1-9A figura de Salomão é importante, mas secundária em relação à de seu pai Davi, porque, para o autor, Davi foi o organizador político do povo e o fundador do culto israelita. Davi tinha deixado inclusive o material e o projeto para a construção do Templo. Salomão foi mero executor. Para o autor, a glória de Salomão é um meio de frisar a glória de Javé. A partir do reinado de salomão, é Javé quem passa a habitar no Templo em meio ao seu povo. O autor "esquece" propositalmente todos os erros de Salomão (veja 1Rs 3-11 e notas).
1
1-13
No início, Salomão se coloca diante de Deus, suplicando que seu governo seja, de fato, expressão da vontade divina. Para que isso realmente se concretize, é necessário que a ação política seja dirigida pela sabedoria e conhecimento. Em outras palavras: o governante deve ter conhecimento das necessidades e anseios do povo, para saber discernir os conflitos e encaminhar soluções justas. Cf; também nota em 1Rs 3,4-15.
14-17
Salomão procura imediatamente prover a nação de recursos bélicos, certamente por medidas de segurança. Veja, porém, nota em 1Rs 10,26-29.
1,18-2,15
Cf. npota em 1Rs 5,15-32. O autorde Crônicas, porém, frisa o sentido do Templo dentro da religião: é o lugar para o povo se reunir e invocar a Deus (Nome) e colocar-se diante de Deus e do seu projeto. O texto deixa claro que Deus e do seu projeto. O texto deixa claro que Deus não pode ser contido numa construção, seja ela mateiral (templo, igrejas, etc.), mental (conceitos, sistemas, teologias), seja social (instituições, movimentos, partidos, etc.).
2
16-17
O trabalho pesado se realiza por mão-de-obra estrangeira, recrutada entre os imigrantes. Com isso, o autor parece dizer que Israel não deve sujeitar-se a trabalhos inferiores...
3,1-5,1
Cf. nota em 1Rs 8,1-13. O autor se preocupa em mostrar a função dos levitas, mencionando-os ao lado dos sacerdotes. Dessa forma, ele tenta conciliar o conflito que tinha existido entre sacerdotes e levitas (cf. 1Rs 2,26-46 e nota).
6
3-20
O autor se serve do relato que aparece em 1Rs, para mostrar que Javé realiza o que promete, vindo habitar no meio do povo. Cf. também nota em 1Rs 8,14-29.
21-42
Repete-se aqui, quase literalmente, a oração de Salomão ao inaugurar o Templo de Jerusalém. Cf. 1Rs 8,30-66 e nota. No pós-exílio, tempo em que foi redigido este livro, o Templo é, por excelência, o lugar da súplica, aberto para todas as circunstâncias.
7
1-10
Os sinais de teofonia (fogo do céu, glória de Javé), depois da oração de Salomão, se apresentam como resposta divina às súplicas contidas nessa oração: doravante, o Templo se torna lugar simbólico, onde acontece a relação entre Deus e o povo.
11-22
Cf. nota em 1Rs 9,1-9. O autor de Crônicas atualiza a adversidade para a situação do pós-exílio: as desgraças acarretadas pelo pecado deverão provocar um processo de conversão ao projeto de Javé (estatos e normas --- cf. Dt).
8
1-16
O autor quer salientar a glória de Salomão e o respeito pelos lugares consagrados e pelas observâncias religiosas. Cf., porém, nota em 1Rs 9,10-25.
17-18
Cf. nota em 1Rs 9,26-28.
9
1-12
Cf. nota em 1Rs 10,1-13.
13-24
Cf. nota em 1Rs 10, 14-25.
25-28
Cf. nota em 1Rs 10,26-29.
29-31
Encontramos repentinamente a notícia da morte de Salomão, sem nenhuma alusão à sua decadência (cf. 1Rs 11). Referindo-se a fontes proféticas, o autor parece estar remetendo ao livro de 1Rs 1-11.
10-12
O autor de Crônicas eliminou muitas informações contidas nos livros dos Reis, pretendendo passar a idéia de que o reinado de Salomão foi irrepreensível. Mas não pode negar o resultado catastrófico que se foi preparando ao longo do governo desse rei: a divisão inevitável, que nunca mais seria curada. Doravante, as atenções do autor se concentram no Reino de Judá, onde permanecem a dinastia de Davi e o Templo de Jerusalém.
