sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O CATEQUISTA CONVIVE COM O CATEQUISANDO

O CATEQUISTA CONVIVE COM O CATEQUISANDO

Pe. Vanildo de Paiva

1 – Para aquecer o coração e a reflexão
§  Cadeiras em círculo. Ambiente acolhedor. No centro, um pano colorido, imagem do Menino Jesus. Fotos dos catequisandos e de encontros de catequese. Vela. Flores. Bíblia.
§  Refrão orante: “Onde reina o amor, fraterno amor, onde reina o amor, Deus aí está!”
§  Texto bíblico: Fl 2,4-11.
§  Silêncio. Meditação. Partilha: que sentido tem o mistério da encarnação de Jesus para a missão do(a) catequista? O que dizer “convivência” na catequese?
§  Abraço da paz
2 – Para aprofundamento do tema

A comunhão divina e o mistério da comunhão eclesial

“Sair de si mesmo para unir-se aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da emanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos” (A Alegria do Evangelho – AE, n. 88). Com estas palavras bonitas e tão sérias, nosso querido papa Francisco exorta os cristãos a reagir às ondas do individualismo e isolamento muito próprias dos tempos atuais. Repropondo o “ideal cristão”, o papa nos lembra que nossa fé” convidará sempre a superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual” (AE, n. 88).
De fato, vivemos em uma sociedade que tem no egocentrismo e na defesa do particular suas grandes linhas ideológicas. Vão se tornando cada vez mais raros os gestos de solidariedade e comprometimento com o processo de construção da felicidade alheia. “Se eu estou bem, o resto não é problema meu” é, infelizmente, o que se ouve e se observa nas posturas  de muita gente, também em nossas comunidades eclesiais. Retomar os evangelhos nos recolocará diante das grandes utopias cristãs do amor (cf. Lc 10,30-37), da partilha (cf. Jo 6,1-15), da saída de si para servir o outro (cf. Jo 13, 1-17), como tão bem viveu e ensinou Jesus.
O mistério da comunhão dos cristãos encontra na Trindade santa sua origem é inspiração. A divina comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo – mesma e única divindade e amor – fundamenta as relações entre os cristãos, de tal modo que somos continuamente incitados à experiência da convivência fraterna e amorosa, pois é na prática do amor que seremos conhecidos como discípulos de Jesus “Eu dou a você um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13, 34-35).
De modo muito especial, a convivência divina coma humanidade, na pessoa de Jesus de Nazaré, torna-se modelo de dinâmica do cristão, convidado a adentrar a vida do seu semelhante para melhor compreendê-lo e ajudá-lo. É a Gaudim ET Spes, documento do Concílio Vaticano II, que nos fala da importância da convivência de Jesus com nossa realidade histórica: “Porque, pela sua encarnação, ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto o pecado” (n. 22).

A convivência da(o) catequista com seus catequisandos

Conviver com seus catequisandos é um grande desafio para os catequistas, que quase sempre estão acostumados com a correria do dia a dia, com grupos grandes, ou moram distantes de seus catequisandos. Tudo isso sem falar de uma mentalidade “magisterial” presente ao imaginário de muitos catequistas, os quais, considerando-se professores de seus catequisandos, permanecem a distância deles e contentam-se em dar “aula” de catequese!
Conviver exige conversão à comunidade e ao outro, bem como renovação do método, do jeito de fazer catequese. Converter-se à comunidade quer dizer compreendê-la como espaço e caminho especial de experiência  de deus no convívio com os irmãos. É na partilha e nas experiências de vida fraterna que a fé vai se fortificando e a vida cristã se concretiza. Conviver significa, então, conhecer a fundo a vida de cada catequizando, suas dificuldades e desafios, os valores e necessidades de cada um deles. Só assim será possível lançar as sementes da mesma e única Palavra em um terreno já conhecido e trabalhado. Significa exercer a solidariedade, aprofundar a empatia, colocar-se no lugar do outro para que a catequese consiga a tão necessária interação entre a mensagem apresentada e a vida dos catequisandos. No dizer do papa Francisco, “o evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiante permanecendo lado a lado” (AE, n. 88).
Converte-se a um modelo renovado quer dizer relativizar o livro e a postura de “professor” para colocar-se no lugar de irmão(ã) maior e mais experiente dos catequizandos, companheira(o) de caminhada, tendo na realidade deles o ponto de partida e de chegada do processo catequético. Conviver desafia a gastar tempo para deixar que o outro seja, não impor nada – nem mesmo doutrinas da Bíblia ou do magistério -, mas ir no ritmo do grupo e de cada pessoa. Para isso, a convivência exige do catequista ir lá onde o catequizando está, conhecer sua família, seu estilo de vida, o modo como enfrenta seu cotidiano, a maneira peculiar pela qual lida com os problemas e com os sonhos diante de sua realidade.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OBEDIÊNCIA: ALEGRIA DE ESCOLHER O NOSSO “MAIS”

