domingo, 23 de agosto de 2020

Judite

1
1-16
Nabucodonosor é a personificação dos poderosos que pretendem construir um império para dominar o mundo. Sua primeira estratégia é propor alianças. A recusa dos outros países fere o seu orgulho. Então ele mostra suas verdadeiras intenções, partindo para a conquista violenta.
2
1-13
Na verdade, a pretensão ao poder absoluto oculta o desejo de ocupar o lugar de Deus para dominar o mundo todo (notar os títulos que o rei dá a si mesmo). A pressa trai a ambição desmedida. O aparato militar mostra que o poder se impõe pela violência. Caricaturado como deus ambicioso e violento, o poderoso acaba produzindo projetos de escravidão e morte, exatamente o contrário do projeto do Deus vivo.
2,14-3,10
É difícil reconstituir com precisão o itinerário de Holofernes. Importante é notar a finalidade última da conquista: fazer que todos aceitem o poder de Nabucodonosor, como se fosse um deus. Como conseguir isso? A arma principal é semear a insegurança e o terror. Apavoradas, as pessoas entregam tudo o que possuem (bens) e tudo o que são (liberdade), para conservar a vida. Dessa forma, o poder absoluto se apresenta como senhor da vida e da morte: quem quiser sobreviver, tem que colocar-se a serviço dele.
4
1-15
Diante da imponência do opressor, os israelitas se preparam para resistir através de um movimento de reconversão ao Deus do êxodo, que ouve a súplica do seu povo. Betúlia é uma localidade desconhecida; talvez seja nome simbólico, que lembra Betel, isto é, "casa de Deus". Está em jogo a sirte do povo, que leva consigo o testemunho do Deus vivo.
5
1-21
Holofernes quer saber quem é esse povo que ousa resistir ao poder de Nabucodonosor. Aquior faz um relato de toda a história de Israel. Aquior faz um relato de toda a história de Israel, deixando claro que a força desse povop está na aliança com o seu Deus.E esse Deus só impõe uma condição: a prática da justiça. Se o povo é fiel, Deus fica do seu lado e lhe dá vitória em todas as lutas. Se é infiel, Deus o abandona, e ele se torna presa dos inimigos. O ponto nevrálgico, portanto, é saber se o povo está ou não praticando a justiça. 
5,22-6,21
Aquior, um estrangeiro, reconhece que a força do Deus de Israel se manifesta através da prática da justiça. A força dos ídolos entre os quais Nabucodonosor e todos os que se absolutizam, está na dominação, que se manifesta através da violência. Essas duas forças estão em contínua luta dentro da história, uma luta entre a vida e a morte.A arma do povo de Deus é a verdade, que se expressa na prática da justiça. A arma dos idólatras é a mentira, que se impõe pela força aparato militar). Quem vencerá?
7
1-32
A sugestão apresentada a Holofernes mostra a mais poderosa aema dos tiranos: a pressão. Física e psicologicamente pressionado, o povo tem a impressão de que lhe resta mais nenhuma escapatória. Desesperado e até pensado que se trata de castigo de Deus, o povo se dispõe a abrir mão da liberdade, para conservar a vida. Graças à pressão, os papéis muitas vezes chegam a se inverter: os opressores passam a ser vistos como libertadores, e os que resistem à pressão são em Ex 14,1-14; 16,1-35; 17,1-7.
8
1-36
Pressionadas pelo povo em desespero, as autoridades marcaram um prazo para Deus agir. Se ele não agir, elas entregarão o povo ao inimigo. Judite critica radicalmente essa atitude. Primeiro, porque não é o homem quem fixa prazos para Deus. Isso é tentar a Deus (cf, Dt 6,16; Ex 17,7). Em segundo lugar, entrega-se ao inimigo é um castigo, que só se justifica se o povo fosse culpado, o que não é o caso. Então, por que tais coisas estão acontecendo? Pelo seguinte: o povo está sendo posto à prova, para tornar-se consciente e para se pôr em ação, discernindo o que fazer na hora certa. Desse modo, o povo descobrirá que Deus age através da ação humana perspicaz, dando-lhe eficácia. 
9
1-14
Judite se prepara para agir, e sua oração mostra o ponto central de todo o livro: o confronto entre a força de Deus libertador e o poder dos opressores. De início (vv. 2-6) é relembrado o caso de Dina (cf. Gn 34), porque Judite arriscará a honra pessoal para libertar o seu povo. Sua oração mostra que o Deus de Israel é aquele que toma partido dos pobres e fracos, e assim manifesta a própria força, destruindo os poderosos. Estes disfarçam a própria fraqueza atrás de exércitos e armas, que usam para oprimir o povo. A oração de Judite é uma busca de discernimento: ela quer saber como deverá agir. Pede que Deus a torne extremamente sedutora, porque é com a arma da sedução que ela chegará à vitória. Em outras palavras, o povo fraco e pobre não enfrenta os poderosos com as mesmas armas. Precisa descobrir, através da astúcia, o ponto vulnerável dos opressores, para "feri-los mortalmente". É assim que o povo conseguirá desmontar todo o aparato inimigo e chegar à vitória.
Vendo a eficácia da luta dos fracos e pobres, todos poderão reconhecer que o Deus invencível está do lado deles, construindo uma história nova.
10
1-23
Judite se apresenta como traidora, pronta para revelar o ponto fraco do seu próprio povo. O texto salienta as armas dela: a beleza e a sedução. O cometário dos soldados assírios (vv. 18-19) deve ser entendido figuradamente; a beleza do povo de Deus exerce tal fascínio que é capaz de conquistar o mundo inteiro. Os poderosos percebem isso, e tentam de todas as maneiras exterminá-lo completamente. 
11,1-12,9
A astúcia de Judite mostra que o oprimido, para vencer, deve penetrar o espaço e os planos do opressor. Por outro lado, é preciso discernir para não se deixar corromper. O comportamento de Judite tem sempre duplo sentido: com as mesmas palavras, ela consegue andar no "fio da navalha", convencendo o opressor sem trair a si própria nem ao sei povo. O ponto alto desse duplo sentido está em 11,16: Holofernes pensa na vitória, mas Judite está de fato se referindo à derrota dele. 
12,10-13,10
O poder de Nabucodonosor é conquistado e preservado pelo aparato militar, chefiado por seu general Holofernes. Cortando a cabeça do general, Judite desmonta a sustentação do opressor. A oração de Judite mostra que não se trata de vingança pessoa ou busca de poder, mas de um ato de Deus para salvar e defender o seu povo.
13
11-20