10,1-11,4
Cf. nota em 1Rs 12,1-24.
11
5-12
Tendo que se contentar com território limitado. Roboão procura reforçar as cidades principais, tornando-as verdadeiras fortalezas.
13-17
Jeroboão se esforçou para dar às tribos do Norte feição político-religiosa própria (cf. nota em 1Rs 12,25-33). O autor de Crônicas, porém, situação em tempo e situação diferentes, procura mostrar Jerusalém como lugar do verdadeiro culto a Javé. É para elas que todos devem dirigir-se.
18-23
A esperteza política no fato de ele distribuir seus filhos por todas as regiões do reino, principalmente nas cidades fortificadas. De um lado, isso evitava competições entre os filhos; de outro, assegurava-lhe o controle de todo o território o controle de todo o território.
12
1-16
Cf. nota em 1Rs 14,21-31.
13,1-21,1
Diferentemente dos livros dos Reis, Crônicas só registram a história dos reis de Judá, considerados como fiéis a Javé. O autor salienta o papel dos profetas no culto a Javé. mostrando que é Javé o protagonista principal de uma política, pela qual os reis se devem guiar.
13
1-23
O autor aproveita as poucas notícias que tem sobre o rei Abias (cf. nota em 1Rs 15,1-8) para mostrar que Jerusalém é o lugar do verdadeiro culto a Javé, e que apenas aí se encontra o sacerdócio legítimo. É só através desse culto que Javé abençoa e concede a vitória ao seu povo.
14
1-14
Sobre Asa, cf. nota em 1Rs 15,9-24. Crônicas mostram que Deus é a garantia da segurança e prosperidade. Ele, nas situações difíceis, sempre se coloca ao lado dos seus, afirmando sua grandeza diante dos inimigos.
15
1-19
Aproveitando vagas notícias de uma reforma feita pelo rei Asa (1Rs 15,11-15), o autor descreve uma cerimônia solene de renovação da Aliança, tal como acontecia nos tempos desse rei. A renovação da Aliança proporcionava coesão do povo ao redor de Javé. Este, ao mesmo tempo, protegia e fortalecia a identidade do povo diante das influências estrangeiras, que poderiam descaracterizá-lo religiosa e culturalmente.
16
1-14
A única sombra no reinado de Asa aparece quando ele recorre à aliança política com estrangeiros. O profeta Hanani, confiante na força de um povo aliado com Javé, critica a atitude de Asa e mostra que o jogo dessas alianças políticas arrastará o país em conflitos contínuos com as grandes potências. O preço a pagar por essa busca imprudente de segurança é muitas vezes mais alto do que o preço da própria insegurança.
17
1-19
Josafá desenvolve um governo forte, procurando destruir a idolatria, fazendo respeitar a Lei e, ao mesmo tempo, fortificando o país diante dos reinos vizinhos. Os levitas, que acompanham os oficiais e sacerdotes, têm a missão de instruir o povo conforme a Lei de Javé, expressa no livro do Deuteronômio. Isso é importante para o autor, porque, depois do exílio, à identidade para a comunidade judaica (cf, Esd 7,25; Ne 8,7-8). Nessa instrução, os levitas têm papel importante. Muito provavelmente, foram eles os autores da catequese que, em meados, do séc. VIII, deu origem ao núcleo central do livro do Deuteronômio (cf, nota em Dr 18,1-8). Dessa forma, o autor reabilita a função ideológica do levitas.
18,1-19,3
Cf. nota em 1Rs 22,1-40.
19
4-11
Este livro das Crônicas atribui ao rei Josafá uma administração judiciária, prevista em Dt 17,8-13 (veja nota) e que só apareceu pelo menos um século mais tarde. O que se pretende é oferecer um modelo para a administração da justiça, acentuando uma provável notícia histórica de que Josafá tivesse feito uma reforma judiciária. Os vv. 6-10 mostram o espírito que deve estar presente no juiz. A função dele é resolver as questões a partir do projeto de Javé.
