domingo, 25 de setembro de 2011

CELEBRAR A VIDA, VIVER A FÉ: O VERDADEIRO CULTO ESPIRITUAL

O que nos leva a participar da liturgia?

O que nos motiva para o encontro, para a celebração?

           Certamente, há muitas respostas para essas perguntas; cada um tem a sua motivação, de acordo com a sua história ou com a sua experiência pessoal com Jesus Cristo. Alguns celebram por obrigação, por medo ou por passarem uma dificuldade; outros por tradição outro porque são agradecidos pelos dons que receberam e outros ainda por amor ao Mistério celebrado e à comunidade que celebra. Não importa. Há, no entanto, algo que nos move, algo que talvez não percebamos, mas que está presente em todos e transcende as nossas motivações pessoais, levando-nos a celebrar: o amor pela vida.
           A liturgia é o lugar privilegiado da celebração da vida! Basta olharmos para os momentos mais marcantes de nossa vida para percebermos que neles nos encontramos na comunidade para celebrar:

*logo após o nascimento, nos reunimos para o batismo das crianças, como é o nosso costume;
*na doença, o sacramento da unção dos enfermos nos faz unir a nossa dor à dor de Cristo, pela salvação da humanidade.
*nós e nossos amigos nos encontramos no momento feliz em que se unem homem e mulher, numa só carne, no sacramento do matrimônio;
*reunimo-nos no momento do adeus aos nossos entes queridos, na celebração das exéquias;
*em todas as celebrações eucarísticas, nos reunimos para ouvir a Palavra de Deus e repartir o pão.

           Como nos ensina Santo Irineu, “a glória de Deus é o homem vivo”. Jesus nos disse que veio para nos trazer vida, e vida em abundância. É por isso que a encarnação, a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus são uma liturgia, um serviço à vida de todos nós. No entanto, será necessária verdadeira e sincera adesão a esse mistério, para que nossa celebração seja realmente uma celebração da vida: é indispensável fé, a fé daquele que tem um encontro pessoal com Jesus Cristo; a fé que é um dom que depende da graça, da ajuda do Espírito Santo; a fé que não se dá, a fé que não se ensina. A fé que nos leva a celebrar a vida requer adesão da vontade ao projeto de Deus, que compreendemos pela inteligência, com base na experiência que fazemos de encontro com Jesus Cristo.
           Mas não basta apenas conhecermos o Mistério, aderirmos a ele e celebrarmos nossa vida com Deus. A Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo – é quem nos convida para celebrar e continua atuando em nós e por meio de nós. A nossa celebração deve continuar mesmo depois que se encerram os ritos de nossa liturgia. Para que não apenas vivamos, mas Cristo viva em nós, precisamos ter a consciência do compromisso que a liturgia exige, compromisso com o outro, com o próximo com o irmão na nossa comunidade ou distante dela.
           O papa Bento XVI nos ensina, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis (O Sacramento da Caridade), que a missão primeira e fundamental que deriva dos santos mistérios celebrados é dar testemunho com a nossa vida. Nós vamos nos tornar testemunhas quando, por meio das nossas ações, palavras e atitudes, Jesus aparecer. É o mistério vivido: nos um unimos para celebrar a vida, que vai transbordar em nós e nos remeter para uma ação concreta de valorização e promoção da vida. Nosso testemunho, nossa missão, nossa ação concreta consistem em levar a pessoa de Cristo a todos, pois não podemos tê-lo só para nós. Com Cristo deveremos lutar para restabelecer a dignidade da pessoa, para transformar as estruturas injustas de nossa sociedade. É por meio da realização concreta dessa missão que a eucaristia, de toda liturgia, se torna na vida o que significa na celebração.
          “O pedido que repetimos em cada missa: ‘o pão nosso de cada dia nos daí hoje’ obriga-nos a fazer tudo o que for possível (...) para que cesse ou pelo menos diminua, no mundo, o escândalo da fome e da subnutrição que padecem muitos milhões de pessoas (...)”
(Sacramentum Caritatis, 91).
           A liturgia nos ensina e os sacramentos nos fortalecem para que façamos a diferença em meio a um mundo de incertezas, de constantes mudanças, de individualismo, subjetivismo e exaltação de valores contrários ao evangelho. Ao celebrar o que vivemos e viver o que celebramos, nossas comunidades vão se sentir animadas pelo Espírito Santo transformadas por ele, e cada pessoa se sentirá apta a fazer de sua vida verdadeiro culto espiritual.

Revista ECOANDO, Formação Interativa com Catequistas.