domingo, 27 de maio de 2012

INTEGRAÇÃO SISTEMÁTICA DA VIDA

          O ser exterior é uma pequena projeção da grandeza do ser interior.


          Quando olhamos para os diversos recipientes, sempre é água com a mesma composição. A água pode se apresentar como chuva, fonte, rio, mar, nuvens, cisterna, torneira, gota, pingo, limpa ou suja. Assim também é a vida humana.
          Criado à imagem e semelhança de Deus, todo ser humano traz em si a mesma vida divina, ainda que sua manifestação varie conforme cada situação.
          Assim, a vida é uma só. Entender a manifestação da vida em cada ser e em nós é a arte e a beleza de perceber a força que habita dentro de cada pessoa.
          Cada pessoa, cada vida, acabam sendo manifestação e revelação de Deus.
          Assim como não vemos “a” vida, mas a sentimos e experimentamos em todo ser vivo, assim também não vemos Deus, mas sabemos que ela se manifesta em cada criatura, especialmente em cada pessoa humana, mesmo aquelas que não apreciamos muito. Mas reconhecer a vida de Deus em outro ser humano de que meus sentimentos podem não gostar seria um absurdo, por isso temos a tendência (e a tentação) de achar que Deus está sempre distante, lá longe de nós, nas alturas! Nunca vemos Deus, como também nunca vemos a vida, mas somente a manifestação da vida no corpo, nas emoções, nos comportamentos e gestos das pessoas. Isso quando nossos olhos estiverem fechados, ou nosso coração engessado por dores e sofrimentos emocionais.
          Jesus na sua simplicidade e sabedoria, revelava Deus nas coisas mais simples: nas crianças, nas flores, no mendigo, nas mulheres rejeitadas. Ele é o próprio Deus entre os homens! “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 12,45). Buscava integrar tudo o que não tinha vida na vida, buscava integrar na vida da sociedade, da cidade, da comunidade o que estava fora do sistema vida. Se uma parte do corpo estava doente, ele curava e o corpo voltava a manifestar a vida, pois, onde existe vida, ali existe Deus.
          Emocionalmente temos a tendência de rejeitar, de não aceitar partes de nós mesmos ou das pessoas ao nosso redor. Traria muita dor aceitar nossos medos, vergonhas e mentiras! Preferimos esconder, camuflar, colocar tudo no mais profundo do borrão de nossa alma. Ali tais situações ficam escondidas e ninguém as conhece, a não ser nós mesmos. É um truque do nosso inconsciente, para nos poupar do sofrimento! Mas tudo que é sufocado, escondido, abandonado gera mal-estar, mofo, doença e morte. Tudo o que é negado pode ser ausência de Deus. A proposta bíblica e profética é a integração: Acolher o que foi abandonado, integrar o que foi rejeitado, curar o que foi ferido, dar vida ao que foi morto.
          Este ainda é o maior desafio nas relações interpessoais. Anulamos e matamos a nós mesmos, nossos potenciais, nossa força interior, nossa fonte de vida, o tesouro de Deus que habita na nossa vida. Bem como negamos a beleza da vida que habita nas relações interpessoais. Preferimos anular, distanciar, rejeitar, para não mudar de mentalidade. É mais fácil negar, ser cego, rejeitar do que acolher, integrar, ver e viver. Parece que a morte tenta falar mais alta nas relações humanas.
          Integração sistêmica da vida é a grande capacidade de evoluir na nossa mentalidade intelectual; é a capacidade de transceder os limites e fronteiras mentais e começar a perceber e a integrar tudo o que gera morte, tudo o que gera conflito, tudo o que separa. É criar a capacidade de integrar, ampliar, crescer.
          O que seria do rio sem a fonte, o que seria do mar sem a chuva, o que seria dos pais sem os filhos, o que seria dos homens sem as mulheres, o que seria do futuro sem o passado? O que seria das pessoas sem a vida de Deus? Mas, como Deus é vida, e somos seres viventes, temos Deus e acolhemos Deus onde existe um ser vivente.