20,1-21,1
O autor aproveita a notícia de uma guerra contra Judá para veicular uma verdade de fá: Deus está com o seu povo e lhe concede a vitória, mesmo que o inimigo seja mais forte. Não se trata de alimentar confiança temerária, como se Deus estivesse ao dispor de nossos caprichos e grupais. Deus se compromete com a liberdade e a vida dos seus aliados. E, quando estes o invocam, ele se apresenta para preservar essa liberdade e vida, que concedeu como direito permanente de seus aliados. A ação de Deus, porém, não é mágica, nem deixa margem para que os aliados se iludam com suas próprias forças. A vitória é dom, e muitas vezes se manifesta através de acontecimentos inesperados (no presente texto, os inimigos se dividem e se destroem).
21,2-28,27
Temos agora um período de grandes dificuldades nos planos político, social e religioso. Sob a influência do reino do Norte, a política e religião estrangeiras penetram em Judá. Em 745 a.C., a Assíria aparece no horizonte, acentuando ainda em mostrar que a ruína de Judá se deve às suas alianças com o reino de Israel. Tal insistência reflete a situação após o exílio, quando dirigentes da província de Samaria (antiga capital do Reino de Israel) procuram continuamente impedir a reorganização da comunidade judaica.
21
2-20
O reinado de Jorão é desastroso: tirania fratricida, idolatria, fracasso militar, doença e impopularidade. Os vv. 12-15 são a única referência ao profeta.Elias nos livros das Crônicas.
22
1-9
Influenciado pela mãe e aliado com o rei de Israel, Ocozias se arruína, sofrendo as mesmas consequências que marcaram a família de Acab (cf. 1Rs 16-2Rs 10).
22,10-23,21
Cf. nota em 2Rs 11,1-20. O autor salienta o papel dos sacerdotes e levitas, devido à importância deles para a organização da comunidade após o exílio.
24
1-16
Cf. nota em @Rs 12,1-22. Depois do exílio, a coleta se tornará imposto regular em favor do Templo (cf. Mt 17,24), exigido até dos judeus que viviam fora da Palestina.
17-27
Profeta é aquele que mantém a memória do Deus libertador e, por isso, critica e denuncia as autoridades que se servem da idolatria para explorar e oprimir o povo. Incomodadas, essas autoridades matam o profeta, na esperança: a destruição dos promotores da idolatria. A morte do profeta Zacarias ficou famosa e é recordada no Evangelho (cf. Mt 23,35).
25
1-28
A eficácia da luta de um povo depende da presença de Deus que abençoa e dá a vitória, porque essa luta é expressão do seu projeto. Isso não significa, porém, que Deus se comprometa com os caprichos de um grupo. Deus se compromete com as lutas que visam à conquista da liberdade e vida para todos. Por outro lado, o objetivo da luta é desvirtuado, quando não serve mais ao projeto de Deus, mas a projetos egoístas de pessoas ou grupos. Então Deus se retira da luta. e quem for humanamente mais forte acabará vencendo. A palavra profética nos adverte que Deus não é joguete nas mãos do homem. É preciso discernir se a luta do povo está realmente de acordo com o projeto de Deus. Caso contrário, ele entregará o povo às conseqüências de seus próprios caprichos.
26
1-23
O governo do rei Ozias é promissor: desenvolvimento agrícola, progresso tecnológico e defesa militar bem aparelhada. Em outra palavras, o rei proporciona ao povo condições básicas de subsistência e segurança, o que, aliás, é função própria do governo. Os problemas surgem quando o poder político se embriaga e começa a tomar atitudes absolutistas, pretendendo assumir papel religioso dentro da sociedade. Quando o poder político se apossa do controle da religião, o povo perde toda possibilidade de criticar e impedir os abusos do poder.
27
1-9
Sobre Joatão, cf. nota em 2Rs 15,32-38. O país parece estar em segurança e ser capaz de se defender contra as investidas de países vizinhos. O v. 2, porém, mostra que a situação religiosa não era das melhores, preparando o relato das reformas de Ezequias e Josias.
28
1-27
Cf. nota em 2Rs 16,1-20. Os vv. 9-15 fazem grande elogio ao reino do Norte, mostrando que seu povo é capaz de dar ouvidos ao profeta e respeitar o povo de Judá. Cf. parábola do bom samaritano em Lc 10,29-37.
