos dar não passará de simples areia (cf. Mt 7,24-27). Uma espiritualidade que não está bem alicerçada no seguimento de Jesus tende a ruir com o tempo e as dificuldades.
         Assim, a devoção a Maria e aos outros santos, as penitências, as procissões, as atividades pastorais e tudo o mais só tem sentido quando nos levam para Jesus, quando nos fazem mais unidos a Ele, e só. O único centro da vida do cristão – e da Igreja! – ser Jesus Cristo, e mais ninguém. Nossa Senhora, por exemplo, sempre nos pede que voltemos nosso olhar para o seu Filho: “Façam tudo o que Ele lhes disser!” (Jo 2,5). O mesmo se pode dizer dos santos: são nossos amigos, companheiros e modelos na escola do seguimento de Jesus. O apóstolo São Paulo entendeu isso muito bem: Sejam mais imitadores, como eu sou de Cristo” (1Cor 11,1). Também nas nossas atividades de apostolado Jesus deve ser sempre a fonte e a meta: é Ele quem nos chama e nos envia: é o nome d’Ele que deve ser anunciado e é por Ele que as pessoas devem se sentir entusiasmadas.

         Contemplando a vida de Jesus

          A contemplação dos mistérios da vida de Jesus é uma maneira excelente de rezar e que nos ajuda a desenvolver essa espiritualidade cristocêntrica. Sobre esse jeito de orar, temos muito a aprender com Santo Inácio de Loyola, nos seus Exercícios Espirituais.
          O que é contemplar? Contemplar é escancarar as portas e as janelas do nosso coração para admirar a beleza da vida, a beleza do outro, a beleza de Deus. É sentir e saborear interiormente o mistério que se contempla. Mistério não é algo secreto, impossível de ser conhecido, mas é algo – ou alguém – que sempre se revela novo para nós...
         O amor contemplativo nos dá acesso ao “mistério” de uma pessoa. A oração de contemplação nos põe em profunda sintonia com Jesus, nos permite perceber quais são os seus sentimentos, ações e reações, que devem também ser os nossos (cf. Fl 2,5). Para isso, a contemplação coloca a imaginação a serviço da oração.

Revista ECOANDO, Formação Interativa com Catequistas, Ano III - nº 9.

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