Giovanni Marques Santos

Para rezar juntos

1) Preparem um ambiente acolhedor, com almofadas ou cadeiras em círculo ao redor de uma vela acesa, uma Bíblia aberta, uma estampa bonita com o rosto de Jesus e algumas imagens retratando nossa realidade.
2) Após desejar boas-vindas aos participantes, o dirigente convida a ouvir e a meditar a letra da canção “Vocação”, do padre Zezinho.
3) Em seguida, alguém proclama o texto do encontro de Jesus com o jovem rico: Mt 19, 16-22.
4) O dirigente motiva os participantes a conversar sobre estas e outras questões:
·        O que é a “voz do vento” de que o Pe. Zezinho fala na canção? Alguém do grupo já experimentou? Como ela se manifesta na nossa vida? É algo de bom se sentir?
·        O que essa “voz do vento” tem a ver com a proposta que Jesus fez ao jovem rico do evangelho? Se o encontro com Jesus e o chamado que ele faz são algo bom, por que o jovem rico voltou para casa triste?
·        É fácil tomar decisão de que falam a canção e o texto bíblico? Por que?

5) Para prosseguir a reflexão, pode ser lido o texto que segue.
6) Em respostas aos apelos da palavra de Deus, o grupo realiza preces espontâneas pela Igreja, por seus pastores e ministros leigos, pelas necessidades do mundo e da comunidade.
7) Conclui-se com um Pai-nosso, uma Ave-Maria e um abraço de paz.

“Se ouvires a voz do vento...”: o convite do Espírito
A espiritualidade cristã consiste em nos deixarmos mover pelo Espírito Santo to o tempo, para que possamos prosseguir a missão de Jesus no mundo, que é conduzir a todos para o retorno aos braços do Pai misericordioso. Não se trata de algo romântico, de uma idéia bonita apenas: trata-se de efetiva transformação que o Espírito de Deus vai realizando em nosso comportamento, em nosso modo de ver, sentir, pensar e agir sobre a realidade que nos circunda. O progresso espiritual é feito de pequenas conversões no dia a dia, que são frutos de pequenas escolhas corajosas que vão aproximando o nosso modo de sentir do coração de Cristo, como diz o apóstolo Paulo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).
A autêntica espiritualidade cristã, portanto, vai provocando em nós uma cristificação: vamos escolhendo ficar parecidos com Jesus, movidos pela sabedoria e pela fortaleza que nós dá o Espírito de Deus. O Espírito Santos é Deus em nós: é convite suave e insistente para que sejamos o melhor que podemos ser – o nosso magis (mais), como dizia santo Inácio de Loyola. Esta é a pergunta que o Espírito Santo nos leva a fazer a todo o tempo: qual é o meu mais? A partir dos dons e talentos que recebi, o que de melhor posso fazer por Jesus, pelo meu irmão, por minha comunidade?
O nome da resposta que damos a essa pergunta chama-se obediência. Em sentido espiritual, obedecer não significa ser uma “vaquinha de presépio” sem reflexão, mas ousar perguntar-se pelo melhor modo de se por a serviço de Deus e do próximo, de acordo com as necessidades da comunidade. Dom Luciano Mendes de Almeida, de saudosa memória, sempre que participava de algum encontro pastoral, dirigia-se aos organizadores, ao pessoal da cozinha e da limpeza, dizendo: “Em que posso ser útil? É um modo simples e concreto de ilustrar em que consiste a obediência  evangélica: ousar oferecer o melhor de nós para realizar a vontade de Deus e o bem do próximo.

“Se ouvires a voz do tempo...”: os apelos do conforto
Sabemos, entretanto, que não é tão fácil dizer sempre “sim” às inspirações do Espírito Santo em nossa vida. O apego a nosso conforto exerce sobre nós u,a força muito grande. A voz  do Espírito em nós nos seduz e nos toca do modo mais profundo possível, porém há muitas outras vozes também sedutoras – apesar de superficiais, epidérmicas – que nos fazem ceder aos apelos da civilização do conforto.
Para o mundo de hoje, vive bem quem leva uma vida prazerosa aqui e agora. Aos poucos vamos nos cercar de tanto conforto, que vamos nos tornando totalmente anestesiado em relação ao sofrimento do outro. Aos olhos do mundo, a proposta do evangelho vai se tornando conversa de gente doida, alienada, irracional.