29,1-35,27
Ameaçado pelo império assírio e pelo paganismo, Judá conhece dois grandes momentos: a reforma político-religiosa de Ezequias e, oitenta anos mais tarde, a reforma de Josias. No tempo de Ezequias isso se tornou possível por causa do enfraquecimento momentâneo da Assíria. No tempo de Josias, a Assíria estava em decadência e Babilônia ainda não se tornara grande potência internacional. As duas reformas, porém, se viram logo freadas devido à política internacional.
29
1-36
Cf. nota em 2Rs 18,1-8. O autor de Crônicas aumentou consideravelmente o relato de 2Rs. Ele estava interessado em salientar a importância do Templo e das cerimônias, mas sobretudo a função dos sacerdotes e levitas.
30
1-27
Sobre o significado da Páscoa e dos Pães sem fermento, cf. Ex 12,1-14; 15-20; 21-28 e notas. No momento em que se pretende fazer uma reforma para reestruturar o país, a Páscoa é celebrada a fim de transmitir para as novas gerações a memória esquecida de libertação e vida. Essa festa litúrgica se apresenta como celebração do ideal a ser conseguido na reestruturação: uma sociedade que viva na fraternidade, procure reunir o povo dividido e que deposite sua confiança em Javé, presente na história para libertar da opressão.
31
1-21
A celebração da Páscoa e dos Pães sem fermento se concretiza imediatamente numa prática de fraternidade: a partilha dos bens que supre as necessidades. Notar que a sobra (vv. 8-10) não é acumulada por ninguém.
32
1-23
A fraternidade gera ma coragem para enfrentar o opressor, na certeza de que Deus está com seu povo, dando a ele eficácia na luta. a presença de Deus no anseio de um povo que luta pela liberdade e pela vida, garante a vitória contra os ídolos das nações, por mais poderosas e armadas que elas sejam.
24-33
Sobre a doença, cura e culpa de Ezequias, cf. notas em 2Rs 20. O grande elogio feito a Ezequias se deve certamente ao fato de que ele se esforçou para reunir politicamente todo o povo e levá-lo a redescobrir as tradições legítimas do javismo. Veja, porém, a nota em 2Rs 18,13-16.
33
1-20
Cf. nota em 2Rs 21,1-18. O autor de Crônicas fala de uma conversão de Manassés, procurando assumir justificar o seu longo reinado. De fato, nessa época, segundo a teologia da retribuição, um rei só poderia governar muito tempo e viver longos anos, se caminhasse de acordo com o projeto de Javé.
21-25: Cf. nota em 2Rs 21,19-26.
34
1-18
Cf. nota em 2Rs 22,1-10. Os vv. 3-7 relatam acontecimentos que em 2Rs só se deram após a descoberta do Livro da Lei (cf. 2Rs 23,4-20 e nota).
19-28
CF. nota em 2Rs 22,11-20.
29-33
Cf. nota em 2Rs 23,1-3.
35
1-19
Cf. notas em 30,1-27 e @Rs 23,31-35. Os detalhes da cerimônia refletem provavelmente a celebração d a Páscoa no tempo do pós-exílio.
20-27
A batalha de Meguido marca o fim do governo e da reforma de Josias. Para o autor, a trágica morte de Josias foi causada obstinação, que o levou a desobedecer à palavra de Deus, anunciada pelo próprio Faraó. Sobre o conceito que Jeremias tem do rei Josias, cf. Jr 22,15-16.
36
1-4
Cf. nota em 2Rs 23, 31-35.
5-8
Cf. nota em 2Rs 23,36-27,7.
9-10
Cf. nota em 2Rs 24,8917
11-21
Cf. notas em 2Rs 24,18-25,7;25,8-21.
22-23
O autor quer salientar a glória de Salomão e o respeito pelos lugares consagrados e pelas observâncias religiosas. Cf., porém, nota em 1Rs 9,10-25.
17-18
Cf. nota em 1Rs 9,26-28.
9
1-12
Cf. nota em 1Rs 10,1-13.
13-24
Cf. nota em 1Rs 10, 14-25.
25-28
Cf. nota em 1Rs 10,26-29.
29-31
Encontramos repentinamente a notícia da morte de Salomão, sem nenhuma alusão à sua decadência (cf. 1Rs 11). Referindo-se a fontes proféticas, o autor parece estar remetendo ao livro de 1Rs 1-11.
10-12
O autor de Crônicas eliminou muitas informações contidas nos livros dos Reis, pretendendo passar a idéia de que o reinado de Salomão foi irrepreensível. Mas não pode negar o resultado catastrófico que se foi preparando ao longo do governo desse rei: a divisão inevitável, que nunca mais seria curada. Doravante, as atenções do autor se concentram no Reino de Judá, onde permanecem a dinastia de Davi e o Templo de Jerusalém.
10,1-11,4
Cf. nota em 1Rs 12,1-24.
11
5-12
Tendo que se contentar com território limitado. Roboão procura reforçar as cidades principais, tornando-as verdadeiras fortalezas.
13-17
Jeroboão se esforçou para dar às tribos do Norte feição político-religiosa própria (cf. nota em 1Rs 12,25-33). O autor de Crônicas, porém, situação em tempo e situação diferentes, procura mostrar Jerusalém como lugar do verdadeiro culto a Javé. É para elas que todos devem dirigir-se.
18-23
A esperteza política no fato de ele distribuir seus filhos por todas as regiões do reino, principalmente nas cidades fortificadas. De um lado, isso evitava competições entre os filhos; de outro, assegurava-lhe o controle de todo o território o controle de todo o território.
12
1-16
Cf. nota em 1Rs 14,21-31.
13,1-21,1
Diferentemente dos livros dos Reis, Crônicas só registram a história dos reis de Judá, considerados como fiéis a Javé. O autor salienta o papel dos profetas no culto a Javé. mostrando que é Javé o protagonista principal de uma política, pela qual os reis se devem guiar.
13
1-23
O autor aproveita as poucas notícias que tem sobre o rei Abias (cf. nota em 1Rs 15,1-8) para mostrar que Jerusalém é o lugar do verdadeiro culto a Javé, e que apenas aí se encontra o sacerdócio legítimo. É só através desse culto que Javé abençoa e concede a vitória ao seu povo.
14
1-14
Sobre Asa, cf. nota em 1Rs 15,9-24. Crônicas mostram que Deus é a garantia da segurança e prosperidade. Ele, nas situações difíceis, sempre se coloca ao lado dos seus, afirmando sua grandeza diante dos inimigos.
15
1-19
Aproveitando vagas notícias de uma reforma feita pelo rei Asa (1Rs 15,11-15), o autor descreve uma cerimônia solene de renovação da Aliança, tal como acontecia nos tempos desse rei. A renovação da Aliança proporcionava coesão do povo ao redor de Javé. Este, ao mesmo tempo, protegia e fortalecia a identidade do povo diante das influências estrangeiras, que poderiam descaracterizá-lo religiosa e culturalmente.
16
1-14
A única sombra no reinado de Asa aparece quando ele recorre à aliança política com estrangeiros. O profeta Hanani, confiante na força de um povo aliado com Javé, critica a atitude de Asa e mostra que o jogo dessas alianças políticas arrastará o país em conflitos contínuos com as grandes potências. O preço a pagar por essa busca imprudente de segurança é muitas vezes mais alto do que o preço da própria insegurança.
17
1-19
Josafá desenvolve um governo forte, procurando destruir a idolatria, fazendo respeitar a Lei e, ao mesmo tempo, fortificando o país diante dos reinos vizinhos. Os levitas, que acompanham os oficiais e sacerdotes, têm a missão de instruir o povo conforme a Lei de Javé, expressa no livro do Deuteronômio. Isso é importante para o autor, porque, depois do exílio, à identidade para a comunidade judaica (cf, Esd 7,25; Ne 8,7-8). Nessa instrução, os levitas têm papel importante. Muito provavelmente, foram eles os autores da catequese que, em meados, do séc. VIII, deu origem ao núcleo central do livro do Deuteronômio (cf, nota em Dr 18,1-8). Dessa forma, o autor reabilita a função ideológica do levitas.
18,1-19,3
Cf. nota em 1Rs 22,1-40.
19
4-11
Este livro das Crônicas atribui ao rei Josafá uma administração judiciária, prevista em Dt 17,8-13 (veja nota) e que só apareceu pelo menos um século mais tarde. O que se pretende é oferecer um modelo para a administração da justiça, acentuando uma provável notícia histórica de que Josafá tivesse feito uma reforma judiciária. Os vv. 6-10 mostram o espírito que deve estar presente no juiz. A função dele é resolver as questões a partir do projeto de Javé.