“A decisão é tua...”
O que fazer? Eis a questão, e trata-se de uma resposta que ninguém pode dar em nosso lugar. Esta é a escolha fundamental da vida: optar por seguir Jesus no melhor serviço que posso prestar ao próximo ou centrar minha vida na conquista  e garantia de meu próprio conforto. A última escolha pode nos trazer uma porção de felicidades, nunca satisfeitas, sempre provisórias; a primeira escolha nos trará a felicidade, quem ninguém tirará de nós.
Nem todos tem coragem suficiente para dar esse passo na vida. No texto do evangelho, o jovem rico não a teve e, embora fosse dono de muitos bens, voltou para casa “cheio de tristeza” (Mt 19,22). Os santos todos que conhecemos, canonizados ou não, vivos ou defuntos, são pessoas que ousaram ouvir a “voz do vento” e encontraram o melhor de si mesmas em Deus.
Obediência a Deus significa reflexão, discernimento, escolha alegre da nossa ”melhor parte” e desobediência a tudo o que contraria a vontade divina, por mais bonito e até religioso que inicialmente possa parecer. Quando transformo meu serviço eclesial em instrumento de vaidade, comodismo e exploração do outro, torno-me o que há de mais odioso: o lobo na pele do cordeiro, o mercenário que não é pastor, o demônio travestido em anjo de luz.

E tu, meu irmão e minha irmã? Qual a tua escolha? A decisão é tua...

sábado, 10 de janeiro de 2015

Batismo do Senhor

Programa Ecoando
Dia 11: Batismo do Senhor (Cor Branca)

 1ª Leitura: (Is 42,1-4.6-7)

É o primeiro “cântico do Servo de Javé”. Quem é esse Servo? De início, provavelmente, uma pessoa, depois essa pessoa foi tomada como figuram coletiva, sendo aplicada a todo o povo pobre e fiel. O Servo é a grande novidade que Javé prepara: o missionário escolhido que, graças ao Espírito de Javé, recebe a missão de fazer que surja uma sociedade conforme a justiça e o direito. Ele não submeterá os fracos ao seu domínio, mas o seu agir acabará produzindo uma transformação radical: os cegos enxergarão e os presos serão libertos. Os evangelhos aplicam a Jesus a figura do Servo (cf. Mt 3,17 e paralelos; 12,17-21; 17,5).


Salmo- 28


Hino de louvor, cantado a glória e o poder do Criador, que se expressam na tempestade.
Convite para a comunidade reunida louvar a glória e o poder de Deus.
A impressão da tempestade produz uma experiência do mistério. Descreve-se uma chuva torrencial, que começa no norte da Palestina e vai até o deserto de Cades, no sul. As sete repetições de “voz” servem para imitar o estrondo do trovão, que simboliza a voz de Javé. A essa voz de Deus na natureza corresponde a voz do povo no Templo, aclamando a glória de Deus.
A tempestade ou dilúvio é também símbolo da história turbulenta e conflitiva das nações que não conhecem a Javé. O povo de Deus tem plena confiança, pois sabe que o Senhor da natureza e da história é seu aliado, que lhe dá força e paz.

 2ª Leitura: (At 10,34-38)

O texto reflete a essência da catequese primitiva. Na estrutura dessa catequese podemos ver a estrutura dos atuais evangelhos escritos; estes não são mais do que cristalização da catequese realizada em comunidades particulares.
O ponto de partida da evangelização de da catequese é o reconhecimento de que o povo de Deus é formado por todos aqueles que o respeitam e praticam sua vontade, ainda que de forma inconsciente e anônima. É essa prática da justiça que a evangelização visa descobrir, fazer crescer e educar, mostrando tudo o que Deus realizou em favor dos homens através de Jesus Cristo. Note-se que toda a atividade de Jesus está resumida numa frase que define o programa da ação cristã: fazer o bem e curar todos aqueles que estão dominados pelo diabo. Em outras palavras, trata-se de despertar relações justas entre os homens, a fim de que eles vençam a alienação e construam uma sociedade voltada para a vida que Deus quer.

 Evangelho  ( Mc 1,7-11)
A pregação de João Batista é grande advertência. Ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. É preciso está preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la.
O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como servo de Javé (Is 42,1-2).