20,1-21,1
O autor aproveita a notícia de uma guerra contra Judá para veicular uma verdade de fá: Deus está com o seu povo e lhe concede a vitória, mesmo que o inimigo seja mais forte. Não se trata de alimentar confiança temerária, como se Deus estivesse ao dispor de nossos caprichos e grupais. Deus se compromete com a liberdade e a vida dos seus aliados. E, quando estes o invocam, ele se apresenta para preservar essa liberdade e vida, que concedeu como direito permanente de seus aliados. A ação de Deus, porém, não é mágica, nem deixa margem para que os aliados se iludam com suas próprias forças. A vitória é dom, e muitas vezes se manifesta através de acontecimentos inesperados (no presente texto, os inimigos se dividem e se destroem).
21,2-28,27
Temos agora um período de grandes dificuldades nos planos político, social e religioso. Sob a influência do reino do Norte, a política e religião estrangeiras penetram em Judá. Em 745 a.C., a Assíria aparece no horizonte, acentuando ainda em mostrar que a ruína de Judá se deve às suas alianças com o reino de Israel. Tal insistência reflete a situação após o exílio, quando dirigentes da província de Samaria (antiga capital do Reino de Israel) procuram continuamente impedir a reorganização da comunidade judaica.
21
2-20
O reinado de Jorão é desastroso: tirania fratricida, idolatria, fracasso militar, doença e impopularidade. Os vv. 12-15 são a única referência ao profeta.Elias nos livros das Crônicas.
22
1-9
Influenciado pela mãe e aliado com o rei de Israel, Ocozias se arruína, sofrendo as mesmas consequências que marcaram a família de Acab (cf. 1Rs 16-2Rs 10).
22,10-23,21
Cf. nota em 2Rs 11,1-20. O autor salienta o papel dos sacerdotes e levitas, devido à importância deles para a organização da comunidade após o exílio.
24
1-16
Cf. nota em @Rs 12,1-22. Depois do exílio, a coleta se tornará imposto regular em favor do Templo (cf. Mt 17,24), exigido até dos judeus que viviam fora da Palestina.
17-27
Profeta é aquele que mantém a memória do Deus libertador e, por isso, critica e denuncia as autoridades que se servem da idolatria para explorar e oprimir o povo. Incomodadas, essas autoridades matam o profeta, na esperança: a destruição dos promotores da idolatria. A morte do profeta Zacarias ficou famosa e é recordada no Evangelho (cf. Mt 23,35).
25
1-28
A eficácia da luta de um povo depende da presença de Deus que abençoa e dá a vitória, porque essa luta é expressão do seu projeto. Isso não significa, porém, que Deus se comprometa com os caprichos de um grupo. Deus se compromete com as lutas que visam à conquista da liberdade e vida para todos. Por outro lado, o objetivo da luta é desvirtuado, quando não serve mais ao projeto de Deus, mas a projetos egoístas de pessoas ou grupos. Então Deus se retira da luta. e quem for humanamente mais forte acabará vencendo. A palavra profética nos adverte que Deus não é joguete nas mãos do homem. É preciso discernir se a luta do povo está realmente de acordo com o projeto de Deus. Caso contrário, ele entregará o povo às conseqüências de seus próprios caprichos.
26
1-23
O governo do rei Ozias é promissor: desenvolvimento agrícola, progresso tecnológico e defesa militar bem aparelhada. Em outra palavras, o rei proporciona ao povo condições básicas de subsistência e segurança, o que, aliás, é função própria do governo. Os problemas surgem quando o poder político se embriaga e começa a tomar atitudes absolutistas, pretendendo assumir papel religioso dentro da sociedade. Quando o poder político se apossa do controle da religião, o povo perde toda possibilidade de criticar e impedir os abusos do poder.
27
1-9
Sobre Joatão, cf. nota em 2Rs 15,32-38. O país parece estar em segurança e ser capaz de se defender contra as investidas de países vizinhos. O v. 2, porém, mostra que a situação religiosa não era das melhores, preparando o relato das reformas de Ezequias e Josias.
28
1-27
Cf. nota em 2Rs 16,1-20. Os vv. 9-15 fazem grande elogio ao reino do Norte, mostrando que seu povo é capaz de dar ouvidos ao profeta e respeitar o povo de Judá. Cf. parábola do bom samaritano em Lc 10,29-37.
29,1-35,27
Ameaçado pelo império assírio e pelo paganismo, Judá conhece dois grandes momentos: a reforma político-religiosa de Ezequias e, oitenta anos mais tarde, a reforma de Josias. No tempo de Ezequias isso se tornou possível por causa do enfraquecimento momentâneo da Assíria. No tempo de Josias, a Assíria estava em decadência e Babilônia ainda não se tornara grande potência internacional. As duas reformas, porém, se viram logo freadas devido à política internacional.
29
1-36
Cf. nota em 2Rs 18,1-8. O autor de Crônicas aumentou consideravelmente o relato de 2Rs. Ele estava interessado em salientar a importância do Templo e das cerimônias, mas sobretudo a função dos sacerdotes e levitas.
30
1-27
Sobre o significado da Páscoa e dos Pães sem fermento, cf. Ex 12,1-14; 15-20; 21-28 e notas. No momento em que se pretende fazer uma reforma para reestruturar o país, a Páscoa é celebrada a fim de transmitir para as novas gerações a memória esquecida de libertação e vida. Essa festa litúrgica se apresenta como celebração do ideal a ser conseguido na reestruturação: uma sociedade que viva na fraternidade, procure reunir o povo dividido e que deposite sua confiança em Javé, presente na história para libertar da opressão.
31
1-21
A celebração da Páscoa e dos Pães sem fermento se concretiza imediatamente numa prática de fraternidade: a partilha dos bens que supre as necessidades. Notar que a sobra (vv. 8-10) não é acumulada por ninguém.
32
1-23
A fraternidade gera ma coragem para enfrentar o opressor, na certeza de que Deus está com seu povo, dando a ele eficácia na luta. a presença de Deus no anseio de um povo que luta pela liberdade e pela vida, garante a vitória contra os ídolos das nações, por mais poderosas e armadas que elas sejam.
24-33
Sobre a doença, cura e culpa de Ezequias, cf. notas em 2Rs 20. O grande elogio feito a Ezequias se deve certamente ao fato de que ele se esforçou para reunir politicamente todo o povo e levá-lo a redescobrir as tradições legítimas do javismo. Veja, porém, a nota em 2Rs 18,13-16.
33
1-20
Cf. nota em 2Rs 21,1-18. O autor de Crônicas fala de uma conversão de Manassés, procurando assumir justificar o seu longo reinado. De fato, nessa época, segundo a teologia da retribuição, um rei só poderia governar muito tempo e viver longos anos, se caminhasse de acordo com o projeto de Javé.
21-25: Cf. nota em 2Rs 21,19-26.
34
1-18
Cf. nota em 2Rs 22,1-10. Os vv. 3-7 relatam acontecimentos que em 2Rs só se deram após a descoberta do Livro da Lei (cf. 2Rs 23,4-20 e nota).
19-28
CF. nota em 2Rs 22,11-20.
29-33
Cf. nota em 2Rs 23,1-3.
35
1-19
Cf. notas em 30,1-27 e @Rs 23,31-35. Os detalhes da cerimônia refletem provavelmente a celebração d a Páscoa no tempo do pós-exílio.
20-27
A batalha de Meguido marca o fim do governo e da reforma de Josias. Para o autor, a trágica morte de Josias foi causada obstinação, que o levou a desobedecer à palavra de Deus, anunciada pelo próprio Faraó. Sobre o conceito que Jeremias tem do rei Josias, cf. Jr 22,15-16.
36
1-4
Cf. nota em 2Rs 23, 31-35.
5-8
Cf. nota em 2Rs 23,36-27,7.
9-10
Cf. nota em 2Rs 24,8917
11-21
Cf. notas em 2Rs 24,18-25,7;25,8-21.
22-23
Os
livros das Crônicas terminam com o anúncio de uma esperança: a volta para a
terra e a reconstrução do Templo, que permitirão ao povo reconstruir sua
identidade e apesar de todas as limitações, continuar a perseguir a
concretização histórica do projeto de Javé. Estes versículos iguais a Esd
1,1-3, mostram que a história continua nos livros de Esdras e Neemias, formando
um conjunto, que se costuma chamar “História do Cronista”.